sábado, 12 de julho de 2014

A CASA 10 E O MEIO-CÉU



O MEIO-CÉU
Crescer e amadurecer são por vezes sinónimos de conquista e realização dos sonhos e objetivos que vislumbrámos. Este processo é simbolizado pelo signo do Meio-Céu, a posição do seu regente e dos planetas que se encontram na Casa 10. Embora o signo do Meio-Céu não seja sempre evidente de uma forma externa, constitui uma parte importante do Mapa Natal, porque descreve a manifestação e o desenvolvimento da vocação do indivíduo e a sua posição no mundo.
Enquanto somos jovens, geralmente não nos identificamos com a energia representada pelo signo do nosso MC, a menos que neste signo se encontrem também um ou vários planetas pessoais. O Meio-Céu simboliza as características para as quais avançamos espontaneamente à medida que nos vamos tornando maiores, no entanto, para chegar a elas devemos esforçarmo-nos. O MC representa conquista, autoridade, o nosso potencial de contribuição social e a nossa vocação ou ocupação. Conseguimos a nossa realização aprendendo a expressar a energia representada pelo signo do nosso Meio-Céu.

O PLANETA REGENTE DO MEIO-CÉU
O planeta regente  do signo em que se encontra o MC não só é importante devido ao seu significado simbólico em geral, mas também, porque a casa que ocupa esse planeta quase sempre mostra onde a sua verdadeira vocação é o foco mais claro. Esta casa representa um campo de experiência que se sente como a vocação autêntica da pessoa a um nível muito profundo. Se o MC de um indivíduo tem um regente tradicional e um regente moderno, pode ser importante a posição de ambos nas casas. No entanto, o signo que ocupe o regente tradicional é normalmente mais importante que o do regente moderno.

PLANETAS NA CASA 10 E ASPETOS QUE FORMA O MEIO-CÉU
Os planetas na Casa 10 e sobretudo os que estão em conjunção com o MC (são considerados os que estão também no final da casa 9 com orbe 5º +-) representam maneiras de ser, características e tipos de atividade que são extremamente importantes para o indivíduo e que este respeita. Devido a este senso de respeito, a pessoa tende a mostrar essas características ou a expressar publicamente essas energias para que os outros pensem bem dela.
Os outros aspetos que forma o MC têm um efeito praticamente igual que o da conjunção. O tipo de aspeto é muito menos importante que o planeta concreto que intervenha no dito aspeto e na exatidão deste. Do ponto de vista tradicional os aspetos formados pelo MC estão correlacionados com a autoexpressão pública, a profissão e os objetivos vocacionais do indivíduo. Qualquer planeta em aspeto com o MC indica um tipo de energia e orientação que são essenciais para que a pessoa assuma o seu papel no mundo e também serem úteis na sua contribuição para a sociedade.
Por exemplo, se Vénus está em aspeto com o MC, para o indivíduo é importante contribuir para a sociedade com algo artístico e belo. É provável que as interações de pessoa para pessoa sejam muito importantes para ele e também que se preocupe por dar uma contribuição louvável e cooperativa para a sociedade.
Outros exemplos:
Nas cartas de 3 editores que me vieram de repente à mente, Júpiter forma um aspeto quase exato com o MC nas três: Conjunção numa delas e sextil nas outras duas. Tradicionalmente, Júpiter é o planeta das publicações.

O MEIO-CÉU E A CASA 10
O que a casa 9 prevê, a Casa 10 traz à Terra. Nos sistemas de divisão de casas por quadrantes, o Meio-Céu - o grau da elítica que atinge o seu ponto mais alto no meridiano dum lugar qualquer - assinala a cúspide da casa 10. O MC é o ponto mais elevado do Mapa Natal e, simbolicamente falando, os posicionamentos que aqui haja destacam-se por cima de todos os outros no horóscopo. As qualidades de qualquer signo ou planeta que se encontre nesta posição correspondem àquilo que em nós é mais visível e acessível aos outros, o qual se "destaca" em nós. Enquanto que o IC e a casa 4 (a casa oposta) representam como somos em privado, e como nos conduzimos em casa, na nossa intimidade, o MC e a casa 10 (naturalmente associada com Saturno e com Capricórnio) indicam a nossa maneira de nos comportarmos publicamente, a imagem que queremos apresentar ao mundo, o tipo de roupa que vestimos para sair. Liz Greene diz que o MC e a casa 10 são a nossa "taquigrafia social" a forma em que mais gostaríamos que os outros nos vissem e a descrição que lhes damos de nós mesmos.
De acordo com a  elevada posição do MC, os posicionamentos deste setor do mapa sugerem aquelas qualidades pelas quais queremos que nos admirem, nos elogiem, nos tomem como modelo e nos respeitem. Pelos signos e planetas que aqui se encontram esperamos alcançar realizações, honras e reconhecimento. Os posicionamentos na casa 10 indicam aquilo pelo que mais gostaríamos que nos recordassem como a nossa contribuição ao   mundo. É a casa da ambição por trás da qual estão escondidas e aprisionadas, a compulsão e a urgência de ser apreciado e reconhecido. Os antigos gregos acreditavam que se um realizava um ato verdadeiramente nobre ou heroico, a sua recompensa era ser convertido numa constelação no céu, para que todos o vissem por toda a eternidade. Para além do reconhecimento que nos proporciona o fato de sermos famosos, significa que viveremos eternamente na memória das pessoas. Para o ego isolado na sua própria finitude e tão temeroso dela, esta ideia é muito tranquilizadora.
A natureza da nossa contribuição à sociedade, o mesmo que o nosso status e lugar no mundo manifestam-se no signo que ocupa o MC, nos planetas que há na casa 10 e, como o sugerem os estudos de Gualquelim - "em qualquer planeta do lado da Casa 9" - Também o planeta que rege o signo no MC e sua posição por signo, casa e aspeto, derramam luz sobre a carreira e a vocação. No entanto, também outros setores da carta (tais como a casa 6, a casa 2 e os aspetos do Sol, etc.) têm considerável influencia sobre o problema da profissão, e a carta astral deve ser cuidadosamente avaliada na sua totalidade para poder aconselhar con sensatez neste aspeto.
Nalguns casos é possível que os signos e planetas na casa 10 e no MC do lado da casa 9 descrevam literalmente a  natureza da carreira do indivíduo. Por exemplo, Saturno nesta posição poderá indicar um professor, um juiz ou um cientista; Júpiter, um filósofo, ator ou agente de viagens, e a Lua, uma pessoa dedicada profissionalmente ao cuidado das crianças. O famoso escritor alemão Thomas Mann tinha o comunicativo signo de Gémeos no MC e Mercúrio na casa 10. Franz Schubert, o compositor austríaco, tinha o MC em Peixes, signo musical, e o seu regente Neptuno, na casa 5, a casa da expressão criadora.
No entanto, é mais seguro supor que as posições próximas do MC e na casa 10 não sugerem tanto a profissão real mas sim como a forma de uma pessoa enfrentar a sua carreira, de que maneira conduz e organiza o trabalho. Será mais provável que cumpra com a letra estrita da lei o juiz que tenha Saturno na Casa 10, enquanto que quem tenha ali Úrano terá tendência a uma leitura mais individualista, menos convencional e talvez, para outros, escandalosa.
O tipo de energia que exibimos ou com que tropeçamos para ir atrás de uma vocação, relaciona-se também com os posicionamentos na casa 10. Quem tenha ali Saturno ou Capricórnio esforçar-se-á larga e pacientemente por chegar ao alto; Marte ou Carneiro são agressivos e impacientes nesta esfera da vida, no entanto, Neptuno ou Peixes, podem estar desorientados ou confusos quanto ao seu papel na sociedade.
A casa 10 poderá descrever também o que representamos e simbolizamos para os outros. Marte, poderemos vê-lo como um fanfarrão, mas também como o pináculo da coragem e de força; Neptuno, pode ser um santo ou um mártir, ou uma vítima por vezes, e Vénus poderá simbolizar a quinta-essência do estilo, o gosto ou a beleza.
Assim como a casa 4 é associa com o pai, a casa 10 é atribuída à mãe. No começo da vida, ela é para nós o mundo inteiro. Os primeiros modelos de vínculo, os estabelecidos com ela, refletir-se-ão mais tarde na vida e na forma em como nos relacionamos com o mundo exterior em geral. Por outras palavras: a natureza do que sucede entre mãe e filho (tal como o mostram o MC e os posicionamentos na casa 10) volta a emergir numa etapa posterior do desenvolvimento, como a nossa maneira peculiar de nos conectarmos com a sociedade e o mundo "de fora" na sua totalidade. A quem encontrou na mãe rasgos ameaçadores e potencialmente destrutivos (como poderia sugeri-lo um Plutão com aspetos difíceis na casa 10), o mundo parecer-lhe-á mais tarde um lugar pouco seguro, do qual, tentará defender-se. Se a mãe foi um ser afetuoso e capaz de brindar apoio (como podem mostrá-lo os posicionamentos nesta casa), o indivíduo levará consigo a expectativa de que o mundo o tratará de forma similar.
Se associamos a casa 10 tanto com a mãe (ou com aquele dos pais que influencia mais sobre a criança) como com a carreira, então a escolha vocacional pode estar de alguma maneira influenciada pela experiência que tenhamos dessa figura parental. Por exemplo, se Marte está na casa 10, é provável que a mãe tenha impressionado a criança como dominante e autoafirmativa. A criança guarda, portanto, contra ela ressentimento e raiva e cresce com o desejo de alcançar uma posição de poder e de autonomia capaz de impedir que a dominem e maltratem como aconteceu no início da sua vida. A situação de combate com a mãe configura um modelo de situação de combate com o mundo. Mas às vezes o fator subjacente na escolha da profissão é o desejo de conquistar o amor da mãe (com o qual asseguramos a sobrevivência). Por exemplo, se Mercúrio está na casa 10, é provável que a criança tenha "vivido" a mãe como expressiva e inteligente. Como sente então, que essas são as características que valoriza e aprecia a sua mãe, esforça-se para ganhar o amor e o apoio dela cultivando-as em si mesmo. Estabelece-se a expectativa que ao destacar-se desta maneira se alcança o reconhecimento, e consequentemente, em etapas posteriores da vida o indivíduo procurará uma carreira que ponha em primeiro plano as qualidades mercurianas.
Nalguns casos pode ser a competência referenciada através da mãe o que nos acicata na direção de certa carreira. Se Vénus está na casa 10, existe a probabilidade de que a mãe tenha sido percebida como bela e fascinante; em certo sentido, Vénus foi projetada sobre a mãe. Com o fim de recuperar as suas próprias qualidades venusianas, é provável que a criança procure mais adiante uma profissão em que possa sentir que a admiram pela sua beleza, a sua elegância ou o seu bom gosto.
Na sua expressão mais simples a casa 10 descreve aquelas qualidades da mãe (ou de qualquer dos pais) que existem também em nós, gostemos ou não. O problema complica-se, no entanto, pela possibilidade dos posicionamentos na casa 10 denotarem com frequência aspetos da personalidade da mãe que " não foram vividos", ou seja, atributos ou características que ela não expressou nem representou conscientemente durante os anos de crescimento da criança.
É provável que os planetas e signos nesta casa descrevam como o indivíduo teria gostado ser a mãe se fosse permitida a oportunidade. Uma criança que seja extremamente sensível â psique materna e às tendências ocultas na atmosfera caseira, não só será recetiva ao que a mãe manifeste exteriormente, mas também ao que ela esteja negando ou suprimindo. Deste modo, a criança pode ver-se levada a viver por ela o aspeto de sombra da mãe, como se ao fazê-lo assim pudesse integrá-la mais e redimi-la. Por exemplo, a mãe de uma criança que tenha Úrano na casa 10, pode ter parecido exteriormente muito convencional, rígida e reprimida, enquanto que sob a superfície se ocultavam sentimentos explosivos e um desejo, de espaço de liberdade e de romper com tudo. De alguma forma, estes aspetos uranianos não expressados comunicam-se à criança, que cresce com a compulsão de representar precisamente aquelas qualidades que a mãe não se permitiu manifestar.
A localização de muitos planetas na casa 10, geralmente sugere alguém ambicioso e ansioso para o reconhecimento, status e prestígio. Normalmente aos homens é-lhes permitido mais do que às mulheres ir atrás da satisfação dessas necessidades.
Para uma mulher com a casa 10 forte, pode ser mais fácil procurar como parceiro um homem que seja poderoso ou famoso e por intermédio dele, "importar", para ela uma posição no mundo. Pode até ser ela que o impulsione à fama e à procura de prestígio. Mas, em última análise, pode ressentir-se de que seja o marido e não ela quem colhe os aplausos e é provável que, conscientemente ou não, encontre formas de castigá-lo por isso.
Da mesma maneira, pode ser que um dos pais, ou ambos, se tiverem uma casa 10 forte cujas necessidades de realização e de reconhecimento não chegaram a concretizar-se, passem essas necessidades sobre um filho. É provável que algumas crianças colaborem com a projeção, embora outras talvez se rebelem contra ela e, com frequência, terminem sendo exatamente o contrário do que o ou os pais esperavam.
A casa 10 estende-se para além da mãe (ou pai conforme o caso), para designar a nossa relação com as figuras da autoridade em geral. É frequenta que numa época mais tardia os primeiros sentimentos de raiva e rejeição ao ver-se ignorada, ou mal tratada por o adulto em função de pai terminem por distorcer a realidade das interações com outros símbolos de poder. É provável que a causa do revolucionário seja verdadeira e justa, mas o estilo, a forma ou a intensidade com que abraça as suas convicções pode pôr em evidência, a partir de um ponto de vista reducionista; contaminação de situações anteriores geradas a partir do esquema dos pais. Com isto não se pretende diminuir nem julgar aqueles que se opõem ao que está errado na sociedade, mas adverti-los que é sensato prestar atenção à casa 10 e às suas implicações psicológicas. Deferir um murro na cabeça do chefe ou bombardear com ovos o primeiro ministro é uma forma de canalizar a "criança colérica" que todos temos dentro de nós, mas talvez não seja esta a forma mais eficaz de promover mudanças, até mesmo as mais necessárias.
Na sua posição no mais alto da carta natal, a casa 10 significa a realização e o cumprimento da personalidade individual através da satisfação pessoal obtida ao aproveitarmos as nossas capacidades e talentos para servir a sociedade e influir sobre ela. Há ainda aqueles que podem muito bem ganhar elogios e reconhecimento públicos do seu valor e dignidade.
Desde a casa 1 à casa 10 já se percorreu um longo caminho. Na casa 1 nem sequer tínhamos consciência de nós mesmos como entidades separadas; ainda não nos dávamos conta da nossa própria existência individual. No entanto, quando chegamos à casa 10 já evoluímos o suficiente, não só para ter um sentimento mais sólido e concreto de quem somos, mas também para conseguir que nos estimem por isso.



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