Embora este trânsito traga mudanças na esfera do dinheiro, bens materiais e no nosso sistema de valores em geral, a maneira exata como isto acontece pode variar significativamente de pessoa para pessoa. Nalguns casos, o trânsito de Neptuno pela Casa 2 pode aumentar a ganância por dinheiro e bens materiais. Talvez nos encontremos fantasiando mais do que nunca sobre todas as coisas que poderíamos fazer se tivéssemos recursos financeiros suficientes. A Casa pela qual Neptuno transita no nosso mapa é o setor no qual buscamos experimentar algo numinoso e divino. Quando se trata da Casa 2, talvez vejamos o sucesso material como a essência e a finalidade de toda a existência, como se a riqueza fosse o próprio céu. O deus Neptuno tinha grande riqueza no fundo do mar, mas ainda estava ansioso pelas posses terrenas de seu irmão Júpiter. Ao passar pela Casa 2, Neptuno pode causar insatisfação com o nosso atual status material, ou aumentá-lo: se somos pobres, queremos o que os ricos têm; se somos ricos, ainda queremos mais. O fato de fazermos ou não algo concreto para realizar estes sonhos é outra história. Neptuno não é o mais prático dos Planetas.
No entanto, mesmo que com este trânsito alcancemos todo o sucesso material que esperávamos, descobriremos que ainda nos falta algo. Em última instância, a única coisa que pode satisfazer Neptuno é o infinito. Ao buscar riqueza e bens materiais como forma de se sentir completo simplesmente não se conforma. O tipo de totalidade e realização que Neptuno busca não se pode encontrar em nada externo; só se encontra num plano interior, dentro do próprio ser. Quando o trânsito de Neptuno pela Casa 2 termina, alguns de nós já conheceremos a verdade.
Neptuno confunde as distinções e quando transita por esta Casa pode
provocar o caos, a confusão e o engano em assuntos de dinheiro. Cegos pela
nossa névoa, fazemos investimentos imprudentes e cometemos erros de julgamento
que nos saem muito caros. Mesmo o que parecia ser um negócio seguro pode dar errado
devido a falhas inesperadas e circunstâncias imprevistas. Neptuno vive no mundo
dos contos de fadas, e alguém que esteja passando por este trânsito pode achar
difícil resistir à influência de qualquer plano que lhe ofereça um
enriquecimento rápido.
Outras pessoas também nos podem enganar: oferecem-nos dinheiro ou meios para obtê-lo e
depois não cumprem o que prometeram. À noite, os ladrões visitam-nos, ou talvez
sejamos nós que nos sentimos tentados a tentar alguma forma ilegal ou desonesta
de ganhar dinheiro. Umas palavras de advertência: geralmente, os negócios
desonestos não têm êxito quando Neptuno está passando por esta Casa.
Durante este trânsito, podemos ter muitas dificuldades para conservar
o dinheiro, e é provável que os nossos esforços para acumular riqueza não deem
em nada. O dinheiro escorre por entre os dedos como água, e um dia podemos
descobrir, ao acordar, que nos tornámos viciados em cartões de crédito e que
estamos gastando compulsivamente mais do que realmente temos ou do que podemos
permitir. Ou recebemos um cheque volumoso pelo correio hoje, mas uma conta no
mesmo valor chega amanhã.
Neptuno dissolve a separação e intensifica o nosso sentimento de
unidade com os outros. Quando isso acontece na Casa 2, pode dar origem ao
sentimento de "o que é meu é teu". Como resultado, podemos achar
difícil resistir a histórias de má sorte e não podemos deixar de dar algo para
o vagabundo da esquina ou contribuir para uma instituição de caridade. (Os
ladrões também têm os seus vislumbres da visão neptuniana da unidade da vida,
mas eles vêem-na de um ângulo diferente: "o que é teu é meu"... ou
pelo menos deveria ser.)
Por trás de todos os efeitos de Neptuno na Casa 2 existem implicações
mais profundas. Neptuno dissolve as fronteiras que são demasiado rígidas ou
muito estreitamente definidas. O nosso ser mais profundo é ilimitado e
infinito, e Neptuno não gosta que o esqueçamos. Se chegarmos a apegar-nos
demais a algo, pode ser que no-lo tire para nos lembrar de que a nossa
verdadeira identidade não depende que esse algo específico seja parte da nossa
vida. Se o nosso sentimento de identidade estiver ligado à nossa conta bancária
ou às nossas posses, o trânsito de Neptuno pela Casa 2 fará todo o possível
para alterar o status quo. O nosso verdadeiro valor não se pode medir em termos
materiais e, em última análise, é isso que Neptuno nos quer mostrar ao
transitar pela Casa 2.
Apesar de tudo, a maioria das pessoas adoram as comodidades e estão
ávidas da segurança e do poder que o dinheiro traz. A propriedade faz-nos
sentir seguros, e definimo-nos pelos nossos gostos, isto é, pelas coisas que
escolhemos possuir. A maioria de nós não estaria disposta a abrir mão do seu
dinheiro nem outras posses para provar que a nossa verdadeira identidade não
tem limites. Portanto, o trânsito de Neptuno não tem escolha a não ser operar
sorrateiramente para nos ensinar as suas lições e mudar as nossas atitudes e os
nossos valores neste domínio. Durante este trânsito, motivados
inconscientemente por Neptuno, organizaremos sem darmos conta circunstâncias
que nos levarão a perder algo ao qual estamos apegados... especialmente
dinheiro ou propriedades. Esquecemo-nos de fechar bem a janela do quarto de
banho ou trancar a porta dos fundos e nos deixamos convencer da conveniência de
participar em investimentos e projetos imprudentes. Há algo em nós que busca
redimir-se renunciando aos nossos apegos e descobrindo o Eu que permanece
quando tudo o mais nos foi tirado.
À medida que Neptuno transita pela Casa 2, o que valorizamos vai mudando.
E quando os nossos valores mudam, mudam também as opções que fazemos na vida.
Carolina (cliente) é um bom exemplo. Durante este trânsito, ela decidiu deixar
o seu emprego de secretária, altamente remunerado, numa empresa e aceitar uma
redução considerável no seu salário para trabalhar noutra firma em cujos
produtos ela confiava mais. O dinheiro sempre foi importante para ela, mas
nesse momento os seus valores mudaram: preferiu trabalhar por algo que
considerava valioso.
Quando Neptuno entrou na Casa 2 de Miguel (cliente), ele abriu mão da
segurança de seu trabalho como programador para fazer algo que sempre sonhou:
um curso de formação de atores. De acordo com a natureza de Neptuno, tanto
Miguel como Carolina fizeram sacrifícios financeiros para seguir um caminho que
lhes permitisse sentirem-se mais realizados.
Em certos casos, este trânsito manifesta-se de maneira muito concreta,
ou seja, ganhamos a vida com um tipo de trabalho de natureza
"neptuniana": como atores, modelos, pintores ou poetas, ou dedicando-nos
à dança, moda, fotografia, artes de cura, venda de álcool ou outras drogas,
etc. Também profissões tão variadas como a de padre, químico e marinha mercante
podem ser relacionadas a um trânsito de Neptuno pela Casa 2.
ASPETO
POSITIVO:
Durante
este tempo, os seus valores mudarão tremendamente. É provável que o dinheiro e
as posses como fonte de segurança sejam muito menos importantes para si, e pode
começar a tornar-se bastante despreocupado ou completamente desinteressado em
questões financeiras. É provável que as desilusões na área dos bens materiais,
investimentos e finanças, o levem a uma revisão completa no sentido do que é
importante. Com o tempo, é provável que tenha como resultado mais desapego e
menos ansiedade em relação ao dinheiro.
Cuidado
com esquemas de enriquecimento rápido, advogados trapaceiros e aqueles que
prometem uma riqueza fácil. A ganância da sua parte pode ser-lhe muito custosa,
tanto monetariamente quanto em termos da sua autoestima.
Este
trânsito coloca-nos a seguinte questão: Como vou utilizar, e com que objetivo,
a minha situação material e as minhas convicções espirituais? Neptuno
proporciona aos materialistas uma aguda consciência das suas necessidades. Ele
dá-lhes a intuição necessária para administrar criteriosamente os seus bens
morais e espirituais. Durante este trânsito podemos gozar de uma sorte
extraordinária.
ASPETO
NEGATIVO:
Temos
uma tendência a superestimar os nossos meios. As nossas relações com o dinheiro
são um tanto confusas. Evitemos as especulações, as ofertas duvidosas que podem
converter-se em fraudes. Não deixemos que ninguém se encarregue de nós.
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