A Casa XII -
Relacionada com Neptuno e Peixes
É um setor que é associado com influências
negativas, em parte é certo, mas possui uma explicação e também, por vezes, um
significado muito mais positivo e profundo.
A Casa XII é o final de um ciclo, todo o
planeta posicionado nela se vê obrigado a procurar mais além, é como se depois
de uma longa aprendizagem se encontrará a essência final do Arquétipo
representado por o/s planeta/s e Signo localizados nesta Casa. Um planeta
posicionado nesta Casa está no final dum ciclo, no qual deve chegar a
transcender o superficial.
Isto leva a que a pessoa não se conforme com
meias tintas nessa área, isso já não é válido, há que procurar mais fundo o
significado. As consequências são que se desprezam muitas oportunidades médias
procurando esse último sentido e por isso o risco de não conseguir nada é muito
maior.
Quando algum planeta difícil se encontra nela
(e se está com mau aspeto ou mal
relacionado com os outros, mais ainda) pode ter-se tendência a experimentar
o negativo do seu significado até às últimas consequências, pode haver uma
atração fortíssima para chegar a conhecer a sua essência, e o avassalador da
dita tendência e do conhecimento que
leva implícito, pode conduzir a uma fuga, seja mediante drogas ou outro tipo de
escapismo, ou também se poderá interpretar como mais que uma fuga, um
sentimento de reconciliação com o todo através do efeito ( na imensa maioria
das vezes pernicioso) de diversas drogas, pois o normal não alimenta e satisfaz
as suas necessidades de profundidade.
Devido a este conhecimento profundo a pessoa
torna-se mais compreensiva nesta área, por isso esta Casa também é a da
compaixão, ao conhecer mais a fundo algo, nos damos conta do complicado e dos
muitos fatores que há que ter em conta para poder julgar, e a pessoa é muito
mais compreensiva do significado por esse planeta/arquétipo e, por conseguinte,
do restante relacionado com essa área.
Vou dar um exemplo que em termos gerais
considero válido, do efeito de um planeta/s nesta Casa:
Vénus está exaltado _bem posicionado_ nesta
Casa, a sua natureza aqui pode ser interpretada desta forma: ao procurar a essência da emotividade, Vénus
não se conforma com um amor egoísta, restringido a um círculo, procura e
interpreta que o verdadeiro afeto deve ser mais amplo, toma consciência do
sofrimento de muitos seres e não pode fechar os olhos a essa última essência
que será a compreensão e, através dela, o afeto a tudo e a todos, pois quando
aprofundamos damo-nos conta de que não é fácil julgar.
Outro exemplo seria o Sol na 12. Os textos
clássicos atribuem-lhe falta de êxito na vida, a pessoa não se destaca, mas é
que o Sol na 12 dá-se conta do efémero do ego e do seu êxito, e também do
injusto disso, pois tem em conta os outros, e simplesmente não o procura (o
êxito) não tem significado real para ele, o seu interesse é chegar a fundir a
sua individualidade (o Sol) com algo mais amplo.
Em termos gerais, as perdas significativas
por esta Casa, poder-se-á dizer que são devidas a um excesso de ambição, no bom
sentido da palavra, é como um jogador que aposta forte porque só quer o máximo,
não se conforma em ganhar um pouco, quer tudo, e, claro está, as possibilidades
de perder e acabar em bancarrota aumentam consideravelmente. Por outro lado, também
é possível que não se atreva a apostar para não perder o que tem, e essa
situação, geralmente na Casa XII, muitas vezes leva a problemas a nível
psicológico.
Porém, a aprendizagem, o gosto pela verdade,
se se sabe, ou se pode aproveitar, que implica esta Casa, dá grandes
satisfações aos que sofrem, ou, no meu humilde entender, desfrutam dos efeitos
de algum planeta nela, embora implique muitas frustrações pois perdem-se
grandes oportunidades em prol dessa busca, e no final podem sentir que lhes
faltou alguma experiência que outros desfrutaram, embora, no fundo, eles não a
tenham desfrutado por estar olhando mais além e não dar importância ao que tinham
à mão, e que outros captaram. Mas, esse é o destino desta Casa (do Signo e o
Planeta/s localizados nela), procurar mais além do normal, pois é o final de um
ciclo.
De todas as maneiras, há muitos casos em que,
como comentei antes, a pessoa não se atreve a enfrentar o desafio dalgum
planeta nesta Casa e pode cair no escapismo que a pode levar a fortes problemas
psicológicos e de saúde.
Em particular, conheço muitos casos com a
Conjunção Úrano-Plutão em Virgem e na Casa XII, ou seja pessoas nascidas entre
1962/69 com Ascendente em Virgem ou princípios de Libra - com fortes problemas
psicológicos -, sobretudo em 1965 que, aumentando a pressão, estava Saturno em
Oposição a esta Conjunção - e de drogas -,
considero que a geração da Heroína desaparece em 69, a partir daí os
casos vão diminuindo de forma bastante radical, também porque Neptuno sai de
Escorpião que agravava a situação. Muitos deles são amantes da Natureza como
poder de cura, podem ter tendência a tentar a medicina natural como
regeneração, em parte, também por ter a maioria destes casos Ascendente Virgem.
Um planeta nesta Casa exige muito à pessoa, o
livre arbítrio neste caso, à parte da facilidade ou dificuldade devida ao
estado harmónico ou desarmónico do dito
planeta por signo e aspetos, está sujeito à sua liberdade para aceitar o
desafio e cumprir o seu destino, ou ficar na estação sabendo que devia apanhar
o comboio, mas partiu, e a estação já não serve, pois sabe, ou melhor, intui, a
intuição é forte nesta Casa, que há algo mais para lá da estação e já não
poderá alcançar para ver.
A esta Casa também se aplica muito o conceito de isolamento, e é lógico, há uma
tendência inata a retirar-se da vida considerada "normal", não nos
enche, não nos serve, parece-nos superficial, há que encontrar respostas que
transcendam essa realidade. Além disso, pode sentir-se necessidade de muita
solidão para libertar a psique, para limpá-la, de tudo o que percebe o seu
radar psíquico, há uma grande necessidade de processar na solidão todo esse
depósito de perceções que o radar psíquico de uma pessoa com forte influência
na Casa XII pode chegar a ter, sobretudo se Saturno, Úrano, Neptuno e ou Plutão
estão situados nela, pois neste caso as perceções podem ser muito negativas,
não positivas, otimistas, benéficas e alegres.
Outra faceta é a dos inimigos secretos,
sempre se associou esta Casa a ter fortes inimigos não declarados. É um ponto
que vejo muito claro, em minha opinião, o porquê: as pessoas com forte
influencia na Casa XII são muitas vezes uma espécie de radares psíquicos, como
lhes interessa muito o oculto e o psicológico frequentemente caminham pela vida
com uma sensibilidade especial para o que está acontecendo no ambiente
psíquico, por trás do aparente. Isto pode resultar muito irritante para as
pessoas que andam com más intenções pois rapidamente percebem que estão sendo
descobertas em parte.
Outra faceta dos inimigos secretos está
associada às pessoas com forte influência de Casas muito ativas -por exemplo a
casa I e a Casa X- e pouco das Casa de
Água -IV , VIII e XII-, estas pessoas
podem considerar muitas vezes as pessoas que têm forte influência na Casa XII
como pessoas com muita lassidão e preguiça, ou seja, podem chegar a ser
consideradas como parasitas e atuar contra elas, a maioria das vezes de forma
encoberta, pois não têm demasiada razão para fazê-lo. Para essas pessoas a vida
é ação, luta e conseguir objetivos. Para as da Casa 12 a vida é NÃO FAZER NADA, tentar compreender e
fundir-se ou chegar a conhecer algo mais transcendente do que a realização
social, é também, em muitos casos querer tentar erradicar tanto sofrimento que
percebem.
Como comenta Howard Sasportas, também há um
velho relato que nos mostra o lado positivo da Casa XII.
"Autorizaram un homem a visitar o Céu e o Inferno. No Inferno vê uma
grande reunião de pessoas sentadas à volta de uma grande mesa posta com toda a variedade de
manjares deliciosos. No entanto, todos aqueles miseráveis morriam de fome. O
visitante não tarda em descobrir que a razão de tão lamentável estado é que
lhes puseram colheres e garfos que eram mais longos que os seus braços e, como
resultado, não podiam levar a comida à boca. Depois o homem é admitido para ir
ao Céu. Encontra-se com a mesma mesa posta, com os mesmos talheres
excessivamente longos. Mas no Céu, em vez de cada um tentar alimentar-se a si
próprio, cada pessoa usa a sua colher ou o seu garfo para dar de comer a outra,
de maneira que estão todos alimentados e felizes."
Que há de épocas anteriores à vida
intrauterina? Muitos astrólogos consideram que a Doze é a "Casa do
Karma". Os reencarnacionistas creem que a alma imortal do Homem está numa
viagem de aperfeiçoamento e retorno às suas fontes que não se pode cumprir no
curto prazo de uma vida. Mais que o azar, existem leis definidas cuja operação
determina as circunstâncias de cada lapso vital ou de cada etapa da viagem. A
cada nova encarnação trazemos connosco a colheita da experiência proveniente de
vidas anteriores e também capacidades latentes em espera para ser cultivadas.
Causas que se puseram em movimento em existências prévias influem sobre o que
encontramos na atual. A alma escolhe o determinado momento para nascer porque o
desenho astrológico se adequa às experiências que necessita ter no seu estádio
atual de crescimento. Neste sentido, toda a carta é uma imagem do nosso Karma,
tanto daquilo que acumulámos como resultado de ações passadas como do que
necessitamos despertar para seguir avançando. Mais especificamente a 12ª Casa
mostra-nos "o que trazemos" do passado, e que atuará nesta vida, quer
na coluna do débito ou na coluna do crédito da nossa conta.
Quer nos refiramos ao "efeito
umbilical", ou à teoria do Karma e da reencarnação, os posicionamentos da
Casa XII descrevem influências que descenderam até nós por obra de causas e
fontes que evidentemente não podemos recordar nem ver. Através da Casa IV, de
água, herdamos ou conservamos vestígios do nosso passado ancestral. Na XII, é
possível que estejamos recetivos à influência de uma reserva de memória ainda
mais vasta, que Jung chamava inconsciente coletivo: a memória inteira da raça
humana na sua totalidade. Jung definiu o inconsciente coletivo como "a
condição prévia de cada psique individual, assim como o mar é o portador de
cada onda". De certo modo, tal como demonstra a Casa XII, cada um de nós
está ligado ao passado e é portador da memória de experiências que vão muito
mais além do que pessoalmente conhecemos.
Agora vou definir o normalmente aceite em
astrologia desta Casa XII. São palavras-chave que ajudarão na compreensão de
todo o texto:
O desejo de regressar ao estado de unidade
original. O sacrifício do sentimento de ser separado para se fundir com algo
mais vasto, apesar do temor à dissolução dos limites. Nebulosidade, confusão
empatia e compaixão. Tendências escapistas. A meditação e a oração. A imersão
no álcool, nas drogas e outros prazeres substitutos da "totalidade".
O serviço aos outros, a causas e crenças ou a Deus. Atividade entre bastidores,
padrões e complexos inconscientes. O ver-se arrastado por compulsões
inconscientes. Os inimigos ocultos, os sabotadores internos ou externos.
Influências provenientes de causas ou fontes que nem sempre recordamos. O
efeito umbilical e a vida intrauterina. O Karma, o que trazemos de vidas anteriores.
As energias que nos sustentam ou nos aniquilam. O acesso ao inconsciente
coletivo, as imagens míticas e o âmbito imaginário. O inconsciente como armazém
do passado, mas também como possibilidades futuras. Como vamos ou estamos em
hospitais, prisões, museus, bibliotecas ou outras instituições. Alguma
indicação da carreira. O que sentimos que temos de redimir; aquilo do qual
esperamos a imortalidade.
Algumas pessoas com posicionamentos na Casa
XII servem como mediadores e transmissores de imagens universais, míticas e
arquetípicas que pertencem ao nível do inconsciente coletivo. Em diversos
graus, certos artistas, escritores, compositores, atores, líderes religiosos,
terapeutas, místicos e profetas atuais conectam com este âmbito e convertem-se
em veículos que transmitem a outros a inspiração do que eles
"sintonizaram". O compositor Claude Debussy, que tinha nesta Casa a
sensualidade de Vénus. William Blake, com a imaginativa e sensível Lua em
Câncer; o poeta Byron, que com o seu manejo lúdico e expansivo da palavra, em
forma de rima, fortaleceu todo o
movimento romântico, tinha Júpiter em Gémeos na Casa XII. Também o visionário
Pierre Teilhard de Chardin, com o Sol, Neptuno, Vénus, Plutão e a Lua reunidos
na mesma Casa XII, são outros tantos casos que o demonstram.
É como se as energias da Casa XII não
estivessem destinadas a ser usadas com fins exclusivamente pessoais. Talvez o
que se nos pede seja que expressemos esse princípio no interesse de outros e
não somente no nosso. Por exemplo, é provável que quem tenha Marte nesta Casa
assuma o papel de ser quem trava uma batalha ou defenda uma causa em nome de
outras pessoas. Desta forma, é como cedêssemos o nosso Marte ou o
"oferecêssemos", a outros. Nesta mesma Casa, é possível que Mercúrio
anuncie o que outras pessoas pensam ou se converta em porta-voz das suas
ideias.
Há pessoas que, por causa da localização dos
posicionamentos na Casa XII, levam o que poderíamos chamar uma "vida
simbólica", querendo isto dizer, que os problemas da sua vida individual
refletem as tendências ou os dilemas existentes na atmosfera coletiva. Por
exemplo, Mahatma Gandhi com o Sol em Libra na Doze, converteu-se para milhões
de pessoas, na encarnação vivente do princípio libriano da coexistência
pacífica. Hitler, tinha nesta Casa XII Úrano, que o condicionou especialmente
para se abrir a ideologias que naquele momento podem ter estado no ar. Bob
Dylan tem Sagitário na cúspide da Casa XII, e Júpiter seu regente na Casa V,
que é o setor da carta que se relaciona com a expansão criativa. Graças à sua
música, Dylan foi por sua vez o porta-voz e o inspirador de muitas das
tendências contra culturais da década dos anos sessenta. Numa região de
Inglaterra, onde não há quase ninguém de cor, nasceu e criou-se uma mulher
negra com Úrano em Câncer na Casa XII. Ao ter de integrar-se na vida da cidade
estava não só resolvendo o seu próprio dilema, mas também lutando pela causa de
muitos outros negros.
A Casa XII chama-se a casa dos "inimigos
secretos" e de "atividades entre bastidores". Isto poder-se-á
tomar literalmente no sentido de pessoas que conspiram ou tramam algo contra
nós. No entanto, é mais provável que tenha que ver com as debilidades ou forças
que se ocultam em nós mesmos e que sabotam a realização das nossas metas e
objetivos conscientes. Em poucas palavras, que os impulsos e compulsões
inconscientes que aparecem nos posicionamentos da Casa XII podem desviar-nos da
realização dos nossos objetivos conscientes. Por exemplo, se um homem tem a Lua
e Vénus na Casa VII, isso cria uma forte urgência de relação íntima com outra
pessoa. Mas, se o mesmo indivíduo tem também Úrano na Casa XII, o fato leva-nos
a pensar que, inconscientemente, pode haver um desejo tão intenso de liberdade
e independência que o leva a sabotar, sem se dar conta, qualquer tentativa de
estabelecer vínculos que o limitem. Geralmente, quando se produz algum conflito
entre objetivos conscientes e inconscientes, o que ganha é o inconsciente.
Neste caso, é provável que o sujeito só se sinta atraído habitualmente por
mulheres que, por não serem livres, não podem casar-se, ou por alguma razão não
estão dispostas a responder favoravelmente às suas propostas.
É possível que aqueles que tenham
posicionamentos difíceis nesta casa se "desmoronem" sob a pressão da
vida, ou que caiam presos do poder de complexos inconscientes que, ao emergir à
superfície, os ponha perante a necessidade de ser cuidados e controlados. A
outros restringe-os, limita-os ou encerra-os porque eles são considerados
perigosos para o bem-estar da sociedade. Em qualquer destes casos, a estas
pessoas é-lhes imposta a vontade de uma autoridade superior, compatível com o
princípio da Casa XII que o indivíduo se submete a algo maior que ele mesmo.
Não é excecional encontrar pessoas que têm posicionamentos nesta casa, trabalhando
neste tipo de instituições. Os reencarnacionistas creem que mediante a boa
vontade e este tipo de serviço é possível apagar o "mau karma" do
passado.
Seria impróprio que me referisse a esta casa
sem mencionar as investigações
realizadas por Gualquilin, que ao analisar as carreiras de desportistas de
êxito, encontrou uma correlação com Marte no setor da Casa XII da carta natal.
de modo similar, os médicos e os cientistas, tendem a ter nela Saturno, os
escritores a Lua e os atores Júpiter. De acordo com estes estudos, parece que os planetas que se encontram na
Casa XII (e em certa medida na Casa IX, na IV e na III) determinam
significativamente o carácter e a profissão do indivíduo. Isto surpreendeu
muitos astrólogos, que supunham que os posicionamentos na Casa I ou na Casa X
deviam ser mais fortes neste aspeto.
No entanto, cabe perguntar se estas
descobertas são a tal ponto surpreendentes à luz do que sabemos da Casa XII. Os
desportistas captam a necessidade coletiva de competir e de ser os primeiros
(Marte); os escritores sintonizam com a imaginação coletiva (Lua) e os
cientistas servem a necessidade coletiva de classificar e estruturar (Saturno).
Nalguns casos, a acentuação da Casa XII
contribui para a falta de uma identidade clara e condiciona uma vivência de
nebulosidade, uma vida de desorientação em que a pessoa se sente um vítima
aprisionada pelas tendências e os movimentos inconscientes que há na atmosfera,
e por um sentimento distorcido do valor do sofrimento e do sacrifício de si
mesmo. Por outro lado, o conceito característico desta Casa de renunciar ao
sentimento de ser uma entidade separada, dá origem a uma empatia e uma
compaixão autênticas, a um espírito de serviço abnegado, â inspiração artística
e, em última instância, a capacidade de fusão com o GRANDE TODO.