sábado, 5 de março de 2011

O CARRO



Segundo a tradição o Carro está associado ao Sol na sua corrida no céu. É o carro de Apolo, Deus do Sol. É também o carro de Ezequiel, o Merkabah, tantas vezes comentado pelos cabalistas. Em todas as religiões antigas encontramos um Carro celeste que avança depressa e que ultrapassa todos os obstáculos.
A atrelagem simboliza os sentidos, as necessidades e as paixões do Homem, a sua natureza física. O cocheiro é o espírito, a natureza espiritual do Homem.
No budismo zen, o carro do boi branco é o veículo do Buda. Na China antiga, o carro era o instrumento que servia para mostrar a habilidade e a virtude dos príncipes e a sua aptidão para reinar. No Ring-Veda o mestre do carro é Agni, ou Prana, o “sopro que anima”. É o Logos, princípio criador, que percorre o Universo. A tradição Védica refere-se a ele como se tratando do veículo da alma durante o período de uma encarnação.
O Carro está associado à sétima Sefira Netsah (o triunfo, a vitória) e a letra zayn do alfabeto hebraico; a arma que consegue a vitória (o seu desenho representa uma flecha).
O Carro é também associado à constelação da Ursa Maior constituída por 7 estrelas. Os Romanos designavam-nas por “7 bois” ou septem triones, que derivou para “setentrião”, o norte da esfera terrestre.
O Carro tem o número 7, número do Universo, constituído pela soma entre o número do céu, o 3 e o número da Terra, o 4.
Antes do cristianismo, o numero 7 era considerado como a manifestação da ordem cósmica. Os egípcios eram submetidos a um ritmo septenário, símbolo da vida eterna com o 7 a significar tanto a morte como a ressurreição.
O 7 é o número chave do mundo material. Nos dados de jogar, a soma dos dois números gravados nas faces opostas é sempre igual a 7.
O número 7 é o número do Carro, símbolo da vida eterna para os egípcios, não só é um número primo, como também, é o número sem múltiplos nem divisores (exceto o 1, claro) na primeira dezena, por isso simboliza pureza, subtileza e essência.
Sendo sete as cores do arco-íris e as notas da escala musical diatónica, podemos considerá-lo como um regulador das vibrações. Culmina um ciclo e abre uma renovação criativa. É também o número dos dias da semana, dos planetas individuais (Úrano, Neptuno e Plutão são transpessoais) e dos metais principais. Os quatro períodos do ciclo lunar são também de 7 dias.
O 7 é um agregado do 3, que em muitas tradições é o número do Espírito Santo, com o 4, que é o da matéria. Abrangendo os dois mundos, é considerado símbolo da totalidade do Universo em transformação.
De pé num carro triunfal, que lembra o dos imperadores romanos, o Mago, que se tornou o Enamorado da carta precedente (ver aqui) envelheceu e optou finalmente pelo seu caminho. Tendo aprendido a conhecer-se, avança puxado por dois cavalos: um deles vermelho – a ação, o outro azul – o espírito. O Carro que transporta as almas em evolução, é cor de carne e representa o veículo intermediário entre o Céu e a Terra.
Na dianteira do Carro, na maioria dos tarots, podem distinguir-se as letras S e M, sinais de realeza que também podem designar o enxofre e o Mercúrio, elementos da Grande Obra.
O condutor mantém-se no eixo diagonal das quatro colunas, representando os quatro elementos, que domina sem qualquer problema.
As duas mulheres que faziam hesitar o Enamorado (ver aqui) desapareceram; foram substituídas pelas duas luas que o condutor do Carro em memória do passado, transporta nos seus ombros. Finalmente, resolveu todos os seus conflitos, estabeleceu o equilíbrio perfeito da dualidade do corpo e do espírito, reuniu as oposições. Está calmo, sereno, seguro de si. Tendo encontrado a sua via, avança triunfalmente. A sua coroa de ouro mostra que reina sobre o mundo físico, intelectual e espiritual, tal como o confirma o seu corpo.
Depois do Papa, (ver aqui) que traz uma mensagem de paz aos Homens e tal como Cristo fez ao encarnar em Jesus, o condutor do Carro apresenta um outro aspeto de Cristo, que também disse: ”Não vim trazer a paz, mas sim a guerra.” A guerra é a luta que o Homem trava contra si próprio.
A sua roupa é vermelha e, por conseguinte, ele age, mas a sua couraça azul protege-o: o espírito triunfa sobre a matéria. De qualquer modo, as rodas do carro avançam nesta matéria, visto que são cor de carne; mais tarde, transformar-se-ão na Roda da Fortuna.
O carro que avança obriga o Enamorado a sair da sua reflexão para apreender o que o rodeia e para dirigir o seu progresso na direção dos mais altos cumes. Representa a tomada de consciência do Homem, que, pouco a pouco, descobre o sentido das coisas e se dirige aos outros, no sentido dos tentar compreender e de se identificar com eles. Percorre o mundo para aprender o seu sentido e finalidade.
Trata-se de uma carta de triunfo, de sucesso, de boa saúde. É a ação pessoal situada no espaço e no tempo. Indica viagens favoráveis à ação, tanto no domínio material como no plano espiritual ou sentimental. Representa a evolução inteligente, a perseverança, a evasão, o sucesso, o progresso, o avanço e a diplomacia. Simboliza o êxito, fruto do equilíbrio entre as forças físicas ou espirituais.
A atribuição astrológica atribuída ao Carro é Câncer. É um signo de água, cardinal e considerado o mais sensível do zodíaco. Os nativos deste signo, como o caranguejo, vestem-se com uma casca protetora para esconder a sua vulnerabilidade. São imaginativos e temperamentais e perdem notavelmente a sua autoconfiança em ambientes hostis, chegando a imaginar críticas e ataques inexistentes.
Naturalmente tímidos, também não gostam de solidão e têm uma forte tendência a viver por meio dos outros. São governados pela Lua, daí a sua sensibilidade, as suas emoções intensas e o apego às suas origens, ao lar materno, à sua mãe e ao passado. Adoram o mar.
O seu verbo é “eu sinto”, a sua missão é contribuir para o bem-estar da comunidade e para o progresso do ser humano.


(Texto escrito no novo acordo ortográfico)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...