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terça-feira, 12 de maio de 2015

A CASA XII



A Casa XII - Relacionada com Neptuno e Peixes

É um setor que é associado com influências negativas, em parte é certo, mas possui uma explicação e também, por vezes, um significado muito mais positivo e profundo.
A Casa XII é o final de um ciclo, todo o planeta posicionado nela se vê obrigado a procurar mais além, é como se depois de uma longa aprendizagem se encontrará a essência final do Arquétipo representado por o/s planeta/s e Signo localizados nesta Casa. Um planeta posicionado nesta Casa está no final dum ciclo, no qual deve chegar a transcender o superficial.
Isto leva a que a pessoa não se conforme com meias tintas nessa área, isso já não é válido, há que procurar mais fundo o significado. As consequências são que se desprezam muitas oportunidades médias procurando esse último sentido e por isso o risco de não conseguir nada é muito maior.
Quando algum planeta difícil se encontra nela (e se está com mau aspeto ou mal  relacionado com os outros, mais ainda) pode ter-se tendência a experimentar o negativo do seu significado até às últimas consequências, pode haver uma atração fortíssima para chegar a conhecer a sua essência, e o avassalador da dita tendência e do conhecimento  que leva implícito, pode conduzir a uma fuga, seja mediante drogas ou outro tipo de escapismo, ou também se poderá interpretar como mais que uma fuga, um sentimento de reconciliação com o todo através do efeito ( na imensa maioria das vezes pernicioso) de diversas drogas, pois o normal não alimenta e satisfaz as suas necessidades de profundidade.
Devido a este conhecimento profundo a pessoa torna-se mais compreensiva nesta área, por isso esta Casa também é a da compaixão, ao conhecer mais a fundo algo, nos damos conta do complicado e dos muitos fatores que há que ter em conta para poder julgar, e a pessoa é muito mais compreensiva do significado por esse planeta/arquétipo e, por conseguinte, do restante  relacionado com essa área.
Vou dar um exemplo que em termos gerais considero válido, do efeito de um planeta/s nesta Casa:
Vénus está exaltado _bem posicionado_ nesta Casa, a sua natureza aqui pode ser interpretada desta forma:  ao procurar a essência da emotividade, Vénus não se conforma com um amor egoísta, restringido a um círculo, procura e interpreta que o verdadeiro afeto deve ser mais amplo, toma consciência do sofrimento de muitos seres e não pode fechar os olhos a essa última essência que será a compreensão e, através dela, o afeto a tudo e a todos, pois quando aprofundamos damo-nos conta de que não é fácil julgar.
Outro exemplo seria o Sol na 12. Os textos clássicos atribuem-lhe falta de êxito na vida, a pessoa não se destaca, mas é que o Sol na 12 dá-se conta do efémero do ego e do seu êxito, e também do injusto disso, pois tem em conta os outros, e simplesmente não o procura (o êxito) não tem significado real para ele, o seu interesse é chegar a fundir a sua individualidade (o Sol) com algo mais amplo.
Em termos gerais, as perdas significativas por esta Casa, poder-se-á dizer que são devidas a um excesso de ambição, no bom sentido da palavra, é como um jogador que aposta forte porque só quer o máximo, não se conforma em ganhar um pouco, quer tudo, e, claro está, as possibilidades de perder e acabar em bancarrota aumentam consideravelmente. Por outro lado, também é possível que não se atreva a apostar para não perder o que tem, e essa situação, geralmente na Casa XII, muitas vezes leva a problemas a nível psicológico.
Porém, a aprendizagem, o gosto pela verdade, se se sabe, ou se pode aproveitar, que implica esta Casa, dá grandes satisfações aos que sofrem, ou, no meu humilde entender, desfrutam dos efeitos de algum planeta nela, embora implique muitas frustrações pois perdem-se grandes oportunidades em prol dessa busca, e no final podem sentir que lhes faltou alguma experiência que outros desfrutaram, embora, no fundo, eles não a tenham desfrutado por estar olhando mais além e não dar importância ao que tinham à mão, e que outros captaram. Mas, esse é o destino desta Casa (do Signo e o Planeta/s localizados nela), procurar mais além do normal, pois é o final de um ciclo.
De todas as maneiras, há muitos casos em que, como comentei antes, a pessoa não se atreve a enfrentar o desafio dalgum planeta nesta Casa e pode cair no escapismo que a pode levar a fortes problemas psicológicos e de saúde.
Em particular, conheço muitos casos com a Conjunção Úrano-Plutão em Virgem e na Casa XII, ou seja pessoas nascidas entre 1962/69 com Ascendente em Virgem ou princípios de Libra - com fortes problemas psicológicos -, sobretudo em 1965 que, aumentando a pressão, estava Saturno em Oposição a esta Conjunção - e de drogas -,  considero que a geração da Heroína desaparece em 69, a partir daí os casos vão diminuindo de forma bastante radical, também porque Neptuno sai de Escorpião que agravava a situação. Muitos deles são amantes da Natureza como poder de cura, podem ter tendência a tentar a medicina natural como regeneração, em parte, também por ter a maioria destes casos Ascendente Virgem.
Um planeta nesta Casa exige muito à pessoa, o livre arbítrio neste caso, à parte da facilidade ou dificuldade devida ao estado harmónico ou  desarmónico do dito planeta por signo e aspetos, está sujeito à sua liberdade para aceitar o desafio e cumprir o seu destino, ou ficar na estação sabendo que devia apanhar o comboio, mas partiu, e a estação já não serve, pois sabe, ou melhor, intui, a intuição é forte nesta Casa, que há algo mais para lá da estação e já não poderá alcançar para ver.
A esta Casa também se aplica muito o  conceito de isolamento, e é lógico, há uma tendência inata a retirar-se da vida considerada "normal", não nos enche, não nos serve, parece-nos superficial, há que encontrar respostas que transcendam essa realidade. Além disso, pode sentir-se necessidade de muita solidão para libertar a psique, para limpá-la, de tudo o que percebe o seu radar psíquico, há uma grande necessidade de processar na solidão todo esse depósito de perceções que o radar psíquico de uma pessoa com forte influência na Casa XII pode chegar a ter, sobretudo se Saturno, Úrano, Neptuno e ou Plutão estão situados nela, pois neste caso as perceções podem ser muito negativas, não positivas, otimistas, benéficas e alegres.
Outra faceta é a dos inimigos secretos, sempre se associou esta Casa a ter fortes inimigos não declarados. É um ponto que vejo muito claro, em minha opinião, o porquê: as pessoas com forte influencia na Casa XII são muitas vezes uma espécie de radares psíquicos, como lhes interessa muito o oculto e o psicológico frequentemente caminham pela vida com uma sensibilidade especial para o que está acontecendo no ambiente psíquico, por trás do aparente. Isto pode resultar muito irritante para as pessoas que andam com más intenções pois rapidamente percebem que estão sendo descobertas em parte.
Outra faceta dos inimigos secretos está associada às pessoas com forte influência de Casas muito ativas -por exemplo a casa I e a Casa X-  e pouco das Casa de Água  -IV , VIII e XII-, estas pessoas podem considerar muitas vezes as pessoas que têm forte influência na Casa XII como pessoas com muita lassidão e preguiça, ou seja, podem chegar a ser consideradas como parasitas e atuar contra elas, a maioria das vezes de forma encoberta, pois não têm demasiada razão para fazê-lo. Para essas pessoas a vida é ação, luta e conseguir objetivos. Para as da Casa 12 a vida é NÃO FAZER NADA, tentar compreender e fundir-se ou chegar a conhecer algo mais transcendente do que a realização social, é também, em muitos casos querer tentar erradicar tanto sofrimento que percebem.
Como comenta Howard Sasportas, também há um velho relato que nos mostra o lado positivo da Casa XII.
"Autorizaram un homem a  visitar o Céu e o Inferno. No Inferno vê uma grande reunião de pessoas sentadas à volta de uma  grande mesa posta com toda a variedade de manjares deliciosos. No entanto, todos aqueles miseráveis morriam de fome. O visitante não tarda em descobrir que a razão de tão lamentável estado é que lhes puseram colheres e garfos que eram mais longos que os seus braços e, como resultado, não podiam levar a comida à boca. Depois o homem é admitido para ir ao Céu. Encontra-se com a mesma mesa posta, com os mesmos talheres excessivamente longos. Mas no Céu, em vez de cada um tentar alimentar-se a si próprio, cada pessoa usa a sua colher ou o seu garfo para dar de comer a outra, de maneira que estão todos alimentados e felizes."
Que há de épocas anteriores à vida intrauterina? Muitos astrólogos consideram que a Doze é a "Casa do Karma". Os reencarnacionistas creem que a alma imortal do Homem está numa viagem de aperfeiçoamento e retorno às suas fontes que não se pode cumprir no curto prazo de uma vida. Mais que o azar, existem leis definidas cuja operação determina as circunstâncias de cada lapso vital ou de cada etapa da viagem. A cada nova encarnação trazemos connosco a colheita da experiência proveniente de vidas anteriores e também capacidades latentes em espera para ser cultivadas. Causas que se puseram em movimento em existências prévias influem sobre o que encontramos na atual. A alma escolhe o determinado momento para nascer porque o desenho astrológico se adequa às experiências que necessita ter no seu estádio atual de crescimento. Neste sentido, toda a carta é uma imagem do nosso Karma, tanto daquilo que acumulámos como resultado de ações passadas como do que necessitamos despertar para seguir avançando. Mais especificamente a 12ª Casa mostra-nos "o que trazemos" do passado, e que atuará nesta vida, quer na coluna do débito ou na coluna do crédito da nossa conta.
Quer nos refiramos ao "efeito umbilical", ou à teoria do Karma e da reencarnação, os posicionamentos da Casa XII descrevem influências que descenderam até nós por obra de causas e fontes que evidentemente não podemos recordar nem ver. Através da Casa IV, de água, herdamos ou conservamos vestígios do nosso passado ancestral. Na XII, é possível que estejamos recetivos à influência de uma reserva de memória ainda mais vasta, que Jung chamava inconsciente coletivo: a memória inteira da raça humana na sua totalidade. Jung definiu o inconsciente coletivo como "a condição prévia de cada psique individual, assim como o mar é o portador de cada onda". De certo modo, tal como demonstra a Casa XII, cada um de nós está ligado ao passado e é portador da memória de experiências que vão muito mais além do que pessoalmente conhecemos.
Agora vou definir o normalmente aceite em astrologia desta Casa XII. São palavras-chave que ajudarão na compreensão de todo o texto:
O desejo de regressar ao estado de unidade original. O sacrifício do sentimento de ser separado para se fundir com algo mais vasto, apesar do temor à dissolução dos limites. Nebulosidade, confusão empatia e compaixão. Tendências escapistas. A meditação e a oração. A imersão no álcool, nas drogas e outros prazeres substitutos da "totalidade". O serviço aos outros, a causas e crenças ou a Deus. Atividade entre bastidores, padrões e complexos inconscientes. O ver-se arrastado por compulsões inconscientes. Os inimigos ocultos, os sabotadores internos ou externos. Influências provenientes de causas ou fontes que nem sempre recordamos. O efeito umbilical e a vida intrauterina. O Karma, o que trazemos de vidas anteriores. As energias que nos sustentam ou nos aniquilam. O acesso ao inconsciente coletivo, as imagens míticas e o âmbito imaginário. O inconsciente como armazém do passado, mas também como possibilidades futuras. Como vamos ou estamos em hospitais, prisões, museus, bibliotecas ou outras instituições. Alguma indicação da carreira. O que sentimos que temos de redimir; aquilo do qual esperamos a imortalidade.
Algumas pessoas com posicionamentos na Casa XII servem como mediadores e transmissores de imagens universais, míticas e arquetípicas que pertencem ao nível do inconsciente coletivo. Em diversos graus, certos artistas, escritores, compositores, atores, líderes religiosos, terapeutas, místicos e profetas atuais conectam com este âmbito e convertem-se em veículos que transmitem a outros a inspiração do que eles "sintonizaram". O compositor Claude Debussy, que tinha nesta Casa a sensualidade de Vénus. William Blake, com a imaginativa e sensível Lua em Câncer; o poeta Byron, que com o seu manejo lúdico e expansivo da palavra, em forma de rima,  fortaleceu todo o movimento romântico, tinha Júpiter em Gémeos na Casa XII. Também o visionário Pierre Teilhard de Chardin, com o Sol, Neptuno, Vénus, Plutão e a Lua reunidos na mesma Casa XII, são outros tantos casos que o demonstram.
É como se as energias da Casa XII não estivessem destinadas a ser usadas com fins exclusivamente pessoais. Talvez o que se nos pede seja que expressemos esse princípio no interesse de outros e não somente no nosso. Por exemplo, é provável que quem tenha Marte nesta Casa assuma o papel de ser quem trava uma batalha ou defenda uma causa em nome de outras pessoas. Desta forma, é como cedêssemos o nosso Marte ou o "oferecêssemos", a outros. Nesta mesma Casa, é possível que Mercúrio anuncie o que outras pessoas pensam ou se converta em porta-voz das suas ideias.
Há pessoas que, por causa da localização dos posicionamentos na Casa XII, levam o que poderíamos chamar uma "vida simbólica", querendo isto dizer, que os problemas da sua vida individual refletem as tendências ou os dilemas existentes na atmosfera coletiva. Por exemplo, Mahatma Gandhi com o Sol em Libra na Doze, converteu-se para milhões de pessoas, na encarnação vivente do princípio libriano da coexistência pacífica. Hitler, tinha nesta Casa XII Úrano, que o condicionou especialmente para se abrir a ideologias que naquele momento podem ter estado no ar. Bob Dylan tem Sagitário na cúspide da Casa XII, e Júpiter seu regente na Casa V, que é o setor da carta que se relaciona com a expansão criativa. Graças à sua música, Dylan foi por sua vez o porta-voz e o inspirador de muitas das tendências contra culturais da década dos anos sessenta. Numa região de Inglaterra, onde não há quase ninguém de cor, nasceu e criou-se uma mulher negra com Úrano em Câncer na Casa XII. Ao ter de integrar-se na vida da cidade estava não só resolvendo o seu próprio dilema, mas também lutando pela causa de muitos outros negros.
A Casa XII chama-se a casa dos "inimigos secretos" e de "atividades entre bastidores". Isto poder-se-á tomar literalmente no sentido de pessoas que conspiram ou tramam algo contra nós. No entanto, é mais provável que tenha que ver com as debilidades ou forças que se ocultam em nós mesmos e que sabotam a realização das nossas metas e objetivos conscientes. Em poucas palavras, que os impulsos e compulsões inconscientes que aparecem nos posicionamentos da Casa XII podem desviar-nos da realização dos nossos objetivos conscientes. Por exemplo, se um homem tem a Lua e Vénus na Casa VII, isso cria uma forte urgência de relação íntima com outra pessoa. Mas, se o mesmo indivíduo tem também Úrano na Casa XII, o fato leva-nos a pensar que, inconscientemente, pode haver um desejo tão intenso de liberdade e independência que o leva a sabotar, sem se dar conta, qualquer tentativa de estabelecer vínculos que o limitem. Geralmente, quando se produz algum conflito entre objetivos conscientes e inconscientes, o que ganha é o inconsciente. Neste caso, é provável que o sujeito só se sinta atraído habitualmente por mulheres que, por não serem livres, não podem casar-se, ou por alguma razão não estão dispostas a responder favoravelmente às suas propostas.
É possível que aqueles que tenham posicionamentos difíceis nesta casa se "desmoronem" sob a pressão da vida, ou que caiam presos do poder de complexos inconscientes que, ao emergir à superfície, os ponha perante a necessidade de ser cuidados e controlados. A outros restringe-os, limita-os ou encerra-os porque eles são considerados perigosos para o bem-estar da sociedade. Em qualquer destes casos, a estas pessoas é-lhes imposta a vontade de uma autoridade superior, compatível com o princípio da Casa XII que o indivíduo se submete a algo maior que ele mesmo. Não é excecional encontrar pessoas que têm posicionamentos nesta casa, trabalhando neste tipo de instituições. Os reencarnacionistas creem que mediante a boa vontade e este tipo de serviço é possível apagar o "mau karma" do passado.
Seria impróprio que me referisse a esta casa sem  mencionar as investigações realizadas por Gualquilin, que ao analisar as carreiras de desportistas de êxito, encontrou uma correlação com Marte no setor da Casa XII da carta natal. de modo similar, os médicos e os cientistas, tendem a ter nela Saturno, os escritores a Lua e os atores Júpiter. De acordo com estes estudos,  parece que os planetas que se encontram na Casa XII (e em certa medida na Casa IX, na IV e na III) determinam significativamente o carácter e a profissão do indivíduo. Isto surpreendeu muitos astrólogos, que supunham que os posicionamentos na Casa I ou na Casa X deviam ser mais fortes neste aspeto.
No entanto, cabe perguntar se estas descobertas são a tal ponto surpreendentes à luz do que sabemos da Casa XII. Os desportistas captam a necessidade coletiva de competir e de ser os primeiros (Marte); os escritores sintonizam com a imaginação coletiva (Lua) e os cientistas servem a necessidade coletiva de classificar e estruturar (Saturno).
Nalguns casos, a acentuação da Casa XII contribui para a falta de uma identidade clara e condiciona uma vivência de nebulosidade, uma vida de desorientação em que a pessoa se sente um vítima aprisionada pelas tendências e os movimentos inconscientes que há na atmosfera, e por um sentimento distorcido do valor do sofrimento e do sacrifício de si mesmo. Por outro lado, o conceito característico desta Casa de renunciar ao sentimento de ser uma entidade separada, dá origem a uma empatia e uma compaixão autênticas, a um espírito de serviço abnegado, â inspiração artística e, em última instância, a capacidade de fusão com o GRANDE TODO.  




terça-feira, 11 de novembro de 2014

A CASA 11



A Casa 11 - Relacionada com Saturno, Úrano e Aquário

Da total inconsciência de ser alguém à realização do reconhecimento de sê-lo efetivamente: esse tem sido o caminho desde a casa 1 à Casa 10. Perguntemo-nos agora o que sucede quando o ego já se encontra firmemente estabelecido e recebeu o devido reconhecimento.
No seu nível mais profundo, a Casa 11 (que associada com o signo de Aquário, tem como corregente Saturno e regente Úrano) representa a tentativa de transcender a nossa identidade enquanto ego, para chegar a ser algo maior do que somos. A principal maneira de realizá-lo é identificando-nos com algo mais vasto do que ele mesmo, quer seja com um círculo de amigos, com um grupo, um sistema ou uma ideologia.
De acordo com a teoria geral dos sistemas, não há nada que se possa compreender isoladamente, mas apenas como parte de um sistema. Os componentes do sistema e os seus atributos são considerados como funções da totalidade do sistema. O comportamento e a expressão de cada variável influi sobre cada uma das outras e estão influenciados por elas. No que é conhecido como uma sociedade de "alta sinergia", os objetivos dos indivíduos harmonizam com as necessidades do sistema como tal. Num sistema de "baixa sinergia", ao satisfazer as suas próprias necessidades os indivíduos não atuam necessariamente para o bem da totalidade. Na Casa 11 vê-se como funcionamos enquanto partes de um sistema.
Condizente com a sua dupla regência, o conceito de consciência de grupo que tem implícito a Casa 11 pode entender-se de duas maneiras distintas. Saturno procura maior segurança e um sentimento de identidade mais sólido por meio da associação a um grupo (o que os psicólogos denominam "identificação por pertença"). Ser membro de um determinado grupo, quer seja nacional, político ou religioso, realiza o sentimento de quem somos e o número dá-nos uma sensação de segurança. Em certa medida é uma atitude de exploração, uma vez que se coloca o resto do mundo ao serviço do reforço ou da intensificação da identidade. A prova disso vê-se com toda a clareza nas pessoas que se preocupam notoriamente por ter os amigos "que há que ter", fazer-se ver nos lugares "onde há que estar" e não crer outra coisa que "o que há que crer". O rosto mais negativo desta influência oculta de Saturno na Casa 11 manifesta-se quando um grupo é ameaçado por outro, como quando os ciganos se mudam para um bairro onde os rejeitam.
O lado Uraniano da Casa 11 representa aquele tipo de consciência grupal que em repetidas ocasiões apoiaram os mestres Espirituais, místicos e visionários das mais diversas épocas e culturas. Em vez de insistir no típico paradigma (o modelo de si mesmo) do "eu aqui dentro", frente ao "tu lá fora", esses homens falam da unidade do indivíduo com a totalidade da vida, afirmam que formamos parte dum todo mais vasto, que nos encontramos interconectados com o resto da criação. E, como um espelho da perceção mística da unidade de toda a vida, os avanços científicos mais recentes demostram-nos a existência dessa rede de relações subjacente na totalidade do Universo. Por exemplo, o físico britânico David Bohmapropone - a teoria de que o Universo deve ser entendido como "um todo único e indivisível, em que as partes separadas e independentes não têm nenhum status fundamental". Na obra El Tao da Física, do eminente investigador da física de alta energia Fritjof Capra encontra-se uma minuciosa análise dos paralelos entre a física moderna e o misticismo oriental. Alguns dos paralelos que enumera o autor são tão impressionantes que é quase impossível determinar se certos enunciados referentes à natureza da vida foram formulados por cientistas modernos ou por místicos orientais.
Uma teoria recente, proposta por Rupert Sheldrake, especialista britânico em fisiologia vegetal, vem especialmente ao caso agora que falamos da casa 11. Sheldrake sugere a possibilidade de campos de organização invisíveis que regulam a vida de um sistema. Em 1920, William McDougall, da Universidade de Harvard, estava estudando a rapidez com que os ratos aprendiam a escapar de um labirinto cheio de água; ao mesmo tempo, na Escócia e na Austrália, outros investigadores que estavam repetindo as experiências descobriram que a sua primeira geração de ratos, provenientes de uma linhagem diferente dos de McDougall, realizaram a tarefa com o mesmo grau de capacidade que os da última geração daquele. De alguma maneira, a habilidade adquirida era "captada" por os outros ratos, ainda que estes se encontrassem noutra parte do mundo. Deste tipo são as ocorrências que levaram Sheldrake a formular a teoria de que, se um membro de uma espécie biológica aprende um comportamento novo, o campo de organização invisível (o campo morfogenético) dessa espécie muda.
Os ratos que dominaram a tarefa tornaram possível que, a muitas milhas de distância, os outros ratos fizessem o mesmo. Em algum nível profundo, estamos todos interligados. A teoria de Sheldrake está belamente resumida numa observação que formulou uma vez o sacerdote jesuíta Pierre Teilhard de Chardin, nascido com Mercúrio, Júpiter e Saturno na Casa 11: "Uma vez que tenha sido captada, mesmo que seja por uma única mente, uma verdade acaba sempre por impor-se  à totalidade da consciência humana".
"Na Conspiração de Aquário", Marylin Ferguson escreve: "não é possível entender uma célula, um rato, uma estrutura cerebral, uma família ou uma cultura, se a isolamos do seu contexto". Também Carl Rogers, um dos fundadores da psicologia humanística, observou numa ocasião que quanto mais o indivíduo aprofunda a sua própria identidade, mais ele descobre toda a  raça humana. A nossa identidade tem uma dimensão de associação muito mais ampla do que é capaz de admitir o ego, "encapsulado na sua pele" Visto por este prisma, a evolução da consciência de grupo tal como se nos dá na Casa 11 não se dirige exclusivamente a alargar ou reforçar a identidade do ego. Pelo contrário, a consciência de ser parte de algo mais amplo permite-nos transcender os limites e limitações da individualidade, e ter a vivência de nós mesmos como células pertencentes ao corpo da Humanidade. Na compreensão disso gera-se um sentimento de fraternidade com o resto dos habitantes do Planeta, que vai muito mais além dos vínculos obrigatórios da família, da nação ou da igreja.
A sintropia, a tendência da energia vital a mover-se em direção para um maior grau de associação, comunicação, cooperação e conscientização é o mais importante dos princípios sobre os quais opera a Casa 11. Após nos termos reconhecido como indivíduos separados e distintos, podemos escutar o apelo para nos voltarmos a conectar com tudo aquilo do qual antes nos tínhamos diferenciado. Assim, como a matéria se organizou em células vivas e estas se organizaram para formar organismos pluricelulares, é possível que nalgum estágio da sua evolução os seres humanos se integrem nalguma forma de superorganismo global. Já a um nível Saturnino, a interdependência e a interconexão da vida no Planeta estão se tornando cada vez mais óbvias. A tecnologia das comunicações incrementou de maneira espetacular a rapidez da interação global, e o conceito de McLuhan do Mundo como uma "aldeia global" não está longe de se converter em realidade. As empresas e conglomerados multinacionais entrelaçam confusamente as economias do mundo inteiro. O colapso do sistema monetário dum único país propagar-se-á como uma onde de efeitos desastrosos a muitos outros. O isolamento e o nacionalismo já não são praticamente viáveis. Noutro nível, pequenos grupos, redes de comunicação, movimentos e sistemas de apoio, proliferam por todo o Mundo, procurando reunir pessoas para a promoção de causas comuns. Resumidamente, de maneira muito semelhante a como cresce e se desenvolve o nosso corpo, também o corpo de Humanidade está crescendo e evoluindo. A forma em que podemos participar na evolução e o progresso deste mesmo coletivo, e pormo-nos ao seu serviço, expressa-se nos posicionamentos da Casa 11.
Na Casa 5 usamos a nossa energia para nos distinguir dos outros e para aumentar o nosso senso de valor individual e do nosso caráter "especial", na 11, podemos investir a nossa energia na promoção e realização da identidade, os propósitos e a causa de qualquer grupo ao qual pertençamos, independentemente do que se entenda como a totalidade da raça humana, ou como um setor dela. Na Casa 5 fazemos o que queremos fazer para os nossos próprios fins. Na Casa 11, podemos optar por renunciar total ou parcialmente aos nossos preciosos desejos pessoais, às nossas inclinações e idiossincrasias, a fim de aderirmos ao que o grupo considera melhor.
A consciência social é uma nota chave na Casa 11. Uma sociedade (Casa 10) estrutura-se segundo certas leis e princípios (Casa 9). É fácil que tanto a sociedade como as leis cristalizem e endureçam, e invariavelmente certos elementos da sociedade se vejam favorecidos pelo sistema, enquanto outros resultem oprimidos. Os grupos que se sentem descuidados ou traídos pelas leis existentes podem descobrir expressão através do tipo de reformas que vão associadas com a Casa 11.  É frequente que aqueles que têm nela posicionamentos fortes atuem por intermédio de organismos humanitários ou grupos políticos para levar à prática as mudanças sociais necessárias. No entanto, não é menos comum encontrar outros que também têm acentuada a Casa 11 e que vão passando de um compromisso social festivo a outro: ao hipódromo esta semana, um torneio de ténis na seguinte e depois um dia de compras pelas melhores lojas para poder brilhar bem no trabalho, na ópera ou na noite.
Em alguns casos os posicionamentos na Casa 11 podem apontar a classe de grupos na direção dos quais gravitamos. Por exemplo, Neptuno poderá interessar-se pelas sociedades musicais e os grupos espiritualistas; Úrano por os da astrologia, Marte pela equipa de rugby local. No entanto, também aqui, ao invés de apenas descrever o tipo de grupos, é mais provável que os Planetas e Signos que se encontram na Casa 11 simbolizem o estilo em que nos conduzimos e interagimos nas situações de grupo. É provável que os que têm o Sol ou Leão nesta Casa tenham necessidade de liderança e obtenham boa parte da sua dignidade e da sua identidade a partir do seu compromisso com o grupo. Mercúrio ou Gémeos poderão aparecer como a secretária ou secretário do grupo, ou como um dos seus mais hábeis porta-vozes. Como alguém tem de preparar o chá, a Lua ou Câncer podem estar encantados não só para assumir o serviço, mas também para oferecer a sua casa para as reuniões. Além disso, a Casa 11 dá-nos uma pista de como nos sentimos confortáveis ou não em situações de grupo. A Vénus ou Libra não lhes custa nada incorporarem-se num grupo e fazer nele muitos amigos novos. No Caso de Saturno ou Capricórnio, o mais provável é que se retraiam e se sintam incómodos e desajeitados em contato com os outros. Óscar Wilde, que alcançou os cumes do êxito nos círculos artísticos e sociais de Londres, tinha a Lua em Leão na Casa 11. Paul Joseph Goebbels, é propagandista oficial do partido nazi que controlava as informações públicas e os meios de comunicação, tinha nesta Casa Plutão em Gémeos em conjunção com Neptuno.
A amizade encaixa-se claramente ao ideal da Casa 11, para se tornar maior do que nós. Mediante a amizade as pessoas ligam-se, os limites pessoais expandem-se e tanto as necessidades como os recursos de outras pessoas entrelaçam-se com os nossos. Assim como apresentamos aos nossos amigos ideias e interesses novos, também eles ampliam o nosso ponto de vista com o que têm para compartilhar connosco.
É frequente que os planetas e os signos que se encontram nesta Casa descrevam a classe de amigos a quem tendemos a aproximarmo-nos. Por exemplo, um homem que tenha Marte na Casa 11 pode sentir-se atraído por pessoas que exibam qualidades claramente marcianas, tais como o dinamismo, o impulso e a sinceridade. No entanto, os posicionamentos na Casa 11 também podem indicar aquelas qualidades que "não sabemos" em nós mesmos, e que então projetamos para o exterior e que voltamos a encontrar externamente nos nossos amigos. Se o homem que tem Marte na Casa 11 não cultivou o seu lado "marciano", e carece desse certo "impulso", então serão os seus amigos quem lhe fornece essa energia, estimulando-o ou instando-o à ação. Até é possível que possua uma capacidade inquietante para mobilizar essas qualidades nas pessoas que tem mais próximas, e que na maior parte das situações, juntamente com  outras pessoas, podem ser normalmente mais plácidas e retraídas.
A Casa 11 sugere também a forma como fazemos amizades. É provável que Marte se precipite impulsivamente a travá-las, enquanto que Saturno, neste aspeto é mais desajeitado, tímido ou cauteloso. Também o modo como nos conduzimos e as energias que damos à amizade podem deduzir-se dos posicionamentos nesta Casa. Vénus é capaz de fazer amigos facilmente, mas prefere manter a leveza das coisas (por mais que talvez espere que os seus amigos "estejam à altura" de ideais bastante elevados). Plutão sugere associações intensas e complicadas, que nos transformam de maneira significativa ou nas quais se põem em jogo elementos tais como ocultamentos, intrigas ou traições.
Na Casa 11 encontra-se o desejo de transcender ou ir mais além das imagens e modelos já existentes de nós próprios. Move-nos o sonho de um ser mais ideal ou de uma sociedade mais utópica. Por isso a este setor da carta se denomina a Casa das esperanças, das metas, dos desejos e dos objetivos. O desejo de chegar a ser algo mais do que somos deve ir acompanhado da capacidade de representarmos possibilidades novas e diferentes. Mais que a qualquer outra espécie, aos seres humanos, o tamanho do seu cérebro e a complexidade evolutiva do córtex cerebral, capacita-os para imaginar uma amplíssima gama de alternativas, opções e resultados. A maneira como nós pensamos as possibilidades e como encaramos a realização dessas esperanças e desejos é vista nos posicionamentos da Casa 11. Por exemplo, Saturno pode ter dificuldade para formar imagens positivas do futuro, ou pode encontrar bloqueios, obstruções ou demoras no caminho, para finalmente consolidar as suas metas e objetivos. Enquanto que Marte se propõe um objetivo e se lança atrás dele, é possível que Neptuno esteja confundido a respeito do que realmente quer ou simplesmente fantasie num devaneio sem metas realistas. Neste contexto, é útil lembrar que quanto mais claramente possamos imaginar uma possibilidade, mais a aproximamos à sua concretização. Estimular visões positivas do futuro, colabora com o processo de nos encaminharmos numa direção mais positiva.
A evolução impulsiona-nos para níveis de complexidade, relação e organização cada vez maiores. Na Casa 1 de Ar (a Casa 3) adquirimos, mediante a linguagem, a capacidade de distinguir entre o sujeito e o objeto. A mossa própria mente desenvolve-se à medida que nos relacionamos com outros que são parte do nosso meio próximo. Na Casa 2 de Ar (a Casa 7) crescemos por mediação do confronto da nossa própria consciência com a dos outros. Sujeito e objeto, diferenciados na Casa 3, encontram-se frente a frente na Casa 7. Na última Casa de Ar, a Casa 11, a nossa mente individual conecta-se não só com a mente dos seres que temos mais próximos, mas também com todas as outras mentes.
Os planetas da Casa 11 sensibilizam uma pessoa para as ideias que circulam ao nível da mentalidade grupal. Não é um fenómeno tão excecional que alguém que está em S. Francisco, e outra pessoa que está em Londres e uma terceira que está no Japão lhes ocorra dentro de um lapso de tempo relativamente curto, como um "relâmpago", a mesma ideia, nova e brilhante. Na Casa 11 descobrimos que estamos relacionados não somente com a família e os amigos, como o nosso país, ou os nossos entes queridos, mas também com a totalidade da raça humana.



sábado, 12 de julho de 2014

A CASA 10 E O MEIO-CÉU



O MEIO-CÉU
Crescer e amadurecer são por vezes sinónimos de conquista e realização dos sonhos e objetivos que vislumbrámos. Este processo é simbolizado pelo signo do Meio-Céu, a posição do seu regente e dos planetas que se encontram na Casa 10. Embora o signo do Meio-Céu não seja sempre evidente de uma forma externa, constitui uma parte importante do Mapa Natal, porque descreve a manifestação e o desenvolvimento da vocação do indivíduo e a sua posição no mundo.
Enquanto somos jovens, geralmente não nos identificamos com a energia representada pelo signo do nosso MC, a menos que neste signo se encontrem também um ou vários planetas pessoais. O Meio-Céu simboliza as características para as quais avançamos espontaneamente à medida que nos vamos tornando maiores, no entanto, para chegar a elas devemos esforçarmo-nos. O MC representa conquista, autoridade, o nosso potencial de contribuição social e a nossa vocação ou ocupação. Conseguimos a nossa realização aprendendo a expressar a energia representada pelo signo do nosso Meio-Céu.

O PLANETA REGENTE DO MEIO-CÉU
O planeta regente  do signo em que se encontra o MC não só é importante devido ao seu significado simbólico em geral, mas também, porque a casa que ocupa esse planeta quase sempre mostra onde a sua verdadeira vocação é o foco mais claro. Esta casa representa um campo de experiência que se sente como a vocação autêntica da pessoa a um nível muito profundo. Se o MC de um indivíduo tem um regente tradicional e um regente moderno, pode ser importante a posição de ambos nas casas. No entanto, o signo que ocupe o regente tradicional é normalmente mais importante que o do regente moderno.

PLANETAS NA CASA 10 E ASPETOS QUE FORMA O MEIO-CÉU
Os planetas na Casa 10 e sobretudo os que estão em conjunção com o MC (são considerados os que estão também no final da casa 9 com orbe 5º +-) representam maneiras de ser, características e tipos de atividade que são extremamente importantes para o indivíduo e que este respeita. Devido a este senso de respeito, a pessoa tende a mostrar essas características ou a expressar publicamente essas energias para que os outros pensem bem dela.
Os outros aspetos que forma o MC têm um efeito praticamente igual que o da conjunção. O tipo de aspeto é muito menos importante que o planeta concreto que intervenha no dito aspeto e na exatidão deste. Do ponto de vista tradicional os aspetos formados pelo MC estão correlacionados com a autoexpressão pública, a profissão e os objetivos vocacionais do indivíduo. Qualquer planeta em aspeto com o MC indica um tipo de energia e orientação que são essenciais para que a pessoa assuma o seu papel no mundo e também serem úteis na sua contribuição para a sociedade.
Por exemplo, se Vénus está em aspeto com o MC, para o indivíduo é importante contribuir para a sociedade com algo artístico e belo. É provável que as interações de pessoa para pessoa sejam muito importantes para ele e também que se preocupe por dar uma contribuição louvável e cooperativa para a sociedade.
Outros exemplos:
Nas cartas de 3 editores que me vieram de repente à mente, Júpiter forma um aspeto quase exato com o MC nas três: Conjunção numa delas e sextil nas outras duas. Tradicionalmente, Júpiter é o planeta das publicações.

O MEIO-CÉU E A CASA 10
O que a casa 9 prevê, a Casa 10 traz à Terra. Nos sistemas de divisão de casas por quadrantes, o Meio-Céu - o grau da elítica que atinge o seu ponto mais alto no meridiano dum lugar qualquer - assinala a cúspide da casa 10. O MC é o ponto mais elevado do Mapa Natal e, simbolicamente falando, os posicionamentos que aqui haja destacam-se por cima de todos os outros no horóscopo. As qualidades de qualquer signo ou planeta que se encontre nesta posição correspondem àquilo que em nós é mais visível e acessível aos outros, o qual se "destaca" em nós. Enquanto que o IC e a casa 4 (a casa oposta) representam como somos em privado, e como nos conduzimos em casa, na nossa intimidade, o MC e a casa 10 (naturalmente associada com Saturno e com Capricórnio) indicam a nossa maneira de nos comportarmos publicamente, a imagem que queremos apresentar ao mundo, o tipo de roupa que vestimos para sair. Liz Greene diz que o MC e a casa 10 são a nossa "taquigrafia social" a forma em que mais gostaríamos que os outros nos vissem e a descrição que lhes damos de nós mesmos.
De acordo com a  elevada posição do MC, os posicionamentos deste setor do mapa sugerem aquelas qualidades pelas quais queremos que nos admirem, nos elogiem, nos tomem como modelo e nos respeitem. Pelos signos e planetas que aqui se encontram esperamos alcançar realizações, honras e reconhecimento. Os posicionamentos na casa 10 indicam aquilo pelo que mais gostaríamos que nos recordassem como a nossa contribuição ao   mundo. É a casa da ambição por trás da qual estão escondidas e aprisionadas, a compulsão e a urgência de ser apreciado e reconhecido. Os antigos gregos acreditavam que se um realizava um ato verdadeiramente nobre ou heroico, a sua recompensa era ser convertido numa constelação no céu, para que todos o vissem por toda a eternidade. Para além do reconhecimento que nos proporciona o fato de sermos famosos, significa que viveremos eternamente na memória das pessoas. Para o ego isolado na sua própria finitude e tão temeroso dela, esta ideia é muito tranquilizadora.
A natureza da nossa contribuição à sociedade, o mesmo que o nosso status e lugar no mundo manifestam-se no signo que ocupa o MC, nos planetas que há na casa 10 e, como o sugerem os estudos de Gualquelim - "em qualquer planeta do lado da Casa 9" - Também o planeta que rege o signo no MC e sua posição por signo, casa e aspeto, derramam luz sobre a carreira e a vocação. No entanto, também outros setores da carta (tais como a casa 6, a casa 2 e os aspetos do Sol, etc.) têm considerável influencia sobre o problema da profissão, e a carta astral deve ser cuidadosamente avaliada na sua totalidade para poder aconselhar con sensatez neste aspeto.
Nalguns casos é possível que os signos e planetas na casa 10 e no MC do lado da casa 9 descrevam literalmente a  natureza da carreira do indivíduo. Por exemplo, Saturno nesta posição poderá indicar um professor, um juiz ou um cientista; Júpiter, um filósofo, ator ou agente de viagens, e a Lua, uma pessoa dedicada profissionalmente ao cuidado das crianças. O famoso escritor alemão Thomas Mann tinha o comunicativo signo de Gémeos no MC e Mercúrio na casa 10. Franz Schubert, o compositor austríaco, tinha o MC em Peixes, signo musical, e o seu regente Neptuno, na casa 5, a casa da expressão criadora.
No entanto, é mais seguro supor que as posições próximas do MC e na casa 10 não sugerem tanto a profissão real mas sim como a forma de uma pessoa enfrentar a sua carreira, de que maneira conduz e organiza o trabalho. Será mais provável que cumpra com a letra estrita da lei o juiz que tenha Saturno na Casa 10, enquanto que quem tenha ali Úrano terá tendência a uma leitura mais individualista, menos convencional e talvez, para outros, escandalosa.
O tipo de energia que exibimos ou com que tropeçamos para ir atrás de uma vocação, relaciona-se também com os posicionamentos na casa 10. Quem tenha ali Saturno ou Capricórnio esforçar-se-á larga e pacientemente por chegar ao alto; Marte ou Carneiro são agressivos e impacientes nesta esfera da vida, no entanto, Neptuno ou Peixes, podem estar desorientados ou confusos quanto ao seu papel na sociedade.
A casa 10 poderá descrever também o que representamos e simbolizamos para os outros. Marte, poderemos vê-lo como um fanfarrão, mas também como o pináculo da coragem e de força; Neptuno, pode ser um santo ou um mártir, ou uma vítima por vezes, e Vénus poderá simbolizar a quinta-essência do estilo, o gosto ou a beleza.
Assim como a casa 4 é associa com o pai, a casa 10 é atribuída à mãe. No começo da vida, ela é para nós o mundo inteiro. Os primeiros modelos de vínculo, os estabelecidos com ela, refletir-se-ão mais tarde na vida e na forma em como nos relacionamos com o mundo exterior em geral. Por outras palavras: a natureza do que sucede entre mãe e filho (tal como o mostram o MC e os posicionamentos na casa 10) volta a emergir numa etapa posterior do desenvolvimento, como a nossa maneira peculiar de nos conectarmos com a sociedade e o mundo "de fora" na sua totalidade. A quem encontrou na mãe rasgos ameaçadores e potencialmente destrutivos (como poderia sugeri-lo um Plutão com aspetos difíceis na casa 10), o mundo parecer-lhe-á mais tarde um lugar pouco seguro, do qual, tentará defender-se. Se a mãe foi um ser afetuoso e capaz de brindar apoio (como podem mostrá-lo os posicionamentos nesta casa), o indivíduo levará consigo a expectativa de que o mundo o tratará de forma similar.
Se associamos a casa 10 tanto com a mãe (ou com aquele dos pais que influencia mais sobre a criança) como com a carreira, então a escolha vocacional pode estar de alguma maneira influenciada pela experiência que tenhamos dessa figura parental. Por exemplo, se Marte está na casa 10, é provável que a mãe tenha impressionado a criança como dominante e autoafirmativa. A criança guarda, portanto, contra ela ressentimento e raiva e cresce com o desejo de alcançar uma posição de poder e de autonomia capaz de impedir que a dominem e maltratem como aconteceu no início da sua vida. A situação de combate com a mãe configura um modelo de situação de combate com o mundo. Mas às vezes o fator subjacente na escolha da profissão é o desejo de conquistar o amor da mãe (com o qual asseguramos a sobrevivência). Por exemplo, se Mercúrio está na casa 10, é provável que a criança tenha "vivido" a mãe como expressiva e inteligente. Como sente então, que essas são as características que valoriza e aprecia a sua mãe, esforça-se para ganhar o amor e o apoio dela cultivando-as em si mesmo. Estabelece-se a expectativa que ao destacar-se desta maneira se alcança o reconhecimento, e consequentemente, em etapas posteriores da vida o indivíduo procurará uma carreira que ponha em primeiro plano as qualidades mercurianas.
Nalguns casos pode ser a competência referenciada através da mãe o que nos acicata na direção de certa carreira. Se Vénus está na casa 10, existe a probabilidade de que a mãe tenha sido percebida como bela e fascinante; em certo sentido, Vénus foi projetada sobre a mãe. Com o fim de recuperar as suas próprias qualidades venusianas, é provável que a criança procure mais adiante uma profissão em que possa sentir que a admiram pela sua beleza, a sua elegância ou o seu bom gosto.
Na sua expressão mais simples a casa 10 descreve aquelas qualidades da mãe (ou de qualquer dos pais) que existem também em nós, gostemos ou não. O problema complica-se, no entanto, pela possibilidade dos posicionamentos na casa 10 denotarem com frequência aspetos da personalidade da mãe que " não foram vividos", ou seja, atributos ou características que ela não expressou nem representou conscientemente durante os anos de crescimento da criança.
É provável que os planetas e signos nesta casa descrevam como o indivíduo teria gostado ser a mãe se fosse permitida a oportunidade. Uma criança que seja extremamente sensível â psique materna e às tendências ocultas na atmosfera caseira, não só será recetiva ao que a mãe manifeste exteriormente, mas também ao que ela esteja negando ou suprimindo. Deste modo, a criança pode ver-se levada a viver por ela o aspeto de sombra da mãe, como se ao fazê-lo assim pudesse integrá-la mais e redimi-la. Por exemplo, a mãe de uma criança que tenha Úrano na casa 10, pode ter parecido exteriormente muito convencional, rígida e reprimida, enquanto que sob a superfície se ocultavam sentimentos explosivos e um desejo, de espaço de liberdade e de romper com tudo. De alguma forma, estes aspetos uranianos não expressados comunicam-se à criança, que cresce com a compulsão de representar precisamente aquelas qualidades que a mãe não se permitiu manifestar.
A localização de muitos planetas na casa 10, geralmente sugere alguém ambicioso e ansioso para o reconhecimento, status e prestígio. Normalmente aos homens é-lhes permitido mais do que às mulheres ir atrás da satisfação dessas necessidades.
Para uma mulher com a casa 10 forte, pode ser mais fácil procurar como parceiro um homem que seja poderoso ou famoso e por intermédio dele, "importar", para ela uma posição no mundo. Pode até ser ela que o impulsione à fama e à procura de prestígio. Mas, em última análise, pode ressentir-se de que seja o marido e não ela quem colhe os aplausos e é provável que, conscientemente ou não, encontre formas de castigá-lo por isso.
Da mesma maneira, pode ser que um dos pais, ou ambos, se tiverem uma casa 10 forte cujas necessidades de realização e de reconhecimento não chegaram a concretizar-se, passem essas necessidades sobre um filho. É provável que algumas crianças colaborem com a projeção, embora outras talvez se rebelem contra ela e, com frequência, terminem sendo exatamente o contrário do que o ou os pais esperavam.
A casa 10 estende-se para além da mãe (ou pai conforme o caso), para designar a nossa relação com as figuras da autoridade em geral. É frequenta que numa época mais tardia os primeiros sentimentos de raiva e rejeição ao ver-se ignorada, ou mal tratada por o adulto em função de pai terminem por distorcer a realidade das interações com outros símbolos de poder. É provável que a causa do revolucionário seja verdadeira e justa, mas o estilo, a forma ou a intensidade com que abraça as suas convicções pode pôr em evidência, a partir de um ponto de vista reducionista; contaminação de situações anteriores geradas a partir do esquema dos pais. Com isto não se pretende diminuir nem julgar aqueles que se opõem ao que está errado na sociedade, mas adverti-los que é sensato prestar atenção à casa 10 e às suas implicações psicológicas. Deferir um murro na cabeça do chefe ou bombardear com ovos o primeiro ministro é uma forma de canalizar a "criança colérica" que todos temos dentro de nós, mas talvez não seja esta a forma mais eficaz de promover mudanças, até mesmo as mais necessárias.
Na sua posição no mais alto da carta natal, a casa 10 significa a realização e o cumprimento da personalidade individual através da satisfação pessoal obtida ao aproveitarmos as nossas capacidades e talentos para servir a sociedade e influir sobre ela. Há ainda aqueles que podem muito bem ganhar elogios e reconhecimento públicos do seu valor e dignidade.
Desde a casa 1 à casa 10 já se percorreu um longo caminho. Na casa 1 nem sequer tínhamos consciência de nós mesmos como entidades separadas; ainda não nos dávamos conta da nossa própria existência individual. No entanto, quando chegamos à casa 10 já evoluímos o suficiente, não só para ter um sentimento mais sólido e concreto de quem somos, mas também para conseguir que nos estimem por isso.



sábado, 25 de janeiro de 2014

CASA 9




Esta casa está relacionada com Júpiter e Sagitário

A casa 8 implica invariavelmente certo grau de dor; crise e sofrimento. É de esperar que, ao sobreviver a estas épocas difíceis, saímos delas renovados, purificados e conhecendo-nos melhor e à vida em geral. Depois de termos descido às profundezas e, de uma maneira ou de outra, termos voltado a sair, chegamos a um ponto de vista superior que nos permite conceber a vida como uma viagem e como um processo de desenvolvimento. A Casa 9, de Fogo, associada naturalmente com Júpiter e com Sagitário, segue à das águas turbulentas da Casa 8 e oferece-nos uma perspetiva mais ampla de tudo o que nos aconteceu até agora. Já se recolheu a experiência suficiente para tentar formular algumas conclusões referentes ao significado e ao propósito da nossa viagem.
A Casa 9 é a área da Mapa Natal que se refere mais diretamente à filosofia e à religião, as zonas onde surgem os "porquês" da existência. É aqui onde procuramos a verdade e nos empenhamos em avaliar os modelos subjacentes e as leis básicas que regem a vida. Em certo sentido, o sofrimento padecido na Casa 8 empurra-nos nesta direção, porque a dor se suporta mais facilmente se pudermos vislumbrar algum propósito ao ter de suportá-la. Além disso, se o sofrimento é de alguma forma relacionado com o fato de não ter chegado a viver de acordo com as leis ou verdades da existência, então é provável que a descoberta dessas linhas de orientação, e o aderir a elas, diminuam a quota de dor que temos de suportar.
Nós, seres humanos, comportamo-nos como se necessitássemos de um significado. Temos uma clara necessidade de absolutos, de ideais firmes aos quais podemos aspirar e de preceitos que nos sirvam para orientar a nossa vida. Se falta o significado, tem-se com frequência a sensação que não temos nada por que viver, nada que esperar, nenhuma razão por nos esforçarmos por nada e nenhuma orientação na vida. Muitos psicólogos creem que grande parte das neuroses atuais se relacionam com a carência de significado ou propósito na vida.  Não importa que isto seja certo ou não:  o fato é que nos consola a crença de que "lá fora" há algo mais vasto, a convicção de que existe um padrão coerente e de que a cada um de nós lhe cabe desempenhar um determinado papel nesse modelo. Independentemente de que em última instância nos toque ir criando o nosso próprio sentido na vida, ou de que a nossa missão consista em ir descobrindo o plano e a intenção de Deus, o fato é que a busca de orientações e objetivos, assim como o sentimento de uma finalidade, constitui o núcleo essencial da Casa 9.
Esta casa representa o que se conhece como "a mente superior", é dizer, aquela parte da mente que se vincula com a faculdade de abstração e o processo intuitivo, por comparação com a mente concreta, tal como aparece na Casa 3. Mercúrio, o regente natural das Casas 3 e 6, é um compilador de fatos, enquanto que Júpiter - regente natural da Casa 9 - representa a capacidade de simbolização da psique, a tendência a imbuir de importância ou significado um fato ou determinado acontecimento. Na Casa 3 recolhem-se os fatos, mas as conclusões que deles se desprendem extraem-se na Casa 9: lá os fatos isolados são organizados dentro do marco referencial de uma visão mais ampla das coisas, ou são vistos como o resultado inevitável de princípios de organização superiores.
Enquanto as Casas 3 e 6 são análogas ao lado esquerdo do cérebro, que analisa, divide e classifica, os processos associados com a Casa 9 (e com a 12) correlacionam-se com a atividade do lado direito do cérebro, podendo este identificar uma forma que apenas seja sugerida por umas poucas linhas. Mentalmente, entrelaça os pontos para formar um desenho. Sintético e "totalitário", o lado direito do cérebro pensa em imagens, vê o todo e deteta modelos e diretrizes. Como disse Marilyn Ferguson, "O cérebro esquerdo tira fotografias, o direito vê filmes".
Na Casa 9 considera-se muitas vezes que os fatos ocultam em si uma mensagem. Júpiter ou Vénus nesta casa, por exemplo, pode dar a sensação de que tudo o que acontece ´em última instância é positivo e vantajoso para nós, como se estivesse operando uma Inteligência Superior benigna que guia a nossa evolução,
Saturno ou Capricórnio na Casa 9 poderão ter mais dificuldade em mostrar o significado de um acontecimento, ou interpretá-lo sob uma luz negativa. Albert Camus, o escritor e filósofo existencialista francês, tinha Saturno em Gémeos nesta casa; acreditava que os acontecimento não têm nenhum outro significado superior ou absoluto que aquele que nós mesmos lhe atribuímos.
Os posicionamentos na Casa 9 descrevem algo referente ao estilo em que abordamos as questões filosóficas e religiosas, e ainda o tipo de Deus que adoramos, ou a natureza da filosofia de vida que formulamos. Por exemplo, ter Mercúrio ou Gémeos na Casa 9 pode predispor o indivíduo a uma aproximação intelectual a Deus. No entanto, Neptuno e Peixes predispõem-no a uma procura da divindade através da devoção emocional e da entrega afetiva.
Marte sugere uma abordagem à atividade religiosa a partir do dogmatismo e de um espírito fanático, em comparação, Vénus, em assuntos como este exibirá uma maior flexibilidade e tolerância.
Os planetas e signos posicionados nesta Casa revelam também a imagem de Deus que terá o indivíduo: é provável que Saturno e Capricórnio formem a ideia de um Deus crítico, punitivo, duro e paternalista a quem se tem de obedecer a todo o custo. Por outro lado, Neptuno ou Peixes na Casa 9, tendem a ver um Deus de amor e compaixão, que se inclina à benevolência e ao perdão.
A Casa 3 rege o ambiente (o que nos cerca na nossa proximidade) e aquilo que se descobre explorando o  que está à mão. A Casa 9 descreve a perspetiva que obtemos ao dar um passo atrás para considerar a vida desde certa distância. Desta maneira, a Casa 9 está ligada com as viagens longas. "Viajar" pode referir-se literalmente, a deslocações a outros países e a outras culturas, ou pode entender-se mais simbolicamente, no sentido de viagens da mente ou do espírito, que tanto podem ser a maior amplitude de horizontes ganha por amplas e variadas leituras, como a penetração que se obtém graças à meditação e à reflexão cósmica. Entendido o conceito de maneira mais literal, através das viagens, e misturando-nos com pessoas formadas em diferentes tradições das nossas, ampliamos a nossas perspetiva de vida. É provável que o gosto e o estilo de algumas culturas nos atraiam mais umas que outras, mas de todas as maneiras, assim temos vislumbres de outras facetas das múltiplas possibilidades da vida e podemos compará-las com as nossas. Viajar permite-nos ver o mundo de uma perspetiva diferente. É possível que eu mantenha em Londres uma relação complicada que me gera sentimentos de confusão e incerteza; no entanto, quando viajo para S. Francisco e reflito sobre ela, a distância adicional de 9600 km ajuda-me de certo modo a entendê-la com mais claridade que quando a relação está em frente do meu nariz. O resumo de uma experiência na Casa 9 poderia ser a visão do Mundo que é concedida ao astronauta que regressa à atmosfera terrestre. Ali, diante dos olhos tem o quadro inteiro: o nosso Planeta visto como uma entidade em relação ao espaço sem limites. As preocupações comuns, banais e cotidianas assumem um proporção diferente depois de uma experiência assim.  John Glenn, o primeiro americano que esteve em órbita em volta da Terra, tinha Neptuno e Júpiter na Casa 9.
Os posicionamentos nesta casa designam os princípios arquetípicos com que nos deparamos nas nossas viagens, e até mesmo é possível que nos revelem algo sobre a natureza da cultura ou culturas para as quais nos sentimos atraídos. Por exemplo, Saturno na Casa 9 - pode experimentar dificuldades ou demoras nas viagens, ou viajar mais especificamente para um fim prático, como podem sê-lo o trabalho ou o estudo. Henry Kissinger, que foi embaixador norte-americano no estrangeiro durante o governo de Nixon, tem Capricórnio na cúspide da Casa 9 e o seu regente -Saturno- em Libra, o Signo da diplomacia.
Se Plutão ou Escorpião estão na Casa 9, é possível que noutro país nos sucedam experiências que nos transformem profundamente, ou que nos sintamos atraídos por um país que tenha Plutão ou Escorpião como elementos dominantes na sua carta nacional. O Almirante Richard Byrd, o primeiro homem que viveu sobre o Polo Norte, tinha nesta Casa o inovador Úrano.
Os posicionamentos nesta casa, indicam as relações com os sogros. Assim como a Casa 3 a partir do Ascendente descreve os nossos próprios familiares, a 3ª a partir do Descendente (a Casa 9) descreve os do (a) nosso (a) companheiro (a). Aqui se verá se as relações com eles são difíceis ou cordiais. É possível que um parente reflita um planeta que tenhamos  na Casa 9, ou que receba a projeção desse planeta. Algumas pessoas que têm Júpiter na Casa 9 veem o Universo num grão de areia, enquanto que outras o poderão perceber na sua sogra.
As viagens da mente descrevem-se na Casa 9, conhecida também como a casa da educação superior. Geralmente os posicionamentos que há nela expressam o campo de estudo escolhido ou a natureza da experiência universitária em geral. Por exemplo, é possível que Neptuno na Casa 9 centre os seus esforços em graduar-se em arte ou em música. Mas também, esse mesmo Neptuno, poderá indicar vacilações e confusão na escolha de matérias de estudo, ou desilusão e deceção durante a permanência na universidade.
Úrano pode rebelar-se contra os sistemas tradicionais de educação superior, ou estar empenhado em graduar-se nalgum campo de atividade novo ou excecional ou ser a primeira pessoa que consiga ingressar em Oxford aos sete anos (sobredotado).
A Casa 1 é "sou", enquanto que a oposta é a Casa 7, é "somos". A Casa 2 é "tenho" e a sua oposta, a Casa 8 é "temos". Da mesma maneira, a Casa 3 é "penso" e a Casa 9 "pensamos". A Casa 9 descreve as estruturas do pensamento que se codificam a um nível coletivo e que não somente incluem, como já mencionei, os sistemas religiosos, filosóficos e educativos, mas também os sistemas jurídicos e o corpo legislativo.
A Casa 7 corresponde aos tribunais inferiores, mas a Casa 9 representa os superiores: a lei suprema do país, que rege a ações do indivíduo dentro do contexto social mais amplo. Na Casa 3 aprendemos coisas sobre nós mesmos em relação com quem faz parte do nosso meio imediato, mas na Casa 9 acende-se o sentimento da nossa relação com o coletivo enquanto totalidade. A Casa 9 está associada com a profissão editorial, em que se disseminam ideias em grande escala.
Na Casa 3 examinamos o que está imediata e diretamente frente a nós, na Casa 9, vislumbramos aquilo que não só está mais afastado mas também por "suceder". Os posicionamentos fortes nesta casa conferem um grau pouco comum de intuição e previsão: a capacidade de perceber em que direção se move algo ou alguém. A Casa 9 "sintoniza" com o pulso de uma situação, registando rapidamente as tendências e correntes na atmosfera. Júlio Verne, o autor de ciência-ficção tão notavelmente dotado para se antecipar a descobrimentos futuros, nasceu com Úrano na Casa 9. Por um lado, esta casa dá o profeta e o visionário, no entanto, por outro, indica o homem mais capaz para as relações públicas ou o promotor empenhado em abrir a outros perspetivas novas. As energias da Casa 9 podem expressar-se no agente de viagens que nos indica uma "justamente as férias que necessitamos", no empresário que nos informa confidencialmente sobre o mais recente e seguro investimento, no promotor da mais recente das tecnologias chegadas à cidade, que nos promete a iluminação instantânea num só fim de semana, e no treinador que com o seu hábil discurso levanta o ânimo da equipa antes do grande jogo; também é o aficionado das corridas que nos passa o dado do cavalo vencedor, ou o agente artístico, literário ou teatral que descobre o próximo grande talento.
Na Casa 8 escavamos no passado para desenterrar os restos da nossa natureza primordial e instintiva. Na Casa 9 olhamos para o futuro e o que ainda está para se desenrolar. De acordo com os planetas e signos que nela existam e os seus aspetos, podemos ver um futuro cheio de esperanças e de promessas novas, ou um pesadelo que se esconde ao virar da esquina, à espera de que sejamos suficientemente tolos para passar por aí.  Em qualquer dos casos poderá ser útil refletir sobre algo que observou Santa Catarina: que "todo o caminho para o céu é céu".







domingo, 2 de setembro de 2012

A CASA 8




A Casa 8 tem muitas etiquetas. Como é a oposta à Casa 2, que é a casa dos "meus valores", a esta se chama geralmente a  "casa dos valores dos outros". Isto pode tornar-se num sentido bastante literal. Os signos e os planetas que existem nesta casa sugerem como vamos desde o ponto de vista financeiro no matrimónio, as heranças ou as sociedades de negócios. Por exemplo, Júpiter nesta casa pode fazer um casamento muito conveniente, receber de presente uma herança inesperada, esquivar-se alegremente aos impostos e encontrar bons sócios comerciais.
Por outro lado, quem tem um Saturno com mau aspeto na casa 8 pode casar-se com alguém que no dia seguinte se encontre falido, herdar as dívidas de algum parente, suportar alguma minuciosa investigação das finanças ou escolher uns sócios comerciais desastrosos.
Não é raro encontrar pessoas com muitos planetas na Casa 8, em carreiras onde estão em jogo dinheiros alheios - banqueiros, corretores de bolsa, analistas de investimentos e contabilistas.
No entanto, a Casa 8 é muito mais do que o mero dinheiro alheio. Descreve "aquilo que se comparte" e a forma em que nos fundimos e unimos com os outros. Enquanto elabora e expande o que começou na Casa 7, a Casa 8 é a essência das relações: o que sucede quando duas pessoas, cada uma delas, com o seu próprio temperamento, os seus recursos, o seu sistema de valores, as suas necessidades e o seu relógio biológico, tentam unir-se. O mais fácil é que surjam múltiplos conflitos:
Eu tenho algum dinheiro e tu tens o teu. "Como o gastamos?" "Quanto tentaremos poupar cada mês?"
ou
Gosto de fazer amor três vezes por semana, mas parece que tu necessitas dele todas as noites. "Quem ganha?"
ou
Tu crês que é necessário bater, mas eu insisto em que nenhum filho meu seja castigado. "Quem tem razão?"
O corredor destinado a encaminhá-los para o caminho da bem-aventurança conjugal parece ter-se convertido num sangrento campo de batalha e o que se vê mais para diante parece um cortejo fúnebre.
A Casa 8 associada naturalmente com Plutão e com Escorpião, é chamada também da "casa do sexo, da morte e da regeneração". No mito, Plutão -o deus da Morte- sequestra a virgem Perséfone e leva-a aos infernos. Ali se casa com ela e quando regressa ao mundo, Perséfone mudou e já não é mais uma menina, mas sim uma mulher. Relacionarmo-nos profundamente com outra pessoa leva consigo a uma espécie de morte, o libertar e a destruição das fronteiras do ego e da intrincada identidade. A morte enquanto "eu" separado leva-nos a renascer como "nós".
Como Perséfone, mediante a relação afundamo-nos num mundo desconhecido. No sexo e na intimidade descobrimos e compartilhamos partes de nós que normalmente se mantêm ocultas. O sexo pode ser considerado como uma mera libertação que temporariamente faz com que nos sintamos melhor, ou, mediante o ato sexual, podemos ter a experiência de uma forma de  nos auto transcender da união com outro ser. Nos picos do êxtase esquecemo-nos e abandonamo-nos de nós mesmos para nos fundirmos com o outro. Os Isabelinos referiam-se ao orgasmo como "a pequena morte". Boa parte da nossa natureza sexual revela-se nos posicionamentos da casa 8.
As relações são os catalisadores da mudança. A Casa 8 limpa e regenera, trazendo à superfície (geralmente pela via de uma relação atual) problemas que ficaram por resolver em relações anteriores, especialmente aqueles primeiros problemas de vinculação com a mãe ou com o pai. A primeira relação da nossa vida, a que tivemos com a mãe ou com alguém que a substituía, é a mais carregada, não sendo surpreendente, pois que a nossa sobrevivência depende dela. Todos nascemos neste mundo como vítimas potenciais: a menos que contemos com o amor e a proteção de alguém maior e mais hábil do que nós, as nossas possibilidades de sobrevivência são muito ténues.
A perda do amor de uma mãe não significa somente a perda de uma pessoa próxima a nós: poderá significar o abandono e a morte. Somos muitos os que seguimos projetando essas mesmas preocupações infantis nas nossas relações posteriores. O medo que o nosso cônjuge não nos continuará amando, ou que nos poderá atraiçoar, desencadeará ou voltará a despertar os medos primários da perda do objeto amoroso originário. Tem-se então a sensação que a sua sobrevivência depende da preservação da relação presente. Súplicas e clamores no estilo de "se me deixas morrerei" e "não posso viver sem ti" revelam a força das correntes subterrâneas, provenientes das iniciais dificuldades de relação, que se infiltram na realidade da situação atual. É verdade que em meninos teríamos morrido se a mãe nos tivesse deixado, mas o mais provável é que, quando adultos, somos perfeitamente capazes de atender às nossas próprias necessidades de sobrevivência. Ao pôr a descoberto estes medos ocultos e não resolvidos, as provas e tribulações na Casa 8, ajuda-nos a deixar atrás atitudes que, por obsoletas, nos estorvam. Nem todo o companheiro (a) é nosso (a) mãe.
Também dos nossos medos irracionais, é possível que uma boa proporção da indignação e da cólera que nas ocasiões sentimos, e que descarregamos sobre o nosso companheiro ou companheira, se pode rastrear retrospetivamente na infância e na meninice. As crianças não são pura doçura, sentimentalismo e claridade. A obra da psicóloga Melanie Klein revelou outro aspeto da natureza do bebé. Devido ao seu extremo desamparo, o menino pequeno experimenta uma frustração enorme quando a mãe não entende nem satisfaz as suas necessidades. Nem sequer a mais hábil das mães pode interpretar sempre e com precisão o que é que reclamam os berreiros de um bebé, e a insatisfação do menino estala invariavelmente em violenta hostilidade. Como as primeiras vivências deixam uma marca tão profunda, todos levamos dentro de nós um "bebé raivoso". Quando o nosso companheiro (a) nos frustra de alguma maneira, é possível que o "choro" volte a despertar.
Como Perséfone sequestrada no mundo subterrâneo, nas relações muito intensas todos descemos às profundezas do nosso ser para ali descobrir a nossa herança instintiva primitiva: a inveja, a cobiça, os ciúmes, a raiva, as paixões que mexem, a necessidade de poder e de domínio e também as fantasias destrutivas que podem estar emboscadas e ocultas atrás da mais gentil fachada. Somente se aceitarmos a "fera" que há em nós teremos a possibilidade de transformá-la. Não podemos mudar nada sem saber que está ali. Não podemos transformar algo que condenamos. O aspeto mais escuro da nossa natureza deve ser trazido à luz antes de nos podermos limpar, regenerar ou voltar a nascer.
É provável que antes, no empenho de negar esse aspeto mais obscuro, tenhamos sufocado um vasto caudal de energia psíquica tentado reconhecer o nosso estado de espírito vingativo, a nossa crueldade, ou a nossa raiva, não significa necessariamente uma catarse ou uma atuação indiscriminada destas emoções. Um comportamento assim, comporta um gasto de energia que possivelmente destrói muito mais do que queremos. A melhor chave reside em reconhecer e assumir esses sentimentos explosivos, ao mesmo tempo que os contém. Ao voltar a conectar com a fonte de energia que se expressa como instintos ultrajados e encontrar apoio interno nela, terminaremos por libertar essa energia de forma em que se viu presa. Assim desviada é possível voltar a integrá-la conscientemente e de maneira mais produtiva na psique, ou canalizá-la bem para saídas construtivas. Cozinhar a fogo brando num caldo de emoções primárias até que elas estejam no ponto para mudar, não é muito agradável mas, ninguém diz que o trabalho que nos propõe a Casa 8 seja fácil.
Esta casa oferece-nos a oportunidade de reanalisar a ligação existente entre os problemas do relacionamento atual e os que no começo da vida se levantaram com ambos os pais. Com base na nossa perceção do meio ambiente, enquanto somos crianças, formamos opiniões sobre o tipo de pessoa que somos e como é para nós a vida "lá fora". Estas crenças ou "guiões" estão operando por vezes inconscientemente, até à idade adulta. A menina que acreditava que "o papá era um canalha" torna-se uma mulher que leva profundamente arreigado o sentimento de que "todos os homens são canalhas". Devido às leis do determinismo psíquico, temos uma capacidade misteriosa e quase assustadora de atrair para a nossa vida precisamente as pessoas e as situações que servem de base a estes pressupostos. Se não fosse assim, provavelmente não o faríamos e perceberíamos. Em qualquer caso, o objetivo de um complexo é demonstrar a sua própria verdade.
Na Casa 8 escavam-se as ruinas e os escombros da infância. Os nossos enunciados vitais mais problemáticos e mais profundamente existenciais são descobertos, "ao vivo e a cores", nas crises das nossas atuais relações. Com a maturidade e a prudência adicionais que nos concedem os anos vividos, podemos "limpar" em parte os resíduos do passado que coloriram e obscureceram a nossa visão da vida, de nós mesmos e dos outros. O dom da Casa 8 é um assunto de autoconhecimento e autocontrolo, que nos deixa livres para continuar a nossa viagem renovados e livres de bagagem desnecessária.
No caso de fracassarem as nossas tentativas de mudar e desenvolver as voláteis questões que suscita a Casa 8, podemos olhar os posicionamentos que nela existem como pontos de referência para se ter uma ideia de como poderia ser um processo de divórcio. Os aspetos planetários difíceis nesta Casa 8 anunciam separações traumáticas e acordos de divórcio complicados. Os dois "bebés raivosos" e os seus advogados são responsáveis por travar a batalha no tribunal.
Na Casa 8 descrevem-se todos os níveis de experiência compartilhada. além do domínio das finanças conjuntas e da fusão de dois indivíduos em um, esta casa tem uma orientação ecológica mais ampla. Nós todos temos que compartilhar o nosso Planeta e os seus recursos. O capitalista superdinâmico que arrasa indiscriminadamente com bosques sem pensar em mais nada a não ser no seu benefício, não tendo consideração alguma pelos habitantes da floresta, além de estar a privar o seu semelhante de um ambiente natural, fonte de beleza e inspiração. A sensibilidade de uma pessoa a estes problemas é refletida pelos posicionamentos na Casa 8.
A casa denota também a nossa relação com que os filósofos exotéricos chamam o "Plano Astral". Uma emoção forte, mas não necessariamente visível, trespassa de todas as maneiras a atmosfera que nos rodeia. O plano astral é aquele nível da existência onde se encontram e circulam emoções e sentimentos aparentemente intangíveis, mas poderosos. Os leitores de mentalidade mais racionalista talvez duvidem da credibilidade de algo que não se pode ver nem medir. E no entanto, a maioria de nós já teve a experiência de entrar na casa de uma pessoa e sentir imediatamente algo desagradável, como que uma angústia, enquanto que na casa de outra pessoa nos sentimos em alta e cheios de bem-estar. Os planetas e signos na Casa 8 mostram o tipo particular de energias que esvoaçam no ambiente astral às quais somos mais sensíveis. Alguém com Marte na Casa 8 captará a raiva que flutua no ar com mais facilidade que quem tenha na mesma casa Vénus; esta última percebe mais rapidamente quando é o amor o que está no ar. Neste aspeto a Casa 8 é semelhante às outras casas de água - a quatro e a doze. Na Casa 8 mostram-se as experiencias da esfera psíquica ou oculto, o mesmo que o grau de interesse ou de fascinação que sentimos  pelo que está oculto, pelo que é misterioso ou se encontra debaixo do nível superficial da existência.
A morte tal como a demonstram os posicionamentos da Casa 8, pode tornar-se em sentido literal, como a maneira ou as circunstâncias atenuantes da nossa morte física. Saturno nesta casa pode mostrar-se relutante em morrer, temeroso do que haja para além da existência corpórea. Neptuno pode morrer do resultado de drogas, por intoxicação alcoólica ou afogamento, ou ainda desprendendo-se da vida gradualmente, em estado de coma. Úrano pode pôr fim a tudo de forma súbita.
No entanto, no espaço de uma vida podemos experimentar muitas mortes psicológicas diferentes. Se temos estado obtendo o nosso sentimento de identidade de uma relação e esta se acaba, equivale a uma espécie de morte do que fomos. Da mesma forma se o nosso sentimento de vitalidade ou de significado na vida vem de certa atividade e devemos renunciar a ela, também isso é uma morte da maneira em como nos conhecíamos. Ao morrer a infância, nasce a adolescência. A adolescência extingue-se e essa morte remete-nos para a idade adulta. Um nascimento requer uma morte e uma morte um nascimento. Os signos e planetas da Casa 8 indicam a forma como lidamos com estas fases de transição. É frequente que os indivíduos com forte posicionamento na Casa 8 sintam que a sua vida é um livro com muitos capítulos diferentes, ou uma longa peça de teatro com mudanças bruscas de cenário. É possível que essa série de terminações e novos começos caia sobre nós mas, também que assumamos um papel mais ativo naquilo que nos sucede, destruindo as antigas estruturas para dar lugar ao surgimento de outras coisas.
Na mitologia os deuses criam o mundo, decidem que não gostam, destroem o que construíram e criam outro. A morte é um processo contínuo na natureza. Esta é também a imagem do deus que morre e ressuscita, que destruído de uma forma, reaparece depois transformado.
A Cristo cruxificam-no mas depois ressuscita. Dionísios esquartejam-no, mas Atena, deusa da Sabedoria resgata o seu coração e o deus volta a nascer. É provável que, como Fénix, nos encontremos temporariamente reduzidos a cinzas, mas podemos voltar e levantarmo-nos delas renovados. A fórmula pode ser destruída mas a essência permanece pronta para voltar a florescer novamente de alguma outra maneira.
Goethe, o poeta alemão escreveu:
"Enquanto não morreres e te voltes a levantar de novo/ És um estranho na terra escura".
Sabe-o bem, todo aquela que tenha sobrevivido aos traumas e tensões da casa 8.


   
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