Esta casa está relacionada com Júpiter e Sagitário
A casa 8 implica invariavelmente certo grau
de dor; crise e sofrimento. É de esperar que, ao sobreviver a estas épocas
difíceis, saímos delas renovados, purificados e conhecendo-nos melhor e à vida
em geral. Depois de termos descido às profundezas e, de uma maneira ou de
outra, termos voltado a sair, chegamos a um ponto de vista superior que nos
permite conceber a vida como uma viagem e como um processo de desenvolvimento.
A Casa 9, de Fogo, associada naturalmente com Júpiter e com Sagitário, segue à
das águas turbulentas da Casa 8 e oferece-nos uma perspetiva mais ampla de tudo
o que nos aconteceu até agora. Já se recolheu a experiência suficiente para
tentar formular algumas conclusões referentes ao significado e ao propósito da
nossa viagem.
A Casa 9 é a área da Mapa Natal que se refere
mais diretamente à filosofia e à religião, as zonas onde surgem os
"porquês" da existência. É aqui onde procuramos a verdade e nos
empenhamos em avaliar os modelos subjacentes e as leis básicas que regem a
vida. Em certo sentido, o sofrimento padecido na Casa 8 empurra-nos nesta
direção, porque a dor se suporta mais facilmente se pudermos vislumbrar algum
propósito ao ter de suportá-la. Além disso, se o sofrimento é de alguma forma
relacionado com o fato de não ter chegado a viver de acordo com as leis ou
verdades da existência, então é provável que a descoberta dessas linhas de
orientação, e o aderir a elas, diminuam a quota de dor que temos de suportar.
Nós, seres humanos, comportamo-nos como se
necessitássemos de um significado. Temos uma clara necessidade de absolutos, de
ideais firmes aos quais podemos aspirar e de preceitos que nos sirvam para orientar
a nossa vida. Se falta o significado, tem-se com frequência a sensação que não
temos nada por que viver, nada que esperar, nenhuma razão por nos esforçarmos
por nada e nenhuma orientação na vida. Muitos psicólogos creem que grande parte
das neuroses atuais se relacionam com a carência de significado ou propósito na
vida. Não importa que isto seja certo ou
não: o fato é que nos consola a crença
de que "lá fora" há algo mais vasto, a convicção de que existe um
padrão coerente e de que a cada um de nós lhe cabe desempenhar um determinado
papel nesse modelo. Independentemente de que em última instância nos toque ir
criando o nosso próprio sentido na vida, ou de que a nossa missão consista em
ir descobrindo o plano e a intenção de Deus, o fato é que a busca de
orientações e objetivos, assim como o sentimento de uma finalidade, constitui o
núcleo essencial da Casa 9.
Esta casa representa o que se conhece como
"a mente superior", é dizer, aquela parte da mente que se vincula com
a faculdade de abstração e o processo intuitivo, por comparação com a mente
concreta, tal como aparece na Casa 3. Mercúrio, o regente natural das Casas 3 e
6, é um compilador de fatos, enquanto que Júpiter - regente natural da Casa 9 -
representa a capacidade de simbolização da psique, a tendência a imbuir de
importância ou significado um fato ou determinado acontecimento. Na Casa 3
recolhem-se os fatos, mas as conclusões que deles se desprendem extraem-se na
Casa 9: lá os fatos isolados são organizados dentro do marco referencial de uma
visão mais ampla das coisas, ou são vistos como o resultado inevitável de
princípios de organização superiores.
Enquanto as Casas 3 e 6 são análogas ao lado
esquerdo do cérebro, que analisa, divide e classifica, os processos associados
com a Casa 9 (e com a 12) correlacionam-se com a atividade do lado direito do
cérebro, podendo este identificar uma forma que apenas seja sugerida por umas
poucas linhas. Mentalmente, entrelaça os pontos para formar um desenho.
Sintético e "totalitário", o lado direito do cérebro pensa em
imagens, vê o todo e deteta modelos e diretrizes. Como disse Marilyn Ferguson,
"O cérebro esquerdo tira fotografias, o direito vê filmes".
Na Casa 9 considera-se muitas vezes que os
fatos ocultam em si uma mensagem. Júpiter ou Vénus nesta casa, por exemplo,
pode dar a sensação de que tudo o que acontece ´em última instância é positivo
e vantajoso para nós, como se estivesse operando uma Inteligência Superior benigna
que guia a nossa evolução,
Saturno ou Capricórnio na Casa 9 poderão ter
mais dificuldade em mostrar o significado de um acontecimento, ou interpretá-lo
sob uma luz negativa. Albert Camus, o escritor e filósofo existencialista
francês, tinha Saturno em Gémeos nesta casa; acreditava que os acontecimento
não têm nenhum outro significado superior ou absoluto que aquele que nós mesmos
lhe atribuímos.
Os posicionamentos na Casa 9 descrevem algo
referente ao estilo em que abordamos as questões filosóficas e religiosas, e
ainda o tipo de Deus que adoramos, ou a natureza da filosofia de vida que
formulamos. Por exemplo, ter Mercúrio ou Gémeos na Casa 9 pode predispor o
indivíduo a uma aproximação intelectual a Deus. No entanto, Neptuno e Peixes
predispõem-no a uma procura da divindade através da devoção emocional e da
entrega afetiva.
Marte sugere uma abordagem à atividade
religiosa a partir do dogmatismo e de um espírito fanático, em comparação,
Vénus, em assuntos como este exibirá uma maior flexibilidade e tolerância.
Os planetas e signos posicionados nesta Casa
revelam também a imagem de Deus que terá o indivíduo: é provável que Saturno e
Capricórnio formem a ideia de um Deus crítico, punitivo, duro e paternalista a
quem se tem de obedecer a todo o custo. Por outro lado, Neptuno ou Peixes na
Casa 9, tendem a ver um Deus de amor e compaixão, que se inclina à benevolência
e ao perdão.
A Casa 3 rege o ambiente (o que nos cerca na
nossa proximidade) e aquilo que se descobre explorando o que está à mão. A Casa 9 descreve a perspetiva
que obtemos ao dar um passo atrás para considerar a vida desde certa distância.
Desta maneira, a Casa 9 está ligada com as viagens longas. "Viajar"
pode referir-se literalmente, a deslocações a outros países e a outras
culturas, ou pode entender-se mais simbolicamente, no sentido de viagens da
mente ou do espírito, que tanto podem ser a maior amplitude de horizontes ganha
por amplas e variadas leituras, como a penetração que se obtém graças à
meditação e à reflexão cósmica. Entendido o conceito de maneira mais literal,
através das viagens, e misturando-nos com pessoas formadas em diferentes
tradições das nossas, ampliamos a nossas perspetiva de vida. É provável que o
gosto e o estilo de algumas culturas nos atraiam mais umas que outras, mas de
todas as maneiras, assim temos vislumbres de outras facetas das múltiplas
possibilidades da vida e podemos compará-las com as nossas. Viajar permite-nos
ver o mundo de uma perspetiva diferente. É possível que eu mantenha em Londres
uma relação complicada que me gera sentimentos de confusão e incerteza; no
entanto, quando viajo para S. Francisco e reflito sobre ela, a distância
adicional de 9600 km ajuda-me de certo modo a entendê-la com mais claridade que
quando a relação está em frente do meu nariz. O resumo de uma experiência na
Casa 9 poderia ser a visão do Mundo que é concedida ao astronauta que regressa
à atmosfera terrestre. Ali, diante dos olhos tem o quadro inteiro: o nosso
Planeta visto como uma entidade em relação ao espaço sem limites. As
preocupações comuns, banais e cotidianas assumem um proporção diferente depois
de uma experiência assim. John Glenn, o
primeiro americano que esteve em órbita em volta da Terra, tinha Neptuno e
Júpiter na Casa 9.
Os posicionamentos nesta casa designam os
princípios arquetípicos com que nos deparamos nas nossas viagens, e até mesmo é
possível que nos revelem algo sobre a natureza da cultura ou culturas para as
quais nos sentimos atraídos. Por exemplo, Saturno na Casa 9 - pode experimentar
dificuldades ou demoras nas viagens, ou viajar mais especificamente para um fim
prático, como podem sê-lo o trabalho ou o estudo. Henry Kissinger, que foi
embaixador norte-americano no estrangeiro durante o governo de Nixon, tem
Capricórnio na cúspide da Casa 9 e o seu regente -Saturno- em Libra, o Signo da
diplomacia.
Se Plutão ou Escorpião estão na Casa 9, é
possível que noutro país nos sucedam experiências que nos transformem
profundamente, ou que nos sintamos atraídos por um país que tenha Plutão ou
Escorpião como elementos dominantes na sua carta nacional. O Almirante Richard
Byrd, o primeiro homem que viveu sobre o Polo Norte, tinha nesta Casa o
inovador Úrano.
Os posicionamentos nesta casa, indicam as
relações com os sogros. Assim como a Casa 3 a partir do Ascendente descreve os
nossos próprios familiares, a 3ª a partir do Descendente (a Casa 9) descreve os
do (a) nosso (a) companheiro (a). Aqui se verá se as relações com eles são
difíceis ou cordiais. É possível que um parente reflita um planeta que
tenhamos na Casa 9, ou que receba a
projeção desse planeta. Algumas pessoas que têm Júpiter na Casa 9 veem o
Universo num grão de areia, enquanto que outras o poderão perceber na sua
sogra.
As viagens da mente descrevem-se na Casa 9,
conhecida também como a casa da educação superior. Geralmente os
posicionamentos que há nela expressam o campo de estudo escolhido ou a natureza
da experiência universitária em geral. Por exemplo, é possível que Neptuno na
Casa 9 centre os seus esforços em graduar-se em arte ou em música. Mas também,
esse mesmo Neptuno, poderá indicar vacilações e confusão na escolha de matérias
de estudo, ou desilusão e deceção durante a permanência na universidade.
Úrano pode rebelar-se contra os sistemas
tradicionais de educação superior, ou estar empenhado em graduar-se nalgum
campo de atividade novo ou excecional ou ser a primeira pessoa que consiga
ingressar em Oxford aos sete anos (sobredotado).
A Casa 1 é "sou", enquanto que a
oposta é a Casa 7, é "somos". A Casa 2 é "tenho" e a sua
oposta, a Casa 8 é "temos". Da mesma maneira, a Casa 3 é
"penso" e a Casa 9 "pensamos". A Casa 9 descreve as
estruturas do pensamento que se codificam a um nível coletivo e que não somente
incluem, como já mencionei, os sistemas religiosos, filosóficos e educativos,
mas também os sistemas jurídicos e o corpo legislativo.
A Casa 7 corresponde aos tribunais
inferiores, mas a Casa 9 representa os superiores: a lei suprema do país, que
rege a ações do indivíduo dentro do contexto social mais amplo. Na Casa 3
aprendemos coisas sobre nós mesmos em relação com quem faz parte do nosso meio
imediato, mas na Casa 9 acende-se o sentimento da nossa relação com o coletivo
enquanto totalidade. A Casa 9 está associada com a profissão editorial, em que
se disseminam ideias em grande escala.
Na Casa 3 examinamos o que está imediata e
diretamente frente a nós, na Casa 9, vislumbramos aquilo que não só está mais
afastado mas também por "suceder". Os posicionamentos fortes nesta
casa conferem um grau pouco comum de intuição e previsão: a capacidade de
perceber em que direção se move algo ou alguém. A Casa 9 "sintoniza"
com o pulso de uma situação, registando rapidamente as tendências e correntes
na atmosfera. Júlio Verne, o autor de ciência-ficção tão notavelmente dotado
para se antecipar a descobrimentos futuros, nasceu com Úrano na Casa 9. Por um
lado, esta casa dá o profeta e o visionário, no entanto, por outro, indica o
homem mais capaz para as relações públicas ou o promotor empenhado em abrir a
outros perspetivas novas. As energias da Casa 9 podem expressar-se no agente de
viagens que nos indica uma "justamente as férias que necessitamos",
no empresário que nos informa confidencialmente sobre o mais recente e seguro
investimento, no promotor da mais recente das tecnologias chegadas à cidade,
que nos promete a iluminação instantânea num só fim de semana, e no treinador
que com o seu hábil discurso levanta o ânimo da equipa antes do grande jogo; também
é o aficionado das corridas que nos passa o dado do cavalo vencedor, ou o
agente artístico, literário ou teatral que descobre o próximo grande talento.
Na Casa 8 escavamos no passado para
desenterrar os restos da nossa natureza primordial e instintiva. Na Casa 9
olhamos para o futuro e o que ainda está para se desenrolar. De acordo com os planetas
e signos que nela existam e os seus aspetos, podemos ver um futuro cheio de
esperanças e de promessas novas, ou um pesadelo que se esconde ao virar da
esquina, à espera de que sejamos suficientemente tolos para passar por aí. Em qualquer dos casos poderá ser útil refletir
sobre algo que observou Santa Catarina: que "todo o caminho para o céu é
céu".
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