O planeta Vénus associado com a sua homónima,
a deusa romana do amor e da beleza e com a divindade grega Afrodite, simboliza
o desejo de união e de relação que existe em todos nós.
Em termos junguianos, Vénus é, como a Lua, um
princípio da alma que representa a necessidade de equilíbrio e harmonia, de
união e proteção.
Na Casa que ocupa, Vénus indica aquela esfera
da experiência mediante a qual podemos alcançar na forma mais natural um
sentimento de paz, equilíbrio, bem- estar e satisfação.
No seu domínio resulta estimulada a nossa
capacidade de apreciar, valorizar, amar e ser amados. É ali onde somos
complacentes e nos deixamos satisfazer e onde exibimos algo do nosso melhor
gosto, estilo e da nossa consideração pelos outros.
Tudo isto soa muito bem, mas antes de se
apressar a ver onde está posicionada
Vénus na sua Carta Natal, o leitor tem de se lembrar que na natureza
desta deusa havia outros aspetos menos agradáveis. Em primeiro lugar, não podia
tolerar que a vida ou as pessoas não estivessem à altura do que em sua opinião,
deveriam ser. Devido a tão elevadas expetativas de perfeição e harmonia, é
possível que a Casa de Vénus denote o terreno onde, se a vida não pode
satisfazer esses ideais, podemos sentir-nos dececionados e desiludidos.
No entanto, motivada por essa insatisfação,
Vénus poderá também indicar qual é a área da vida onde nos sentimos obrigados a
fazer algo em virtude do qual o mundo (ou nós) seja um pouco mais justo, mais
harmonioso ou mais belo.
Em segundo lugar, Afrodite odiava a
competição. Impôs lições extremamente humilhantes a Psyche, uma formosa jovem
mortal, porque sentia que a rapariga havia usurpado o seu lugar ao receber um
grau de atenção que só era digno de uma deusa, ou seja, à própria Afrodite. Além
disso, quando Páris teve de julgar qual das três deusas -Hera, Atena e
Afrodite- era a mais bela, não teve pudor algum em desnudar-se para condicionar
a sua opinião.
Pela Casa, Vénus pode assinalar em que campo
da vida sentimos rivalidade ou inveja para os que talvez estejam melhor dotados
que nós. É também ali que nos valeremos da sedução, de uma engenhosa doçura e
de parecidos artifícios para assegurarmos os nossos objetivos.
Conta-se que, Afrodite usava um cinturão
mágico que tinha o poder de encantar e escravizar os homens. Como um suborno
mais, para conseguir que Páris a elegesse a ela e não às outras deusas,
ofereceu-lhe como esposa a fascinante Helena, sem que parecesse muito
importante o facto de que, casualmente, a prenda escolhida estivesse já casada;
ganhar o concurso de beleza era mais importante. Como resultado, iniciou-se a
guerra de Troia que interrompeu e encheu de dor a vida de milhares de seres.
Em ocasiões, Afrodite (Vénus), a deusa do
amor e da beleza, converte num tormento e num caos a vida das pessoas.
Finalmente, havia vezes em que Afrodite se comportava como uma espécie de
compensadora de desequilíbrios. Por exemplo, ao insistir para que o seu filho
Eros ferisse Plutão com uma das suas célebres setas, alterou gravemente a vida
da jovem Perséfone - demasiado inocente e virginal em opinião da deusa - para
seu próprio bem.
Na Casa de Vénus necessita-se algumas vezes
de certa medida de dor, de luta ou de sofrimento para nos trazer de volta a uma
situação mais harmoniosa e equilibrada se nos afastámos demasiado dela, numa
direção qualquer.
Vénus rege dois signos, Touro e Libra. Touro
representa o lado mais terreno e mais sensual de Vénus. Na Casa onde se
encontra Touro procuramos de modo mais direto a satisfação de desejos de
natureza física ou instintiva, entregando-nos em satisfazer apetites como os da
comida e o sexo, e as necessidades básicas de comodidade e segurança. A Casa de
Libra, pelo contrário, é onde queremos realizar os ideais românticos e
estéticos do amor, a beleza, a simetria e a proporção, em busca do que há de
bom, de belo e de verdadeiro na vida.
A Casa onde se encontre Vénus influenciará
sobre qualquer Casa onde Libra ou Touro estejam na cúspide ou dentro dela.