O MEIO-CÉU
Crescer e amadurecer são por vezes sinónimos
de conquista e realização dos sonhos e objetivos que vislumbrámos. Este
processo é simbolizado pelo signo do Meio-Céu, a posição do seu regente e dos
planetas que se encontram na Casa 10. Embora o signo do Meio-Céu não seja
sempre evidente de uma forma externa, constitui uma parte importante do Mapa
Natal, porque descreve a manifestação e o desenvolvimento da vocação do
indivíduo e a sua posição no mundo.
Enquanto somos jovens, geralmente não nos
identificamos com a energia representada pelo signo do nosso MC, a menos que
neste signo se encontrem também um ou vários planetas pessoais. O Meio-Céu
simboliza as características para as quais avançamos espontaneamente à medida
que nos vamos tornando maiores, no entanto, para chegar a elas devemos
esforçarmo-nos. O MC representa conquista, autoridade, o nosso potencial de
contribuição social e a nossa vocação ou ocupação. Conseguimos a nossa
realização aprendendo a expressar a energia representada pelo signo do nosso
Meio-Céu.
O PLANETA REGENTE DO MEIO-CÉU
O planeta regente do signo em que se encontra o MC não só é
importante devido ao seu significado simbólico em geral, mas também, porque a
casa que ocupa esse planeta quase sempre mostra onde a sua verdadeira vocação é
o foco mais claro. Esta casa representa um campo de experiência que se sente
como a vocação autêntica da pessoa a um nível muito profundo. Se o MC de um indivíduo
tem um regente tradicional e um regente moderno, pode ser importante a posição
de ambos nas casas. No entanto, o signo que ocupe o regente tradicional é
normalmente mais importante que o do regente moderno.
PLANETAS NA CASA 10 E ASPETOS QUE FORMA O
MEIO-CÉU
Os planetas na Casa 10 e sobretudo os que
estão em conjunção com o MC (são considerados os que estão também no final da
casa 9 com orbe 5º +-) representam maneiras de ser, características e tipos de
atividade que são extremamente importantes para o indivíduo e que este
respeita. Devido a este senso de respeito, a pessoa tende a mostrar essas
características ou a expressar publicamente essas energias para que os outros
pensem bem dela.
Os outros aspetos que forma o MC têm um
efeito praticamente igual que o da conjunção. O tipo de aspeto é muito menos
importante que o planeta concreto que intervenha no dito aspeto e na exatidão
deste. Do ponto de vista tradicional os aspetos formados pelo MC estão
correlacionados com a autoexpressão pública, a profissão e os objetivos
vocacionais do indivíduo. Qualquer planeta em aspeto com o MC indica um tipo de
energia e orientação que são essenciais para que a pessoa assuma o seu papel no
mundo e também serem úteis na sua contribuição para a sociedade.
Por exemplo, se Vénus está em aspeto com o
MC, para o indivíduo é importante contribuir para a sociedade com algo
artístico e belo. É provável que as interações de pessoa para pessoa sejam
muito importantes para ele e também que se preocupe por dar uma contribuição
louvável e cooperativa para a sociedade.
Outros exemplos:
Nas cartas de 3 editores que me vieram de repente
à mente, Júpiter forma um aspeto quase exato com o MC nas três: Conjunção numa
delas e sextil nas outras duas. Tradicionalmente, Júpiter é o planeta das
publicações.
O MEIO-CÉU E A CASA 10
O que a casa 9 prevê, a Casa 10 traz à Terra.
Nos sistemas de divisão de casas por quadrantes, o Meio-Céu - o grau da elítica
que atinge o seu ponto mais alto no meridiano dum lugar qualquer - assinala a
cúspide da casa 10. O MC é o ponto mais elevado do Mapa Natal e, simbolicamente
falando, os posicionamentos que aqui haja destacam-se por cima de todos os
outros no horóscopo. As qualidades de qualquer signo ou planeta que se encontre
nesta posição correspondem àquilo que em nós é mais visível e acessível aos
outros, o qual se "destaca" em nós. Enquanto que o IC e a casa 4 (a
casa oposta) representam como somos em privado, e como nos conduzimos em casa,
na nossa intimidade, o MC e a casa 10 (naturalmente associada com Saturno e com
Capricórnio) indicam a nossa maneira de nos comportarmos publicamente, a imagem
que queremos apresentar ao mundo, o tipo de roupa que vestimos para sair. Liz
Greene diz que o MC e a casa 10 são a nossa "taquigrafia social" a
forma em que mais gostaríamos que os outros nos vissem e a descrição que lhes
damos de nós mesmos.
De acordo com a elevada posição do MC, os posicionamentos deste
setor do mapa sugerem aquelas qualidades pelas quais queremos que nos admirem,
nos elogiem, nos tomem como modelo e nos respeitem. Pelos signos e planetas que
aqui se encontram esperamos alcançar realizações, honras e reconhecimento. Os
posicionamentos na casa 10 indicam aquilo pelo que mais gostaríamos que nos
recordassem como a nossa contribuição ao
mundo. É a casa da ambição por trás da qual estão escondidas e
aprisionadas, a compulsão e a urgência de ser apreciado e reconhecido. Os
antigos gregos acreditavam que se um realizava um ato verdadeiramente nobre ou heroico,
a sua recompensa era ser convertido numa constelação no céu, para que todos o
vissem por toda a eternidade. Para além do reconhecimento que nos proporciona o
fato de sermos famosos, significa que viveremos eternamente na memória das
pessoas. Para o ego isolado na sua própria finitude e tão temeroso dela, esta
ideia é muito tranquilizadora.
A natureza da nossa contribuição à sociedade,
o mesmo que o nosso status e lugar no mundo manifestam-se no signo que ocupa o
MC, nos planetas que há na casa 10 e, como o sugerem os estudos de Gualquelim -
"em qualquer planeta do lado da Casa 9" - Também o planeta que rege o
signo no MC e sua posição por signo, casa e aspeto, derramam luz sobre a
carreira e a vocação. No entanto, também outros setores da carta (tais como a
casa 6, a casa 2 e os aspetos do Sol, etc.) têm considerável influencia sobre o
problema da profissão, e a carta astral deve ser cuidadosamente avaliada na sua
totalidade para poder aconselhar con sensatez neste aspeto.
Nalguns casos é possível que os signos e
planetas na casa 10 e no MC do lado da casa 9 descrevam literalmente a natureza da carreira do indivíduo. Por
exemplo, Saturno nesta posição poderá indicar um professor, um juiz ou um
cientista; Júpiter, um filósofo, ator ou agente de viagens, e a Lua, uma pessoa
dedicada profissionalmente ao cuidado das crianças. O famoso escritor alemão
Thomas Mann tinha o comunicativo signo de Gémeos no MC e Mercúrio na casa 10.
Franz Schubert, o compositor austríaco, tinha o MC em Peixes, signo musical, e
o seu regente Neptuno, na casa 5, a casa da expressão criadora.
No entanto, é mais seguro supor que as
posições próximas do MC e na casa 10 não sugerem tanto a profissão real mas sim
como a forma de uma pessoa enfrentar a sua carreira, de que maneira conduz e
organiza o trabalho. Será mais provável que cumpra com a letra estrita da lei o
juiz que tenha Saturno na Casa 10, enquanto que quem tenha ali Úrano terá
tendência a uma leitura mais individualista, menos convencional e talvez, para
outros, escandalosa.
O tipo de energia que exibimos ou com que
tropeçamos para ir atrás de uma vocação, relaciona-se também com os
posicionamentos na casa 10. Quem tenha ali Saturno ou Capricórnio esforçar-se-á
larga e pacientemente por chegar ao alto; Marte ou Carneiro são agressivos e
impacientes nesta esfera da vida, no entanto, Neptuno ou Peixes, podem estar
desorientados ou confusos quanto ao seu papel na sociedade.
A casa 10 poderá descrever também o que
representamos e simbolizamos para os outros. Marte, poderemos vê-lo como um
fanfarrão, mas também como o pináculo da coragem e de força; Neptuno, pode ser
um santo ou um mártir, ou uma vítima por vezes, e Vénus poderá simbolizar a quinta-essência
do estilo, o gosto ou a beleza.
Assim como a casa 4 é associa com o pai, a
casa 10 é atribuída à mãe. No começo da vida, ela é para nós o mundo inteiro.
Os primeiros modelos de vínculo, os estabelecidos com ela, refletir-se-ão mais
tarde na vida e na forma em como nos relacionamos com o mundo exterior em geral.
Por outras palavras: a natureza do que sucede entre mãe e filho (tal como o
mostram o MC e os posicionamentos na casa 10) volta a emergir numa etapa
posterior do desenvolvimento, como a nossa maneira peculiar de nos conectarmos
com a sociedade e o mundo "de fora" na sua totalidade. A quem
encontrou na mãe rasgos ameaçadores e potencialmente destrutivos (como poderia
sugeri-lo um Plutão com aspetos difíceis na casa 10), o mundo parecer-lhe-á
mais tarde um lugar pouco seguro, do qual, tentará defender-se. Se a mãe foi um
ser afetuoso e capaz de brindar apoio (como podem mostrá-lo os posicionamentos
nesta casa), o indivíduo levará consigo a expectativa de que o mundo o tratará
de forma similar.
Se associamos a casa 10 tanto com a mãe (ou
com aquele dos pais que influencia mais sobre a criança) como com a carreira,
então a escolha vocacional pode estar de alguma maneira influenciada pela
experiência que tenhamos dessa figura parental. Por exemplo, se Marte está na
casa 10, é provável que a mãe tenha impressionado a criança como dominante e
autoafirmativa. A criança guarda, portanto, contra ela ressentimento e raiva e
cresce com o desejo de alcançar uma posição de poder e de autonomia capaz de
impedir que a dominem e maltratem como aconteceu no início da sua vida. A
situação de combate com a mãe configura um modelo de situação de combate com o
mundo. Mas às vezes o fator subjacente na escolha da profissão é o desejo de
conquistar o amor da mãe (com o qual asseguramos a sobrevivência). Por exemplo,
se Mercúrio está na casa 10, é provável que a criança tenha "vivido"
a mãe como expressiva e inteligente. Como sente então, que essas são as
características que valoriza e aprecia a sua mãe, esforça-se para ganhar o amor
e o apoio dela cultivando-as em si mesmo. Estabelece-se a expectativa que ao
destacar-se desta maneira se alcança o reconhecimento, e consequentemente, em
etapas posteriores da vida o indivíduo procurará uma carreira que ponha em
primeiro plano as qualidades mercurianas.
Nalguns casos pode ser a competência
referenciada através da mãe o que nos acicata na direção de certa carreira. Se
Vénus está na casa 10, existe a probabilidade de que a mãe tenha sido percebida
como bela e fascinante; em certo sentido, Vénus foi projetada sobre a mãe. Com
o fim de recuperar as suas próprias qualidades venusianas, é provável que a
criança procure mais adiante uma profissão em que possa sentir que a admiram
pela sua beleza, a sua elegância ou o seu bom gosto.
Na sua expressão mais simples a casa 10
descreve aquelas qualidades da mãe (ou de qualquer dos pais) que existem também
em nós, gostemos ou não. O problema complica-se, no entanto, pela possibilidade
dos posicionamentos na casa 10 denotarem com frequência aspetos da
personalidade da mãe que " não foram vividos", ou seja, atributos ou
características que ela não expressou nem representou conscientemente durante
os anos de crescimento da criança.
É provável que os planetas e signos nesta
casa descrevam como o indivíduo teria gostado ser a mãe se fosse permitida a
oportunidade. Uma criança que seja extremamente sensível â psique materna e às
tendências ocultas na atmosfera caseira, não só será recetiva ao que a mãe
manifeste exteriormente, mas também ao que ela esteja negando ou suprimindo.
Deste modo, a criança pode ver-se levada a viver por ela o aspeto de sombra da mãe,
como se ao fazê-lo assim pudesse integrá-la mais e redimi-la. Por exemplo, a
mãe de uma criança que tenha Úrano na casa 10, pode ter parecido exteriormente
muito convencional, rígida e reprimida, enquanto que sob a superfície se ocultavam
sentimentos explosivos e um desejo, de espaço de liberdade e de romper com
tudo. De alguma forma, estes aspetos uranianos não expressados comunicam-se à
criança, que cresce com a compulsão de representar precisamente aquelas
qualidades que a mãe não se permitiu manifestar.
A localização de muitos planetas na casa 10,
geralmente sugere alguém ambicioso e ansioso para o reconhecimento, status e
prestígio. Normalmente aos homens é-lhes permitido mais do que às mulheres ir
atrás da satisfação dessas necessidades.
Para uma mulher com a casa 10 forte, pode ser
mais fácil procurar como parceiro um homem que seja poderoso ou famoso e por
intermédio dele, "importar", para ela uma posição no mundo. Pode até
ser ela que o impulsione à fama e à procura de prestígio. Mas, em última análise,
pode ressentir-se de que seja o marido e não ela quem colhe os aplausos e é
provável que, conscientemente ou não, encontre formas de castigá-lo por isso.
Da mesma maneira, pode ser que um dos pais,
ou ambos, se tiverem uma casa 10 forte cujas necessidades de realização e de
reconhecimento não chegaram a concretizar-se, passem essas necessidades sobre
um filho. É provável que algumas crianças colaborem com a projeção, embora
outras talvez se rebelem contra ela e, com frequência, terminem sendo
exatamente o contrário do que o ou os pais esperavam.
A casa 10 estende-se para além da mãe (ou pai
conforme o caso), para designar a nossa relação com as figuras da autoridade em
geral. É frequenta que numa época mais tardia os primeiros sentimentos de raiva
e rejeição ao ver-se ignorada, ou mal tratada por o adulto em função de pai
terminem por distorcer a realidade das interações com outros símbolos de poder.
É provável que a causa do revolucionário seja verdadeira e justa, mas o estilo,
a forma ou a intensidade com que abraça as suas convicções pode pôr em
evidência, a partir de um ponto de vista reducionista; contaminação de
situações anteriores geradas a partir do esquema dos pais. Com isto não se
pretende diminuir nem julgar aqueles que se opõem ao que está errado na
sociedade, mas adverti-los que é sensato prestar atenção à casa 10 e às suas
implicações psicológicas. Deferir um murro na cabeça do chefe ou bombardear com
ovos o primeiro ministro é uma forma de canalizar a "criança
colérica" que todos temos dentro de nós, mas talvez não seja esta a forma
mais eficaz de promover mudanças, até mesmo as mais necessárias.
Na sua posição no mais alto da carta natal, a
casa 10 significa a realização e o cumprimento da personalidade individual
através da satisfação pessoal obtida ao aproveitarmos as nossas capacidades e
talentos para servir a sociedade e influir sobre ela. Há ainda aqueles que
podem muito bem ganhar elogios e reconhecimento públicos do seu valor e
dignidade.
Desde a casa 1 à casa 10 já se percorreu um
longo caminho. Na casa 1 nem sequer tínhamos consciência de nós mesmos como
entidades separadas; ainda não nos dávamos conta da nossa própria existência individual.
No entanto, quando chegamos à casa 10 já evoluímos o suficiente, não só para
ter um sentimento mais sólido e concreto de quem somos, mas também para
conseguir que nos estimem por isso.
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