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terça-feira, 31 de agosto de 2010

HISTÓRIA DA ASTROLOGIA - A IDADE MÉDIA



(...Continuação)

Segundo os historiadores, o período que vai, aproximadamente, desde o início do século XI ao final do século XIII foi particularmente negro para a astrologia. De facto, diz-se que quase deixou de ser usada no Ocidente. Contudo, isso não é verdade – sobretudo no campo da astrologia médica.

A PESTE NEGRA E A ASTROLOGIA DA CORTE
Durante muitos séculos, o estudo da medicina esteve intrincadamente ligado ao estudo da astrologia. De facto, até finais do século XVIII, ainda era impossível alguém tornar-se médico sem passar num exame de astrologia e era vulgar usar as posições planetárias no diagnóstico e tratamento.
A Peste Negra de meados do século XIV ilustra essa ligação. Enquanto aquela devastava a Eurásia, matando cerca de 25 milhões de pessoas só na Europa, os astrólogos começaram a publicar a sua opinião acerca da causa. O Rei Filipe VI solicitou à Faculdade de Medicina da Universidade de Paris a sua opinião sobre a origem da praga. Enquanto outros astrólogos culparam o eclipse lunar total de 18 de Março de 1347 (os eclipses eram sempre considerados malignos), a Faculdade defendia que a tripla conjunção de Marte, Júpiter e Saturno em Aquário, em Março de 1345, era responsável pela “corrupção perniciosa do ar envolvente, bem como outros sinais de mortalidade, fome e outras catástrofes.” Era uma teoria fundamentada que melhorou imenso a reputação da astrologia.
É de referir que nessa e noutras épocas de praga posteriores, os astrólogos serviram corajosamente o público usando os seus conhecimentos de medicina. Tanto os médicos amadores como os profissionais ficavam muitas vezes com os doentes, em vez de fugir do contágio.

ASTROLOGIA MÉDICA
Por esta altura, as diversas teorias da astrologia já tinham sido bem exploradas.
Baseavam-se não só no “Homem Zodíaco”, mas na teoria antiga dos “humores” – sangue, fleuma, cólera e melancolia – que devem manter-se em equilíbrio para a pessoa permanecer saudável.
A posição da Lua era muito importante, sobretudo quando um cirurgião estava prestes a sangrar um paciente – e o sangramento era considerado a cura milagrosa para quase todas as maleitas, pois ajudava a repor o equilíbrio com os outros humores. Não devia ser feito quando a Lua ocupasse o signo do Zodíaco que governava a parte do corpo que estava ferida ou a causar doença – por exemplo, se a Lua estivesse em Escorpião, seria uma loucura sangrar as virilhas (a área corporal de Escorpião). O sangramento era fácil na Lua Cheia, mas demorava séculos na Lua Nova (algo que se verificou, incidentalmente, nas transfusões sanguíneas do século XXI).
Tudo isso se sabia há séculos – como se vê pelos escritos dos astrólogos que, pelo início do século VIII, começaram a sair da sombra: por exemplo, Aldhelm (639-709), que escreveu tratados sobre o assunto, e Alcuíno, (732-804), que se tornou amigo e conselheiro do imperador Carlos Magno, A Igreja em Inglaterra interessava-se especialmente pelo assunto e muitas igrejas tinham belos Zodíacos – a Abadia de Croyland, por exemplo, tinha um com Júpiter representado a ouro, Marte a ferro, o Sol num metal amarelo semelhante a latão e Mercúrio a âmbar.

Parte da Tapeçaria de Bayeux - Retrata o cometa Halley, visto como mau presságio para o rei Harold


ASTROLOGIA DA CORTE
Guilherme, o Conquistador, pediu ao seu astrólogo que definisse o momento da sua Coroação – ao meio-dia do dia de Natal de 1066 – que é usado por muitos astrólogos modernos como “hora do nascimento” da Inglaterra.
A morte do rei Harold tinha sido prevista anteriormente através da aparição de um cometa – evento representado na tapeçaria de Bayeux, com um astrólogo preocupado a anunciar a sua presença ao malfadado rei.
Talvez o maior erudito inglês do século XI tenha sido Adelard (ou Ethelhard), que escreveu livros sobre astronomia e alquimia e traduziu vários textos astrológicos árabes que explicavam ao leitor como traçar um mapa. Ele acreditava que os planetas eram “animais superiores e divinos” que eram “as causas e o princípio das naturezas inferiores” e que aquele que os estudasse poderia perceber o presente e o passado e prever o futuro.
Adelard defendia a importância da astrologia no estudo da medicina e garantia que isso contribuía para a formação de médicos melhores do que “o médico tacanho que não tem em conta outros efeitos para além dos da natureza inferior”.
Havia eruditos menos entusiastas. Um dos primeiros a distinguir astrologia de astronomia foi William of Conches – que tinha viajado imenso antes de se ligar à corte de Geoffrey Plantageneta, onde foi professor do futuro rei Henrique II de Inglaterra. Os astrólogos, dizia, tratavam os fenómenos celestiais de acordo com o que eles pareciam ser, quer tal fosse exacto ou não, enquanto os astrónomos tratavam as coisas como elas eram, mesmo que não o parecessem.

A ASTROLOGIA E A IGREJA
Contudo, William of Conches estava sozinho. Durante o século XII, chegaram ao Norte da Europa numerosos textos astrológicos em latim. O estudioso Gerard of Cromona (1114-87) traduziu mais de 70 livros, entre os quais o Almagesto de Ptolomeu e obras de Aristóteles até então desconhecidas.
A Igreja não restringiu a propagação dos conhecimentos astrológicos: afinal, muitos eclesiásticos importantes estavam convencidos de que Deus tinha posto as estrelas e os planetas no céu por alguma razão e estavam tão desejosos de teorizar sobre o assunto como os outros.
Os maiores eruditos, como Roger Bacon (1214-92), Albertus Magnus (1200-74) e S. Tomás de Aquino (1225-74), participaram todos no debate e não puderam deixar de concordar com Robert Grosseteste (1175-1253): “a natureza inferior não realiza nada a não ser que o poder celestial a mova e a conduza da potência ao acto.” No fim de contas, tudo o que podiam fazer era chegar a um meio-termo: Berthold of Regensburg (1200), por exemplo, estava certo de que “tal como Deus deu poderes às pedras, às ervas e às palavras, também deu poder às estrelas, que têm poder sobre todas as coisas excepto uma…Sobre essa coisa, nenhum homem tem poder, nem força, e também não o têm as estrelas, nem as ervas, nem as palavras, nem as pedras, nem anjo, nem diabo, nem qualquer homem, mas apenas Deus; é o livre arbítrio do homem.”

ASTROLOGIA E SOCIEDADE

Em épocas menos infelizes do que a da Peste Negra, as pessoas comuns pouco ouviam falar de astrologia, embora por vezes fossem afectadas pelas previsões astrológicas. Em 1186, por exemplo, lançou-se o pânico entre os Ingleses devido à aproximação da conjunção de planetas em Balança; em muitas igrejas, realizaram-se cerimónias para convencer Deus a dominar os planetas e mitigar o desastre. Ele terá ouvido as preces, pois não houve qualquer desastre.
Com a realeza e a nobreza da Europa, era diferente: todos consultavam astrólogos. No século XII, há registo do primeiro astrólogo cortesão importante desde a época romana – Michael Scot, que, quando morreu cerca de 1230, era astrólogo do imperador romano Frederick II. Scot era venerado como “áugure, adivinho, um segundo Apolo” e fez um bom trabalho sobre, por exemplo, os efeitos da Lua sobre a menstruação. Também estudou o modo como posições diferentes (de acordo com as regras planetárias) durante a cópula produziam efeitos diferentes na concepção. Após o casamento de Frederick e Isabella, irmã do rei Henrique III da Inglaterra, o casal recusou-se a consumar o casamento até Scot calcular “a hora adequada.”
Guido Bonatti foi um astrólogo cortesão ainda mais importante. Dante descreve-o como um dos sofredores da quarta divisão do oitavo círculo do Inferno – que está entre os espíritos que durante a vida passaram demasiado tempo a tentar prever o futuro e agora estão condenados a deambular com a cabeça virada para trás. Bonatti professor na Universidade de Bolonha, fez uma bela carreira como conselheiro dos príncipes europeus: entre outras coisas, colocava-se nas muralhas de um castelo e, no momento favorável, tocava um sino para anunciar a hora de sair para a batalha. Não era muito modesto nas suas pretensões: “O astrólogo sabe todas as coisas: tudo o que aconteceu no passado, tudo o que acontecerá no futuro – tudo lhe é revelado, pois ele conhece os efeitos dos movimentos celestiais passados, presentes e futuros e por isso sabe o momento em que actuarão e os efeitos que deverão produzir.”
Nos séculos posteriores, poucos astrólogos estariam preparados para afirmar o mesmo.


(Continua…)
Texto do livro – “ASTROLOGIA” – Júlia e Derek Parker



segunda-feira, 28 de junho de 2010

HISTÓRIA DA ASTROLOGIA - OS PRIMEIROS CRISTÃOS

Parte de um vitral representando os Signos do Zodíaco - Catedral de Notre Dame


(…Continuação)


A cristandade e a astrologia têm sido estranhas companheiras. Inicialmente, havia pouca desarmonia, mas com o tempo, as divisões tornaram-se mais antagónicas. Contudo, em momentos e locais em que se poderia esperar que a hostilidade estivesse no auge, a cristandade mostrou pouco desejo de acrimónia e, em vez disso, revelou-se curiosa sobre o assunto.

SEGUINDO AS ESTRELAS
Os primeiros cristãos não abdicavam da ideia de que os três Reis Magos foram conduzidos até Belém, ao Menino Jesus, por uma estrela (provavelmente uma conjunção tripla de Júpiter, Saturno e Úrano). De facto, certamente os primeiros cristãos achariam muito provável que o nascimento do filho de Deus fosse assinalado nos céus.
Nos três séculos seguintes, a astrologia e a nova religião coexistiram pacificamente, embora houvesse críticos. S. Clemente Romano – um amigo e confidente de S. Pedro e o seu terceiro sucessor como Papa – teria afirmado que os planetas e as estrelas tinham sido postas no céu por Deus para “poderem ser uma indicação de coisas passadas, presentes e futuras.”
Referiu-se aos 12 apóstolos como 12 Meses de Cristo, que era Ele próprio o Ano de Nosso Senhor.

SURGE O CONFLITO
S. Clemente admitiu que “as estrelas” podiam ter um efeito pernicioso, mas garantiu que o Homem podia resistir a ele, pois seria impensável que Deus fizesse o Homem pecar devido a uma disposição perniciosa dos planetas e depois o castigasse por isso. Por outro lado, Tertuliano, que nasceu cerca de 160 d.C. e foi talvez o mais influente dos primeiros teólogos cristãos, defendia que tinham sido os anjos caídos a ensinar a astrologia ao Homem. Mas o mais importante dos primeiros oponentes cristãos da astrologia foi Santo Agostinho (345-430), que argumentou contra ela nas obras Doutrina Cristã e A Cidade e Deus.
Como muitos eclesiásticos, Stº Agostinho não estudou o assunto, apenas repetiu argumentos antigos de eras pré-cristâs. As suas objecções baseavam-se numa ideia errada da natureza da teoria astrológica, mesmo do modo como era praticada na sua época. Quando, por exemplo, defendia que a astrologia é ridícula porque uma vaca e um bebé humano que nasçam no mesmo instante não têm exactamente a mesma vida, estava a demonstrar a sua ignorância relativamente ao que a astrologia afirmava, o que enfraquecia os seus argumentos mais fortes.

DEFENSORES DA ASTROLOGIA
Outros dos primeiros teólogos tinham posições diferentes. Julius Firmicus Maternus, contemporâneo de Stº Agostinho, escreveu um longo tratado sobre astrologia. Em Matheseos (354), aceita a doutrina do livre arbítrio mas acha estranho que os homens vejam as estrelas e planetas como meros elementos decorativos. Retomando os principais argumentos anti-astrológicos um por um, derruba-os com facilidade, demonstrando que, em grande parte, os críticos simplesmente não tinham tentado perceber a natureza ou a técnica da teoria que atacavam. Admite que alguns astrólogos são intrujões e outros tolos e reconhece que o assunto é complicado. Mas afirma que a mente humana é tão competente para lidar com a astrologia como com o mapeamento dos céus e a previsão das rotas dos planetas. Com uma argumentação apresentada de modo brilhante e imensamente complexa, Firmicus derruba contundentemente a superstição e os seus praticantes – “mágicos” que apenas querem assustar as pessoas. Opõe-se ao secretismo e reivindica que os astrólogos, em vez de se esconderem dos olhares públicos como se tivessem vergonha, se coloquem sob a protecção de Deus e rezem para que Ele lhes conceda a “graça de tentar explicar as rotas das estrelas”. O Matheseos é um livro importante e foi citado inúmeras vezes nos séculos seguintes, por astrólogos cristãos e teólogos que queriam mitigar os medos dos leigos quando a Igreja condenava a astrologia.

ÉPOCA DE PERSEGUIÇÃO
Em 358 d.C., começou a grande perseguição aos astrólogos. O imperador Constantino, um convertido, iniciou uma campanha contra a suposta prática “supersticiosa” de afirmar que os corpos celestes tinham algo a ver com os assuntos da Terra e condenou os astrólogos à morte. De certo modo, isso fez parte da batalha iminente entre a cristandade e a ciência. Para Ptolomeu e outros, a astrologia baseava-se na teoria científica da causa e efeito e o seu uso para tratar problemas de saúde, por exemplo, era totalmente racional. Mas a Igreja estava mais interessada na fé.
Muitos dos primeiros teólogos cristãos afirmavam que, no passado, tinha havido espaço para a astrologia, mas que agora – como escrevera Clemente de Alexandria (150-215 d.C.) – os 12 apóstolos substituíam os 12 signos do Zodíaco enquanto autoridades máximas da conduta da vida humana.
A ruptura com a astrologia não foi abrupta nem total. O facto de a astrologia ter permanecido algo enfraquecida durante os primeiros 1000 anos após o nascimento de Cristo deveu-se, não tanto ao antagonismo da Igreja Cristã, mas ao declínio da aprendizagem clássica. Os novos livros vindos da Grécia preocupavam-se mais com a astronomia do que com a astrologia (os dois termos adquiriram aos poucos significados muito diferentes) e alguns não eram traduzidos para latim. Não tendo portanto impacto sobre a Europa Ocidental.
Os livros astrológicos que eram traduzidos, muitas vezes não explicavam como produzir um horóscopo.
A Astronomica de Manilius (Século I), por exemplo, é um poema espantoso sobre astronomia e astrologia. Contém cálculos em verso que mostra como traçar um mapa do céu para um dado momento, mas não explica como interpretá-lo. Também Boethius (450-524 d.C.) afirma que “os movimentos celestiais das estrelas constrangem as forças humanas numa cadeia de causas indissolúvel”, mas não explica como isso funciona.

A ASTROLOGIA FORA DA EUROPA OCIDENTAL

Astrolábio

Ao mesmo tempo, a astrologia proliferava noutros locais. Por volta de 200 d.C., circulavam na Índia manuais em sânscrito que explicavam uma astrologia muito diferente da do Ocidente. Havia cinco elementos em vez de quatro, por exemplo, e dava-se muita importância aos pontos “invisíveis” do Zodíaco, como os nodos lunares (pontos em que a órbita lunar intersecta a eclíptica). Por volta do Século VIII, faziam-se na Índia horóscopos exactos e complexos. Na Pérsia, também havia um sistema ligeiramente diferente, em grande parte baseado na importância das conjunções astronómicas.
Mas foi no mundo islâmico que a astrologia se tornou uma paixão quase insaciável. Os filósofos islâmicos encontravam no Alcorão a justificação para o estudo da astrologia enquanto instrumento da vontade de Deus.
A invenção do astrolábio (talvez o instrumento científico mais antigo), que revelava o grau da eclíptica que estava no Ascendente num dado momento, foi útil para os astrólogos. A partir do Século VII, criou-se um enorme compêndio de conhecimentos astronómicos e astrológicos e os astrólogos Islâmicos tornaram-se muito mais informados e competentes que os ocidentais.
Para o crescimento da habilidade dos astrólogos islâmicos, contribuíram astrólogos que ainda são relativamente desconhecidos no Ocidente. Masha Allah (762-816 d.C.), o primeiro astrólogo Judeu, de que há registo, indicou o momento correcto para a fundação da cidade de Bagdade e trabalhou na história mundial â luz das conjunções dos planetas Júpiter e Saturno; al-Kindi (801-866 d.C.) foi um dos primeiros estudiosos a pensar no modo como a astrologia poderia funcionar e escreveu um livro De Radiis, no qual defendia que os raios estelares transportavam a influência dos planetas até à Terra.
Albumasar (na verdade, Abu Mashar, (787-886 d.C.), um astrólogo cujo nome é conhecido no Ocidente, trabalhou em Bagdade e escreveu Grande Introdução à Ciência da Astrologia, um livro complexo e muito estruturado que foi estudado e reverenciado pelas gerações seguintes.

UM PERÍODO DE AMBIVALÊNCIA

Fracção do Zodíaco gravado no Chão da Catedral de Canterbury - Signo Câncer

Entre a época de Constantino e a actualidade, a Igreja Cristã tem sido ambivalente em relação à astrologia. Autoridades que se poderia pensar que a condenariam deixaram-na em paz. A Inquisição, por exemplo, só queimou um astrólogo – Cecco d’Ascoli, cuja morte, na verdade, foi por razões políticas – e os papas, de quem se poderia esperar uma reacção mais forte contra a astrologia, muitas vezes apoiaram-na totalmente. Júlio II, Leão X e Paulo III consultavam os seus astrólogos pessoais – alguns sobre assuntos da Igreja, outros sobre questões pessoais. Paulo III (1468-1549) armou o astrólogo Luca Gaurico cavaleiro e fez dele bispo. Gaurico aparecia sempre que se propunha um novo edifício para Roma e gritava em voz alta quando chegava o “momento favorável” para lançar a primeira pedra de mármore.
Leão X (1513-1521) afirmava que o seu astrólogo, Franciscus Pruilus, previa os acontecimentos e a hora exacta dos mesmos e Adriano VI e Clemente VII autorizaram que lhes fossem dedicados almanaques.
Os arcebispos de Canterbury recentes opuseram-se à astrologia de forma mais ou menos violenta (às vezes ao ponto de proibir que se usasse propriedade da Igreja para reuniões). Assim, é irónico que, no sagrado coração da Catedral de Canterbury, cada arcebispo que caminha em direcção à consagração passe por cima de uma passadeira que oculta um enorme e belo Zodíaco gravado no chão.



(Continua…)

Texto do Livro – Astrologia de Júlia e Derek Parker

terça-feira, 11 de agosto de 2009

HISTÓRIA DA ASTROLOGIA - O IMPÉRIO ROMANO

(...Continuação)

César Augusto

No final do Sec III a.C., os romanos começaram a interessar-se pela literatura e pelo teatro gregos.
Inevitavelmente, a preocupação dos gregos com a astrologia começou a atrair os escritores romanos e ela foi adoptada por muitos imperadores como forma de reforçar a sua grandiosidade e de prevenir possíveis conluios contra ela.

IMPERADORES E ASTRÓLOGOS CONSPIRADORES

No Sec I a.C., o político Cícero (106-64 a.C.) descreveu na sua De Divinatione (publicada logo após o assassinato do Imperador Júlio César) a crença grega de que: “Não é simplesmente provável, mas certo, que tal como a temperatura do ar é regulada por uma força celestial, também as crianças à nascença são influenciadas na mente e no corpo, e essa força determina a sua mente, modos, temperamento, condição física, percurso na vida e destino.”
Mas, também havia alguma desconfiança em relação aos astrólogos, por vezes, fundamentada. Na Sicília, cerca de 133 a.C., um astrólogo chamado Eunus liderou uma revolta de escravos bastante grande e, menos de trinta anos depois, o astrólogo Athenio liderou outra revolta de escravos, dizendo que os planetas tinham revelado que ele era o Verdadeiro Rei da Sicília. Se assim era, não chegou a assumir o trono. Não admira que os imperadores romanos desconfiassem da astrologia: o que os homens viam “nas estrelas” podia incitá-los a acções extraordinárias e perigosas.

FIGULOS, O OLEIRO

Aos poucos, homens com cargos públicos começaram a exprimir a sua crença e entusiasmo pelo assunto. P. Nigidius Figulus, senador e pretor (magistrado), foi o primeiro astrólogo romano cujo nome conhecemos – chamaram-lhe Figulos (figulo ou oleiro) porque defendia que a Terra girava tão depressa como a roda de um oleiro.
Dizia-se que ele não era igualado nem pelos Astrólogos da Mênfis Egípcia (antiga capital do Egipto) nas observações do céu e no cálculo sobre as estrelas e pensa-se que previu a grandiosidade do Imperador Augusto no dia em que este nasceu. Mais tarde, o letrado Varro (116-27 a.C.), um dos mais eruditos letrados romanos, encomendou um horóscopo de Roma e do seu fundador, Rómulo. É o primeiro exemplo do uso da astrologia para revelar o passado, examinando um horóscopo traçado para o momento da fundação de uma cidade. É também o primeiro horóscopo de uma figura histórica.
O historiador Plutarco (46-120 d.C.) deteve-se sobre o resultado com grande interesse e relatou-o entusiasticamente.

MARÉ EM MUDANÇA

Os cépticos começaram a ser ultrapassados em número pelos crentes – e, embora alguns dos primeiros fossem influentes, a astrologia muitas vezes saia-se bem. Júlio César (100-44 a.C.), por exemplo, desprezou o conselho astrológico de Spurinna, que (como Plutarco relata) lhe disse para “ter cuidado com um perigo que não o ameaçaria para além dos idos de Março”. Pagou a factura ao ser assassinado nessa altura.
O Imperador seguinte, Augusto (63 a.C-4 d.C.) conheceu a astrologia quando estava no exílio e parecia pouco provável que regressasse a Roma.
Convenceram-no a consultar um astrólogo, Teógenes, acerca do seu futuro. O historiador Suetónio descreveu como, depois de traçar o mapa de Augusto, Teógenes se ergueu e se prostrou a seus pés; e isso deu a Augusto uma fé tão grande no seu destino que até se aventurou a publicar o seu horóscopo e cunhou uma moeda de prata com a imagem de Capricórnio, o signo sobre o qual tinha nascido. Na verdade, Augusto era Balança; fez constar que era Capricórnio porque este signo era mais indicativo de um governador forte e dominante.


Tibério

TIBÉRIO E TRASÍLIO

O sucessor de Augusto foi Tibério (42 a.C.-37 d.C.), um homem que se apaixonou pela astrologia. O seu astrólogo pessoal, Trasílio, foi um dos mais influentes de sempre.
Trasílio era um alexandrino, editor de Platão e Demócrito, que estava na ilha de Rodes – mesmo na altura em que Tibério achou melhor sair de Roma, onde se tinha envolvido numa luta com o seu sogro, o Imperador. Rodes era uma ilha relativamente deserta e não civilizada e os dois homens começaram a passar muito tempo juntos. Supostamente o astrólogo ensinou Tibério a construir e interpretar mapas. Também previu que o seu aluno seria em breve chamado a Roma e teria um futuro brilhante. Quando Augusto mandou chamar Tibério, em 4 d.C., e o proclamou oficialmente seu herdeiro, Trasílio viajou com o seu mecenas e tornou-se cidadão romano.
Durante os nove anos em que Tibério foi Imperador, Trasílio esteve sempre a seu lado, aconselhando-o sobre assuntos pessoais e de Estado. Durante esse período, a vida não era tranquila e se Trasílio estava mais ou menos seguro, os outros astrólogos tinham de ter cuidado. Dois deles, Pituanius e P. Marcius, associaram-se a Seribonius Libo, um pretor não muito inteligente que organizou um golpe contra o Imperador – acabaram com a cabeça espetada numa estaca.
Houve outras conspirações e contra-conspirações e o próprio Trasílio aconselhou o imperador a deixar Roma em 26 d.C. enquanto ele permanecia na cidade e apoiava o pretor Sejanus no seu plano para suceder a Tibério. Foi, sem dúvida, com a ajuda dos mapas que ele ultrapassou com facilidade os conturbados anos que se seguiram e conseguiu continuar vivo quando centenas foram torturados e executados. Diz-se que previu a hora da sua própria morte.


Agripina

O FILHO DO ASTRÓLOGO

Trasílio morreu pouco antes de Tibério. O novo imperador, Gaio – conhecido como Calígula – conhecia bastante bem a família do astrólogo. Aliás, Trasílio tinha ficado muito preocupado ao saber que a neta Ennia tinha um caso com Calígula. Tinha razão em ficar preocupado: Calígula tinha prometido a Ennia casar com ela quando subisse ao trono, mas não o fez; e quando ela casou com outro, ele mandou executar o marido. Ennia suicidou-se.
O filho de Trasílio, Tibério Claudius Balbillus ascendeu na sociedade romana após a morte de Calígula. O novo imperador, Cláudio, era um amigo de infância e Balbillus tornou-se conhecido na corte, acompanhando Cláudio a Inglaterra, enquanto astrólogo e engenheiro-chefe. Quando regressaram, o imperador ofereceu-lhe uma coroa de honra de ouro. Mais tarde, foi sumo-sacerdote do Templo de Hermes na Alexandria e chefe da universidade pública com a sua magnífica biblioteca. Nessa altura, dividia o seu tempo entre Alexandria e Roma.
No entanto, Balbillus foi incapaz de se manter afastado da política e, quando Cláudio morreu, traçou os mapas e disse a Agripina Menor qual o momento em que o seu filho Britânico devia sair de casa se quisesse que viesse a ser imperador. Ela reteve o rapaz até esse momento, altura em que ele saiu e foi proclamado imperador Nero (37-68 d.C.). Anos antes, Balbillus tinha dito a Agripina que isso aconteceria – o seu filho seria imperador tal como ela desejava – mas também que ele mataria a mãe. Ambas as previsões se confirmaram.
Pelo seu papel na conquista da glória de Nero, Balbillus foi nomeado Prefeito do Egipto. Ao contrário de muitos outros, sobreviveu à terrível carnificina que ocorreu durante o reinado do imperador. Diz-se que outro astrólogo que traçou o mapa de Nero no momento em que nasceu desmaiou de pavor mal olhou para ele.

Domiciano

UMA MORTE PREVISTA

Os imperadores romanos que se seguiram não estavam tão preocupados com a astrologia, embora Vespasiano /9-79 d.C.) não só tenha consultado Balbillus como permitiu a realização de jogos em sua honra, em Éfeso – os grandes Jogos Balbilianos realizaram-se até ao Sec. III. Adriano e Sétimo Severo eram adeptos; o último cobriu os tectos do seu palácio com pinturas astrológicas – incluindo a do seu horóscopo.
A crença na astrologia foi incentivada pela relativa facilidade com que os astrólogos previam os acontecimentos das vidas dos imperadores. O que o público não sabia era que muitos dos imperadores se esforçavam por concretizar deliberadamente as previsões, a fim de mostrar que eram favorecidos pelos céus.
Em reinados sucessivos, a vida dos astrólogos ora era tranquila, ora emocionante. Os momentos excitantes foram bem mais frequentes, pois a maioria dos imperadores estava constantemente com receio de possíveis conspirações contra eles. Qualquer um que possuísse uma cópia do mapa do imperador era suspeito de aconselhar um ou mais conspiradores.
Ainda se acreditava muito nas previsões astrológicas. Por exemplo, Domiciano (51-96 d.C.), filho de Vespasiano, ficou muito nervoso quando vários astrólogos previram a sua morte. À medida que se aproximava a hora anunciada, ele ia ficando cada vez mais tenso. Chamou o Astrólogo Ascletárius-Asclation e perguntou-lhe se conseguia prever a sua própria morte. O astrólogo disse-lhe que sim: seria feito em pedaços por cães. Domiciano mandou executá-lo imediatamente para contrariar a previsão. Contudo, quando o corpo do astrólogo aguardava para ser cremado, uma súbita chuva torrencial apagou o fogo e uma matilha de cães selvagens destruiu o cadáver.
No dia seguinte, ao aproximar-se a hora prevista para a sua morte, Domiciano ia ficando mais nervoso. Finalmente, para o acalmar, os seus cortesãos garantiram-lhe que a hora fatal já tinha passado. Muito aliviado, ele decidiu tomar um banho. Enquanto o fazia, entrou um assassino e apunhalou-o até à morte.


(Continua...)
Testo do Livro "Astrologia" Júlia e DereK Parker

quarta-feira, 24 de junho de 2009

HISTÓRIA DA ASTROLOGIA - ANTIGO EGÍPTO E GRÉCIA CLÁSSICA



O antigo Egipto é considerado muitas vezes o berço da astrologia. De facto havia nessa cultura uma obsessão pelos céus, que abriu a porta ao estudo dos planetas, mas são os textos de Ptolomeu e de Valens de Antioquia que contêm pontos-chave da astrologia e que continuam a constituir uma inspiração e fonte de material para os astrólogos de hoje.

OBSERVADORES DE ESTRELAS EGÍPCIOS, MESTRES GREGOS

Quando o historiador grego Heródoto visitou o Egipto 450 a.C., observou que os astrólogos Egípcios “conseguem prever que fortuna e que fim e que temperamento um homem terá, segundo o dia do seu nascimento… quando acontece algo de agoirento, eles observam o resultado e anotam-no e, se algo semelhante voltar a acontecer, pensam que terá um resultado idêntico.
É bem claro que os egípcios estavam empenhados numa observação racional e bem investigada da relação entre os planetas e os acontecimentos na Terra. Mas a ideia de que o Egipto foi uma grande fonte de conhecimento e contribuiu mesmo para o desenvolvimento da astrologia é enganadora. A pretensão de que o primeiro horóscopo foi produzido no Egipto em 2767 a.C. também é suspeita, embora seja certo que, desde muito cedo, os astrónomos egípcios conheciam bem a posição das estrelas.
Quando se escavou o túmulo de Ramsés II (1292-1225 a.C.), por exemplo, viu-se que continha dois círculos de ouro divididos em 360º com símbolos que mostram o nascer e o pôr das estrelas. Isso parece sugerir que o Faraó estava interessado nos graus Ascendentes – grau da elíptica que ascende no horizonte leste num dado momento – Uma questão importante na astrologia.
O túmulo de Ramsés V (1150-1145 a.C.) continha sinais semelhantes do conhecimento dos planetas; aí se encontraram papiros com dicas astrológicas para cada hora de cada mês do ano.
Mas o grande contributo dos egípcios para a astrologia foi a invenção dos decanatos. Eles dividiram o círculo da elíptica em 36 partes com três decanos, ou divisões de 10º, em cada secção. A imagem mais antiga que temos disto está num tampo de um caixão do Médio Império, onde se vê o céu com os nomes dos decanos em colunas. Como o Zodíaco não existia nessa altura, os decanos estavam ligados às constelações. Mais tarde foram associados ao Zodíaco e adquiriram um verdadeiro valor astrológico.
Os decanos são muito importantes na astrologia médica, estando cada um ligado a uma maleita própria (os problemas de estômago atribuem-se ao primeiro decanato de Virgem, por exemplo).

TEXTOS HERMÉTICOS

Os Quatro Livros Astrológicos de Hermes são a mais famosa compilação dos conhecimentos astrológicos dos egípcios. Estes terão sido recolhidos pelo deus egípcio Tot, mais tarde conhecido pelos gregos como Hermes Trismegistus e mais tarde ainda como Mercúrio pelos romanos. Os textos eram sagrados e só os mais importantes sacerdotes egípcios eram autorizados a tocar-lhes. Diz-se que se enterrou um conjunto completo no túmulo de Alexandre, o Grande – infelizmente, ainda por descobrir. Hermes terá criado o seu próprio sistema astrológico e, entre os textos herméticos estava um livro sobre astrologia médica, outro sobre os decanos, outro sobre plantas zodiacais e um sobre os graus astrológicos.

HOMEM ASTROLÓGICO


É difícil dizer se sobreviveu alguma parte dos livros herméticos. No Sec V d.C., Liber Hermetis, um texto em latim traduzido do grego, afirmava reproduzir parte do texto. Contudo, aquele é sobretudo digno de nota por conter a mais antiga imagem que se conhece do “ homem astrológico”, em que os signos zodiacais são colocados na figura de um corpo, com Carneiro na cabeça e Peixes nos pés.
A maioria dos gregos eruditos da época clássica conhecia a ideia de que o que quer que acontecesse nos céus se reflectia nos acontecimentos na Terra. Observando com cuidado os céus, podia prever-se os acontecimentos da abóbada celeste. E assim podia prever-se os acontecimentos terrestres relacionando-os com os do céu. Nem os filósofos religiosos nem os científicos se opunham a esta teoria que se considerava derivar do senso comum.
Essa foi a época em que os livros astrológicos começaram a abundar. Os astrólogos Caldeus da Babilónia afluíam à Grécia através de Daphnae e dos portos do Egipto e os debates sobre este assunto começaram a ficar animados. Dos intelectuais e filósofos gregos, Cato e Ennius eram hostis, mas Sulla, Posidonius e Varro eram “apoiantes”, tal como Vitruvius, Propertiu e Ovid. A partir do Sec I d.C., quase toda a gente, cristãos, pagãos e judeus, acreditava na astrologia e a seguia de algum modo. Os gregos adoptaram o Zodíaco logo no Sec VI a.C. e pensa-se que foi Demócrito (460-357 a.C.) o primeiro a dar aos signos os seus nomes gregos, tais como Afrodite (Vénus), Hermes (Mercúrio), Ares (Marte), etc. Anteriormente, usavam-se os nomes caldeus ou as descrições, tais como a “Estrela Ardente” (Marte) e a “Estrela Cintilante” (Mercúrio).
Foi um caldeu chamado Berosus, um padre do deus do Sol Marduk na Babilónia que, cerca de 269 a. C., estabeleceu a primeira escola de astrologia de que há registo, na Ilha do Kos, onde havia uma famosa escola de medicina. Através de livros hoje perdidos, difundiu o conhecimento das técnicas astrológicas pelo mundo grego. Era famoso nessa época e diz-se que Atenas lhe ergueu uma estátua com língua de ouro para assinalar a sua habilidade de orador. Deixou a escola a Antipatrus e Achinapolus que ensinavam medicina e experimentaram traçar mapas natais a partir do momento da concepção e não do momento do nascimento. A teoria deles era que o signo em que estivesse a Lua no momento da concepção estaria no Ascendente no momento do nascimento. Diz-se que essa teoria tinha origem na literatura hermética. Também se trabalhava na previsão astrológica do tempo e na astrologia médica.

O TETRABIBLOS DE PTOLOMEU


Ao desviarmo-nos da Grécia para Roma, encontramos na Alexandria o homem que reuniu todas as meadas da teoria astrológica e deu o seu melhor para as explicar num único livro. Cláudio Ptolomeu (100-178 d.C.) deslocou-se para aí para ensinar na universidade fundada 400 anos antes. Ficou famoso como matemático, astrónomo e geógrafo e o seu Almagesto foi durante vários séculos o manual de astronomia reconhecido.
O seu Tetrabiblos é o primeiro manual considerável de astrologia que chegou até nós completo. Dividido em quatro livros, começa com o argumento racional de que, dado que é obvio que o Sol e Lua têm um efeito sobre a vida terrestre – através das estações, dos movimentos das marés, etc. – vale a pena considerar os efeitos que os outros corpos celestiais possam ter.
Dado que é claramente exequível fazer previsões sobre a qualidade das estações, também parece não haver impedimento para a formação de prognósticos semelhantes relativos ao destino e ao carácter de cada ser humano, pois mesmo no momento da conformação primária de qualquer indivíduo, pode perceber-se a qualidade geral do temperamento desse indivíduo; e a forma corpórea e a capacidade mental que a pessoa terá à nascença podem ser nítidas; tal como os eventos favoráveis e desfavoráveis indicados…
O livro de Ptolomeu é extremamente abrangente, como mostram os títulos dos capítulos: “Dos Planetas Masculinos e Femininos”, “Dos Lugares e Graus”, “Do Poder dos Aspectos do Sol”, “Do Momento dos Eventos Previstos”, “Da Investigação do Tempo”, “Dos Pais”, “Da Duração da Vida”, “Do Casamento”, “Das Viagens ao Estrangeiro”.
Dois mil anos depois, o Tetrabiblos ainda é um livro surpreendente, com muito mais de 400 páginas de texto compacto na sua tradução mais moderna. Ainda hoje tem valor e ninguém que se interesse a sério pela astrologia pode deixar de o ler.

O PAPEL DA ASTROLOGIA

Não é fácil saber se a astrologia era usada quotidianamente na Grécia Clássica, mas há vários escritores Gregos que avisam os leitores para não darem demasiada importância às previsões feitas pelos caldeus – o que sugere que, como sempre, havia muitas pessoas crédulas prontas a ser enganadas por falsos astrólogos. Por volta de 188 d. C., Vettius Valens da Antioquia, o primeiro astrólogo-consultador profissional que se conhece, tinha reunido uma boa biblioteca de horóscopos e incluído mais de 100 na sua Anthologiae, mostrando como os interpretava e como aconselhava os clientes.
Se na Grécia a astrologia permanecia à sombra, no Império Romano passou para a ribalta, tornando-se um elemento importante para o governo do Estado.

(Continua)

Do livro Astrologia de Júlia e Derek Parker

domingo, 7 de junho de 2009

HISTÓRIA DA ASTROLOGIA - PRÉ-HISTÓRIA


PRÉ-HISTÓRIA

É impossível dizer quando é que o Homem se apercebeu de que os movimentos dos planetas poderiam ter um efeito sobre todos nós. Sabemos, porém, que 1500 anos a.C. existiam tabelas que definiam as horas em que os planetas nasciam e se punham e que em 1000 a.C. os astrólogos entendiam que os céus eram um grande círculo em volta do qual esses seres giravam.

MAPAS DE ESTRELAS E BESTAS MÍTICAS

O efeito do Sol sobre a Terra é bastante evidente pela luz e calor que fornece, e o da Lua é quase igualmente visível. Cria as marés, por exemplo, e influencia plantas e animais básicos e o ciclo menstrual. Embora não haja certezas, é razoável supor que esses efeitos foram constatados muito antes do advento da escrita e que, aos poucos, se notaram e estudaram os efeitos mais subtis de outros planetas.
No século I a.C., Cícero deu uma explicação interessante para o desenvolvimento da astrologia:
"Os egípcios e babilónios residem em planícies vastas onde não há montanhas que obstruam a visão do hemisfério inteiro e, por isso, dedicaram-se sobretudo àquele tipo de adivinhação chamado astrologia."
Não só no Médio Oriente, mas também no Extremo Oriente e nas civilizações inca, maia e mexicana, os planetas visíveis a olho nu - Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno - foram considerados deuses influentes.


PRIMEIROS ASTRÓLOGOS

Os astrónomos/astrólogos (e durante séculos um nome aplicava-se a ambos) observaram o modo estranho como os planetas se comportavam - às vezes hesitavam, ás vezes pareciam mover-se para trás, às vezes encontravam-se e depois separavam-se - e começaram a criar uma teoria com bases nesses movimentos, bem como, nos misteriosos e assustadores eclipses do Sol e da Lua. Os primeiros astrólogos cujos nomes conhecemos viveram no Século VII a.C., nos reinados de Sarandon da Babilónia (681-668 a.C.) e do seu sucessor Assurbanipal. Astrólogos como Akkullanu, Balasi e Nabuaheriba trabalharam em quartos anexos ao Templo Ea (o deus dos Oráculos) e aconselharam os reis. A sua influência era enorme: o rei não dava nenhum passo importante sem o conselho dos seus astrólogos.


O ZODÍACO

Algures entre os séculos V e VII a.C., a rota do Sol em volta da Terra foi dividida em doze partes, ocupando cada uma 30º graus dos 360º do círculo do Zodíaco. Cada parte estava marcada por uma constelação específica e correspondia a um mês específico.

No século V a.C., os astrónomos começaram a conceber formas de medirem os movimentos dos corpos celestiais, tornando-se possível desenvolver todo o sistema de astrologia e aprofundá-lo. Da Babilónia, o estudo dos céus estendeu-se à Grécia, onde os matemáticos o desenvolveram ainda mais. No século I d.C., já tinha uma forma que hoje reconhecemos - para traçar e interpretar um horóscopo, os astrólogos do seculo XXI ainda usam mais ou menos as mesmas regras que os seus antigos antecessores.

Desconhece-se como nasceram as criaturas míticas do Zodíaco - a Virgem, os Peixes, o Carneiro e os outros. Os astrólogos afirmam que as associações entre os signos e os planetas e determinadas características humanas se fizeram empiricamente, e há vários indícios de que a elaboração das técnicas astrológicas resultou, não de conjecturas paranormais, nem sequer do inconsciente simbólico, mas (como na ciência) da observação e elaboração cuidadosa de registos.

O crescimento da astrologia fora da Babilónia e da Assíria tomou rumos muito diferentes. O interesse dos persas pelos planetas, por exemplo, era bastante distinto da astrologia ocidental, e a astrologia islâmica ainda mais, tendo na sua origem as fontes grega, indiana e persa. Os muçulmanos interessavam-se muito por o assunto e eram incentivados pelo Alcorão. "Foi Ele que criou as estrelas para que possas orientar o teu caminho por elas na escuridão de terra e do mar." Ao mesmo tempo os chineses desenvolveram a sua própria versão de um Zodíaco, com 12 anos consecutivos representados por 12 animais. De facto, poucas civilizações cresceram sem a ajuda daqueles que afirmavam ver a forma do presente e do futuro no comportamento das estrelas.

Texto de "Astrologia" de Júlia e DereK Parker
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