sábado, 25 de janeiro de 2014

CASA 9




Esta casa está relacionada com Júpiter e Sagitário

A casa 8 implica invariavelmente certo grau de dor; crise e sofrimento. É de esperar que, ao sobreviver a estas épocas difíceis, saímos delas renovados, purificados e conhecendo-nos melhor e à vida em geral. Depois de termos descido às profundezas e, de uma maneira ou de outra, termos voltado a sair, chegamos a um ponto de vista superior que nos permite conceber a vida como uma viagem e como um processo de desenvolvimento. A Casa 9, de Fogo, associada naturalmente com Júpiter e com Sagitário, segue à das águas turbulentas da Casa 8 e oferece-nos uma perspetiva mais ampla de tudo o que nos aconteceu até agora. Já se recolheu a experiência suficiente para tentar formular algumas conclusões referentes ao significado e ao propósito da nossa viagem.
A Casa 9 é a área da Mapa Natal que se refere mais diretamente à filosofia e à religião, as zonas onde surgem os "porquês" da existência. É aqui onde procuramos a verdade e nos empenhamos em avaliar os modelos subjacentes e as leis básicas que regem a vida. Em certo sentido, o sofrimento padecido na Casa 8 empurra-nos nesta direção, porque a dor se suporta mais facilmente se pudermos vislumbrar algum propósito ao ter de suportá-la. Além disso, se o sofrimento é de alguma forma relacionado com o fato de não ter chegado a viver de acordo com as leis ou verdades da existência, então é provável que a descoberta dessas linhas de orientação, e o aderir a elas, diminuam a quota de dor que temos de suportar.
Nós, seres humanos, comportamo-nos como se necessitássemos de um significado. Temos uma clara necessidade de absolutos, de ideais firmes aos quais podemos aspirar e de preceitos que nos sirvam para orientar a nossa vida. Se falta o significado, tem-se com frequência a sensação que não temos nada por que viver, nada que esperar, nenhuma razão por nos esforçarmos por nada e nenhuma orientação na vida. Muitos psicólogos creem que grande parte das neuroses atuais se relacionam com a carência de significado ou propósito na vida.  Não importa que isto seja certo ou não:  o fato é que nos consola a crença de que "lá fora" há algo mais vasto, a convicção de que existe um padrão coerente e de que a cada um de nós lhe cabe desempenhar um determinado papel nesse modelo. Independentemente de que em última instância nos toque ir criando o nosso próprio sentido na vida, ou de que a nossa missão consista em ir descobrindo o plano e a intenção de Deus, o fato é que a busca de orientações e objetivos, assim como o sentimento de uma finalidade, constitui o núcleo essencial da Casa 9.
Esta casa representa o que se conhece como "a mente superior", é dizer, aquela parte da mente que se vincula com a faculdade de abstração e o processo intuitivo, por comparação com a mente concreta, tal como aparece na Casa 3. Mercúrio, o regente natural das Casas 3 e 6, é um compilador de fatos, enquanto que Júpiter - regente natural da Casa 9 - representa a capacidade de simbolização da psique, a tendência a imbuir de importância ou significado um fato ou determinado acontecimento. Na Casa 3 recolhem-se os fatos, mas as conclusões que deles se desprendem extraem-se na Casa 9: lá os fatos isolados são organizados dentro do marco referencial de uma visão mais ampla das coisas, ou são vistos como o resultado inevitável de princípios de organização superiores.
Enquanto as Casas 3 e 6 são análogas ao lado esquerdo do cérebro, que analisa, divide e classifica, os processos associados com a Casa 9 (e com a 12) correlacionam-se com a atividade do lado direito do cérebro, podendo este identificar uma forma que apenas seja sugerida por umas poucas linhas. Mentalmente, entrelaça os pontos para formar um desenho. Sintético e "totalitário", o lado direito do cérebro pensa em imagens, vê o todo e deteta modelos e diretrizes. Como disse Marilyn Ferguson, "O cérebro esquerdo tira fotografias, o direito vê filmes".
Na Casa 9 considera-se muitas vezes que os fatos ocultam em si uma mensagem. Júpiter ou Vénus nesta casa, por exemplo, pode dar a sensação de que tudo o que acontece ´em última instância é positivo e vantajoso para nós, como se estivesse operando uma Inteligência Superior benigna que guia a nossa evolução,
Saturno ou Capricórnio na Casa 9 poderão ter mais dificuldade em mostrar o significado de um acontecimento, ou interpretá-lo sob uma luz negativa. Albert Camus, o escritor e filósofo existencialista francês, tinha Saturno em Gémeos nesta casa; acreditava que os acontecimento não têm nenhum outro significado superior ou absoluto que aquele que nós mesmos lhe atribuímos.
Os posicionamentos na Casa 9 descrevem algo referente ao estilo em que abordamos as questões filosóficas e religiosas, e ainda o tipo de Deus que adoramos, ou a natureza da filosofia de vida que formulamos. Por exemplo, ter Mercúrio ou Gémeos na Casa 9 pode predispor o indivíduo a uma aproximação intelectual a Deus. No entanto, Neptuno e Peixes predispõem-no a uma procura da divindade através da devoção emocional e da entrega afetiva.
Marte sugere uma abordagem à atividade religiosa a partir do dogmatismo e de um espírito fanático, em comparação, Vénus, em assuntos como este exibirá uma maior flexibilidade e tolerância.
Os planetas e signos posicionados nesta Casa revelam também a imagem de Deus que terá o indivíduo: é provável que Saturno e Capricórnio formem a ideia de um Deus crítico, punitivo, duro e paternalista a quem se tem de obedecer a todo o custo. Por outro lado, Neptuno ou Peixes na Casa 9, tendem a ver um Deus de amor e compaixão, que se inclina à benevolência e ao perdão.
A Casa 3 rege o ambiente (o que nos cerca na nossa proximidade) e aquilo que se descobre explorando o  que está à mão. A Casa 9 descreve a perspetiva que obtemos ao dar um passo atrás para considerar a vida desde certa distância. Desta maneira, a Casa 9 está ligada com as viagens longas. "Viajar" pode referir-se literalmente, a deslocações a outros países e a outras culturas, ou pode entender-se mais simbolicamente, no sentido de viagens da mente ou do espírito, que tanto podem ser a maior amplitude de horizontes ganha por amplas e variadas leituras, como a penetração que se obtém graças à meditação e à reflexão cósmica. Entendido o conceito de maneira mais literal, através das viagens, e misturando-nos com pessoas formadas em diferentes tradições das nossas, ampliamos a nossas perspetiva de vida. É provável que o gosto e o estilo de algumas culturas nos atraiam mais umas que outras, mas de todas as maneiras, assim temos vislumbres de outras facetas das múltiplas possibilidades da vida e podemos compará-las com as nossas. Viajar permite-nos ver o mundo de uma perspetiva diferente. É possível que eu mantenha em Londres uma relação complicada que me gera sentimentos de confusão e incerteza; no entanto, quando viajo para S. Francisco e reflito sobre ela, a distância adicional de 9600 km ajuda-me de certo modo a entendê-la com mais claridade que quando a relação está em frente do meu nariz. O resumo de uma experiência na Casa 9 poderia ser a visão do Mundo que é concedida ao astronauta que regressa à atmosfera terrestre. Ali, diante dos olhos tem o quadro inteiro: o nosso Planeta visto como uma entidade em relação ao espaço sem limites. As preocupações comuns, banais e cotidianas assumem um proporção diferente depois de uma experiência assim.  John Glenn, o primeiro americano que esteve em órbita em volta da Terra, tinha Neptuno e Júpiter na Casa 9.
Os posicionamentos nesta casa designam os princípios arquetípicos com que nos deparamos nas nossas viagens, e até mesmo é possível que nos revelem algo sobre a natureza da cultura ou culturas para as quais nos sentimos atraídos. Por exemplo, Saturno na Casa 9 - pode experimentar dificuldades ou demoras nas viagens, ou viajar mais especificamente para um fim prático, como podem sê-lo o trabalho ou o estudo. Henry Kissinger, que foi embaixador norte-americano no estrangeiro durante o governo de Nixon, tem Capricórnio na cúspide da Casa 9 e o seu regente -Saturno- em Libra, o Signo da diplomacia.
Se Plutão ou Escorpião estão na Casa 9, é possível que noutro país nos sucedam experiências que nos transformem profundamente, ou que nos sintamos atraídos por um país que tenha Plutão ou Escorpião como elementos dominantes na sua carta nacional. O Almirante Richard Byrd, o primeiro homem que viveu sobre o Polo Norte, tinha nesta Casa o inovador Úrano.
Os posicionamentos nesta casa, indicam as relações com os sogros. Assim como a Casa 3 a partir do Ascendente descreve os nossos próprios familiares, a 3ª a partir do Descendente (a Casa 9) descreve os do (a) nosso (a) companheiro (a). Aqui se verá se as relações com eles são difíceis ou cordiais. É possível que um parente reflita um planeta que tenhamos  na Casa 9, ou que receba a projeção desse planeta. Algumas pessoas que têm Júpiter na Casa 9 veem o Universo num grão de areia, enquanto que outras o poderão perceber na sua sogra.
As viagens da mente descrevem-se na Casa 9, conhecida também como a casa da educação superior. Geralmente os posicionamentos que há nela expressam o campo de estudo escolhido ou a natureza da experiência universitária em geral. Por exemplo, é possível que Neptuno na Casa 9 centre os seus esforços em graduar-se em arte ou em música. Mas também, esse mesmo Neptuno, poderá indicar vacilações e confusão na escolha de matérias de estudo, ou desilusão e deceção durante a permanência na universidade.
Úrano pode rebelar-se contra os sistemas tradicionais de educação superior, ou estar empenhado em graduar-se nalgum campo de atividade novo ou excecional ou ser a primeira pessoa que consiga ingressar em Oxford aos sete anos (sobredotado).
A Casa 1 é "sou", enquanto que a oposta é a Casa 7, é "somos". A Casa 2 é "tenho" e a sua oposta, a Casa 8 é "temos". Da mesma maneira, a Casa 3 é "penso" e a Casa 9 "pensamos". A Casa 9 descreve as estruturas do pensamento que se codificam a um nível coletivo e que não somente incluem, como já mencionei, os sistemas religiosos, filosóficos e educativos, mas também os sistemas jurídicos e o corpo legislativo.
A Casa 7 corresponde aos tribunais inferiores, mas a Casa 9 representa os superiores: a lei suprema do país, que rege a ações do indivíduo dentro do contexto social mais amplo. Na Casa 3 aprendemos coisas sobre nós mesmos em relação com quem faz parte do nosso meio imediato, mas na Casa 9 acende-se o sentimento da nossa relação com o coletivo enquanto totalidade. A Casa 9 está associada com a profissão editorial, em que se disseminam ideias em grande escala.
Na Casa 3 examinamos o que está imediata e diretamente frente a nós, na Casa 9, vislumbramos aquilo que não só está mais afastado mas também por "suceder". Os posicionamentos fortes nesta casa conferem um grau pouco comum de intuição e previsão: a capacidade de perceber em que direção se move algo ou alguém. A Casa 9 "sintoniza" com o pulso de uma situação, registando rapidamente as tendências e correntes na atmosfera. Júlio Verne, o autor de ciência-ficção tão notavelmente dotado para se antecipar a descobrimentos futuros, nasceu com Úrano na Casa 9. Por um lado, esta casa dá o profeta e o visionário, no entanto, por outro, indica o homem mais capaz para as relações públicas ou o promotor empenhado em abrir a outros perspetivas novas. As energias da Casa 9 podem expressar-se no agente de viagens que nos indica uma "justamente as férias que necessitamos", no empresário que nos informa confidencialmente sobre o mais recente e seguro investimento, no promotor da mais recente das tecnologias chegadas à cidade, que nos promete a iluminação instantânea num só fim de semana, e no treinador que com o seu hábil discurso levanta o ânimo da equipa antes do grande jogo; também é o aficionado das corridas que nos passa o dado do cavalo vencedor, ou o agente artístico, literário ou teatral que descobre o próximo grande talento.
Na Casa 8 escavamos no passado para desenterrar os restos da nossa natureza primordial e instintiva. Na Casa 9 olhamos para o futuro e o que ainda está para se desenrolar. De acordo com os planetas e signos que nela existam e os seus aspetos, podemos ver um futuro cheio de esperanças e de promessas novas, ou um pesadelo que se esconde ao virar da esquina, à espera de que sejamos suficientemente tolos para passar por aí.  Em qualquer dos casos poderá ser útil refletir sobre algo que observou Santa Catarina: que "todo o caminho para o céu é céu".







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